- Como é que é?! - Perguntou Hardu. - Por quem?
O goblin estava tão nervoso que nem conseguia pronunciar o nome direito. - Nerthos Rock... Rockgrim... Rockgnm... Ro...
- Tudo bem, já entendemos. - Disse Taenas que tinha se aproximado dos dois. - Mas, por que ele pagaria para nos roubar?
Galia se aproximou puxando o Zen inconsciente.
- Podemos conversar lá fora? - Ela pediu. - Preciso concertar o Zen e aqui eu não consigo.
O Goblin Tom começou a explicar. - Ah, sim. É que aqui na vila, temos um campo de força que anula os dons incomuns humanos, pois há muito tempo atrás...
- Lá fora! - Gritou Galia.
- Claro! - Respondeu o Goblin, que pegou a mochila com os pertences das crianças e começou a mostrar o caminho da saída. O grupo entrou na torre mais alta da vila, onde em seu interior havia apenas uma escada que subia até a superfície. Dava para ver a luz do sol bem acima, no centro do céu: era meio-dia. Após subirem a escada até o topo, Tom entregou a mochila à Hardu e começou a explicar:
- Nerthos tem uma parceria com o jovem pianista que vocês encontraram. Antigamente, à cerca de 300 anos atrás, o pianista trabalhava para Nerthos, até que um dia, quando o jovem tocava um longo piano de cauda, ele acabou errando a nota de uma canção. O rei, com extrema ira, demitiu o jovem e o mandou para bem longe de seu reino. Cerca de 50 anos depois, Nerthos e o pianista mandaram cartas entre si querendo restaurar sua amizade, e então, o jovem criou um encantamento que cada nota que ele tocasse, o rei escutaria. Assim, o pianista criou um código com o piano para conversar com Nerthos. Quando vocês foram até a sala do jovem, ele avisou ao rei que uma criança queria impedir uma guerra. Nerthos notou na hora que a guerra cuja criança desejava impedir era a que ele planejava. Então, mandou uma carta à vila mais próxima do pianista, que no caso é a nossa, que dizia: "Pagarei 500 verums ao primeiro que assaltar uma criança que se aproxima do meu reino" Nerthos queria atrasar vocês, pois desse jeito vocês não conseguiriam chegar ao seu reino dentro do prazo. Quando eu vi essa carta, eu pensei: "Que ótima oportunidade de lucrar! Posso ganhar o dinheiro de recompensa e depois o preço dos itens que eu roubar!" Depois disso, eu saí de casa e esperei uma criança se aproximar, e o melhor aconteceu: vieram quatro, e todas muito cansadas! E daí eu pensei: "Poxa, quatro crianças que eu roubar, receberei 4 vezes mais dinheiro!" Então fui logo roubando tudo que vocês tinham e deixei apenas um bilhete para vocês reconhecerem meu talento de roubar pessoas. Então, eu escrevi uma carta para Nerthos dizendo que eu consegui roubar quatro crianças que se aproximavam de seu reino, com uma fotografia minha de eu ao lado da mochila transbordante. Algumas horas depois, recebi 2.000 verums do rei, que é o preço que aqui na vila se poderia comprar 5 pôneis! E no dia seguinte, quando já leiloava o que eu tinha roubado, vocês chegaram na vila e tomaram tudo de volta. Fim.
Tom respirou fundo e soltou diversas vezes. Ele tinha perdido o fôlego com essa história. Zen, que já foi curado por Galia, comentou:
- Credo! Você fala demais!
- Mas então, Nerthos e o pianista são deuses? - Perguntou Hardu. - Eles tem mais de 300 anos!
- Praticamente. - Respondeu o goblin. - É que um dia, à 750 anos atrás, Nerthos estava...
- Não precisa! Não precisa! - Interrompeu Galia. - Não conte mais uma longa história se não vamos passar dias aqui.
- Tudo bem... - Disse Tom.
Um momento silencioso permaneceu entre o grupo. Até que Taenas disse:
- Ok, Tom. Agora devemos continuar nossa viagem. Volte para sua vila e encontre seu amigos está bem?
- Está bem. Até logo! - Respondeu o goblin.
O quarteto pegou suas mochilas agora cheias e tiraram alguns biscoitos de lá, beliscaram alguns e continuaram a caminhar. Tom, que já descia as escadas da torre, falou consigo:
- Eu não tenho amigos...
Então, o pequeno ser orelhudo subiu as escadas e silenciosamente seguiu seus novos amigos. Enquanto isso, Taenas, Zen, Hardu e Galia já fizeram um bom avanço, pois a caminhada consistia em escalar uma alta montanha. Até que Taenas percebeu uma coisa e perguntou:
- Galia, porque você foi ao hospital daquela vila com o Zen? Ou também em outros momentos você parecia assustada.
Galia começou a andar mais rápido, mas mesmo assim, respondeu:
- É uma história meio longa. Vocês querem mesmo escutar?
- Sim, claro. - Disse Zen. - Se nós ficarmos caminhando não vamos perder tempo.
- Tudo bem. - Galia se preparava para contar a história. - Eu li na biblioteca de Kanary que há muitos anos atrás, os goblins assaltaram a nossa vila e roubaram metade do estoque. Eles podem ser fracos, mas estavam em maior quantidade. As imagens descreviam que casas de ambas as vilas foram incendiadas, pois a vila Kanary invadiu os goblins também. Essa guerra entre os povos durou meses, e alguns membros superiores planejam continuá-la. Foi por isso que Tom disse que sua vila tinha um campo de força que anula os nossos dons.
Depois de a história ser contada, Galia se calou e ficou na mesma velocidade que seus amigos.
- Bom, eu não achei tão longa quanto a história que Tom contou. - Disse Hardu.
- Que seja... - Respondeu Galia. - Podemos conversar sobre outros assunto por favor?- Claro! - Disse Taenas. - Vamos conversar sobre o próximo desafio, então. Façam suas apostas!
Zen apostou que eles iriam enfrentar o próprio Nerthos. Hardu apostou que enfrentariam um deus de fogo. Taenas apostou que enfrentariam algum ser de outra dimensão. Galia apostou que enfrentariam uma vendedora de perfumes venenosos. Tom apostou que enfrentariam um golem da montanha.
- Tom?! - Todos se assustaram e pararam de caminhar.
- Oi. - Ele respondeu.
- Mas... porque você está aqui?! - Perguntou Hardu.
- Ora, agora eu não posso nem caminhar com os meus amigos? Eu quero ir junto com vocês!
- Mas, você tem que ficar em sua vila! - Disse Galia. - Você pode se perder, Tom!
- Me perder? Fala sério! Vocês tem um mapa. Com um mapa tudo fica tranquilo.
Os amigos se entreolharam, até que Zen respondeu:
- Está bem. Fique de mãos dadas comigo, pois agora somos responsáveis por você.
Tom segurou as mãos de Zen e começou a andar. Ele saltitava e não parava de falar, até que dez minutos se passaram e ele disse:
- Eu estou cansado... já estamos chegando?
Todos olharam para ele.
- Cara, você que decidiu vir na nossa caminhada, e você devia saber que ela é longa! - Disse Galia.
Tom se sentiu culpado e olhou baixo. Então, Zen o puxou para cima e fez cavalinho. Quinze minutos depois, o goblin já dormia. O grupo parou para fazer uma pausa, admirando o sol poente. Taenas, então, fez um gesto de que queria alcançar a grande estrela, e disse:
- Estamos quase lá.
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Savior Souls I - A Ameaça de Nerthos
Fantasy⍟ Esse é o primeiríssimo livro que escrevi, portanto podem houver algumas falhas ou sei lá o que chamar essas coisas. Taenas mora na Vila Kanary, um lugar simples para repouso, com seus melhores amigos: Galia, Hardu e Zen. Porém, todos eles, por um...