Provavelmente, o grupo iria dormir ali mesmo, pois Tom já estava exausto e o sol já estava se pondo. Tiraram os sacos de dormir da mochila de Zen, até que tiveram um problema:
- Espere aí... - Disse o goblin. - Se nós temos só quatro sacos de dormir, onde a Galia vai dormir?
Todos olharam para Tom. Hardu tirou algumas roupas extras de sua mochila e enrolou o goblin com elas.
- Obrigado. - Tom respondeu. - Mas... vocês sabiam que as suas roupas estão fedendo? Quando foi a última vez que lavaram elas? Eu conheço uma lavanderia na vila que eu moro que lav... - Taenas cobriu a boca do goblin com a própria roupa que estava enrolado. Não aguentava mais tanta falação!
- Devemos dormir mais cedo. Assim, amanhã poderemos acordar de madrugada e então continuamos a nossa caminhada. - Sugeriu Galia. - Todos estão de acordo?
Todos disseram que sim, exceto Tom, que não entendia nada do que eles falavam: só conseguia pensar nos pôneis que poderia comprar com o dinheiro ganho. Taenas já montou a fogueira em que o grupo dormiria ao lado e deu boa noite à seus amigos.
No dia seguinte, os quatro humanos acordaram com a luz do nascer do sol em seus rostos, enchendo seus pulmões de determinação. Tom continuava a dormir, pois costumava acordar perto do horário do almoço. Alguém deveria levá-lo no colo. Todos olharam para Zen, pois ele tinha levado da última vez.
- Eu não. - Zen disse. - Agora é a vez de um de vocês!
O grupo permaneceu em silêncio, até que Galia disse: - Tudo bem... eu levo.
Hardu, Zen, Taenas e Galia guardaram seus pertences em suas mochilas. Galia foi esperta: ao envés de levar o goblin nos braços, ela o colocou em sua mochila com a pequena cabeça para fora. Após isso, eles continuaram a jornada. O caminho estava a cada hora ficando mais íngrime, então depois de quatro exaustivas horas, eles pararam para descansar.
- Eu estou com fome... - Disse Hardu. - Galia, você poderia ver na sua mochila o que temos para comer?
- Sim, claro! - Ela respondeu. Ao retirar sua mochila das costas, a menina acabou estranhando um fato: sua mochila estava mais leve do que costumava pesar. Até que ela reparou em outro fato: a cabeça de Tom não estava mais para fora de sua mochila. Galia mostrou a seus amigos sua leve mochila, o que iniciou uma discussão:
- Onde está o Tom? - Perguntou Taenas.
- Eu penso que ele caiu em alguma parte da estrada. - Disse Galia.
- Ou ele foi roubado... - Completou Hardu.
- Mas... por que alguém gostaria de roubar um goblin? - Disse Zen. - Temos que descartar essa ideia.
- Vamos ver se ele deixou algum bilhete na mochila! - Disse Taenas.
Galia abriu a mochila completamente. Toda a comida desapareceu. Apenas algumas migalhas sobravam no fundo da bagagem.
- O que vamos fazer?! - Disse Zen, entrando em desespero. - Não sabemos onde Tom foi parar, nem nossa comida... não nos resta muitas opções!
- Zen, nós não devemos entrar em pânico, devemos manter a calma. - Disse Galia, encostando sua mão nas costas do amigo.
Zen concordou e se acalmou. Olhou para Taenas, pois ela normalmente tinha boas ideias. Ela parecia pensativa, até que disse:
- Galia, você consegue acessar os pensamentos de Tom?
- Acho que sim... - Galia respondeu. - Isso se ele não estiver muito longe. Eu vou tentar.
A menina ruiva fechou os olhos e procurou algum sinal de Tom, até que ela sentiu seus sentimentos, e falou em voz alta ao grupo:
- Medo. Ele sente medo. É a única sensação que me veio.- Zen, você poderia criar um portal visual até ele? - Perguntou Taenas.
Zen criava o portal. Sentia um pouco de dificuldade, pois o goblin estava longe. Até que um pequeno buraco surgiu no ar: ele mostrava uma mulher alta de cabelos cor de rosa levando um grande saco cheio em suas mãos para longe. Hardu pensou um pouco e tomou uma conclusão:
- Tom foi raptado!
- Hardu, rápido, nos leve a essa mulher! - Gritou Taenas.
Hardu gerou as bolas de luz verde e as jogou contra o chão. Elas apontaram para uma trilha, e o quarteto logo foi atrás. Zen corria tão rápido que logo viu a mulher entrando em um pequeno mercado no meio da floresta.
- Vamos! Não podemos perdê-la! - Disse Zen, puxando seus amigos.
Galia conseguiu alcançar Zen e viu o mercado. Achou um pouco suspeito: por que teria um mercado logo no meio da floresta? Hardu e Taenas vieram logo depois.
- Eu vou entrar lá. - Disse Hardu apontando para o mercado. - Estou nem aí se é perigoso! Estamos sem comida, então vamos a esse mercado para comprar mais! - Hardu caminhou até a entrada da loja e esperou seus amigos, que vieram atrás dele. Ao entrar no mercado, o grupo todo tossiu. Parecia ter muito pó na entrada. Taenas, então, avistou uma moça de camisa e chapéu azul dentro da loja. Ela parecia ser a única a trabalhar lá.
- Olá! - Disse Taenas a moça. - Estávamos procurando uma mulher de cabelos cor de rosa que entrou por aqui. A senhora viu algo suspeito?
A moça demorou um pouco para responder: - Não! Não, não vi não! É melhor tomar cuidado com essas pessoas por aí, pois algumas podem ser perigosas...
Um breve silêncio permaneceu entre o grupo. Hardu e Zen desviaram a vendedora e foram logo para a prateleira de comidas: estavam famintos. As outras duas seguiram os meninos, mas Galia estava mais atrás, pois algo a deixou zonza e queria mexer com sua própria mente para parar a tontura. Feito isso, acelerou o passo e se juntou aos seus amigos. Hardu e Zen estavam um pouco decepcionados, pois tudo na prateleira de comidas estava podre e abandonado. Então eles chamaram a vendedora, que veio imediatamente falar com os meninos.
- Com licença, mas por que a qualidade de seus produtos é assim? - Perguntou Zen, apontando seu dedo para um pacote de salgadinho infestado de ratos. - Você teria algo limpo e novo em algum lugar do supermercado?
A moça ficou sem palavras. Galia, que analisava alguns marshmallows no chão, se virou e olhou para a trabalhadora, esperando alguma resposta. Só que, então, Galia percebeu que a mesma mulher que roubou Tom estava em sua frente, e seus amigos a olhavam como se fosse uma trabalhadora pois foram envenenados com o perfume que estava na entrada do mercado.
- Gente, é ela! - Gritou Galia. - Ela é quem roubou o Tom!
Todos olharam para Galia e em seguida para a trabalhadora, que agora o quarteto todo a via como uma ladra. A mulher correu para longe com o susto, mas as crianças não pararam.
- Devolva o nosso goblin, moça de cabelos rosa! - Gritou Taenas.
- Não me chame assim! - Gritou a moça envergonhada, ainda correndo. - Eu sou Philyra, e não sirvo para isso!
Todos pararam de correr.
- Não serve pra quê? - Perguntou Zen com um tom de curiosidade.
A moça respondeu com a voz baixa: - Para atrasar crianças... Nerthos disse que me pagaria se conseguisse. O bom foi que eu fui a primeira que ele procurou para atrasá-los! Ele deve confiar muito em m...
- Não, pode esquecer... - Interrompeu Hardu. - O primeiro grupo que ele procurou foram os goblins.
- O que?! - Ela gritou.
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Savior Souls I - A Ameaça de Nerthos
Fantasi⍟ Esse é o primeiríssimo livro que escrevi, portanto podem houver algumas falhas ou sei lá o que chamar essas coisas. Taenas mora na Vila Kanary, um lugar simples para repouso, com seus melhores amigos: Galia, Hardu e Zen. Porém, todos eles, por um...