Their Verdict of Vagaries • Tomarry

Reawakening

O dia amanheceu cinzento e chuvoso, mas isso fez pouco para tirar a beleza do mundo silencioso lá fora. Florestas escuras e enevoadas e montanhas rochosas se estendiam por quilômetros além das janelas finas, acompanhadas pelo som de ventos suaves. Harry e Tom haviam alugado uma casa de um bruxo que possuía muitas propriedades nesta pequena e reconhecidamente assustadora vila no norte da Índia. A estranha quietude do mundo lá fora e a falta de luz do sol não incomodaram Harry, entretanto. Ele estava descansando nos braços de Tom, olhando pelas janelas altas e se sentindo tão calmo que nada parecia real.

Harry desejou poder ficar assim para sempre. Tom também devia estar acordado, pois se movia a cada poucos minutos para se aproximar de Harry, cujo braço estava envolto em sua cintura de forma protetora, seu rosto acariciando o pescoço de Tom de vez em quando. Harry observou enquanto a brisa balançava as árvores escuras, um pássaro distante e não identificável pairando no alto da cena, observando a atividade das terras tranquilas abaixo. Eles assistiram enquanto o mundo avançava, sentindo-se sem idade.

Não havia como saber quanto tempo se passou antes que Tom mostrasse que estava acordado. Ele se virou na cama, encarando Harry e saudando-o com um sorriso cansado e contente. Ele beijou Harry uma vez, sua mão deslizando ao longo de seu peito nu, até suas costas para segurá-lo gentilmente. Tom continuou observando Harry com os olhos semicerrados deste ângulo, sorrindo gentilmente sempre que seu olhar se encontrava.

Passaram-se quatro meses desde que Harry e Tom deixaram a Inglaterra. Quanto mais tempo passava, mais frequentemente os dias começavam assim, com os dois não enfrentando problemas além do desejo de ficar perto um do outro. O coração de Harry estava acelerado, sua cabeça parecia leve com a beleza do mundo e de Tom nesta manhã escura e chuvosa. Ele estendeu a mão para tocar o rosto bonito e anguloso de Tom. Depois de todo o tempo que passou, depois de toda a magia da qual participaram, Harry achou Tom tão bonito agora quanto o havia encontrado no momento em que se conheceram.

Muito tempo se passou desde então, Harry refletiu. Muita coisa aconteceu, muita coisa mudou. Além de tudo isso, no entanto, seu coração permaneceu verdadeiro. Ele ainda se sentia perdido na admiração por Tom, cativado pelo tom de sua voz, encantado com cada movimento, cada sinal de afeto. A determinação e ambição de Tom eram admiráveis, para dizer o mínimo. Seus atos sutis de romance aumentaram o amor de Harry por ele, enquanto a necessidade de vê-lo feliz, a necessidade de compartilhar todas as experiências de vida com ele fez Harry se ligar a ele. O entristeceu saber o que ele deve fazer ...

"Você está bem?" Tom perguntou baixinho.

Harry focalizou seus olhos novamente, tirando seu olhar da mão no pescoço de Tom. Ele tentou organizar sua expressão em uma que fosse cansada e feliz, se não completamente ilegível. Tudo o que ele pôde fazer foi acenar tranquilizadoramente.

"Eu sonhei com você", disse Tom então suavemente.

"Você fez?"

"Sim." Seu sorriso se alargou com o pensamento. "Não era muito diferente da vida desperta, honestamente ... mas isso é o que há de mais charmoso. Cada minuto, cada hora com você é como um sonho, para mim ..."

Isso fez Harry sorrir também. Ele se aproximou um pouco mais de Tom.

"O que você sonhou?" Perguntou Tom.

Harry se esforçou para conter o sorriso, mas seu coração estava afundando. Ele percebeu que não poderia contar a Tom o que ele havia sonhado. Havia momentos em que ele acordava em pânico e apavorado na calada da noite, incapaz de respirar, incapaz de ficar deitado trêmulo, esperando não acordar Tom. Sua garganta queimaria com a tristeza reprimida, seus pulmões doíam por mais fôlego para que ele lhes negasse o ar, com medo de deixar seus sentimentos livres. Esta noite não tinha sido uma daquelas noites, mas ele tinha sonhado mal mesmo assim. Ele tinha sonhado com seus velhos amigos.