Prólogo

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Quando eu nasci, meus pais me deram todo amor e carinho existente no mundo, algo que me dão até hoje. Mas durante certa fase da minha vida, principalmente na infância, eles foram os únicos que me deram apoio e conforto. Quando eu tinha cinco anos, conheci Park Jimin. O garoto de bochechas fofinhas, um sorriso que fazia os olhos se tornarem dois risquinhos e as mãozinhas pequenas, me fazia sentir coisas inexplicáveis, mas a principal delas é que ele fazia com que eu me sentisse especial, e feliz.

Jimin conversava comigo, mas todos os dias ia embora para casa frustrado por seu amiguinho dois anos mais novo não o responder nunca. Ele chegou a perguntar se o gato comeu minha língua, mas eu não conseguia responder. Pedi para minha mãe me ajudar, eu precisava me comunicar. Por isso ela me colocou em uma turma de Linguagem de Sinais para crianças e, após conversar com a mãe de Jimin, colocaram também meu amiguinho.

Após uns dois meses já sabíamos pelo menos o básico e Jimin conversava comigo por meio da Linguagem de Sinais achando aquilo interessante. Foi então que eu consegui me comunicar com ele para poder expressar o que desde o início eu tentava.

"Eu não posso falar, só ouvir."

Ele pareceu não entender. Eu também não entendia naquela época, sendo honesto até hoje não entendo. Meus pais disseram que simplesmente nasci ouvindo, porém sem conseguir falar. A voz me faz falta? Sim, mas poderia ser muito pior. E quando o meu amiguinho de infância me olhou e sorriu, eu senti que tinha mais alguém fora da minha família com quem poderia contar.

Ele prometeu que continuaria ao meu lado independente do que acontecesse, disse que não se importava com o meu silêncio. E nós seguimos sendo amigos até hoje.

Agora eu estou com dezessete anos, ele está com dezenove. Recentemente entrou na faculdade, está fazendo algo relacionado à dança, enquanto eu ainda estou terminando meu ensino médio. Jimin continua morando ao lado da minha casa e sempre vem até minha residência quando eu chego do colégio, afinal é o horário que ele chega da faculdade também.

"Kookie!" Ouvi aquela voz que eu conhecia de cor e salteado e me virei na cama.

Não tinha ido para o colégio, porque caí na escada enquanto a descia correndo e acabei quebrando meu pé. Que maravilha, não? Faz dois dias, e desde então estou recebendo comida e fazendo tudo no meu quarto. Mas o melhor é a companhia do meu melhor amigo, que vem me animar antes e depois de suas aulas, sempre me trazendo algum doce para dividirmos após comermos juntos.

"Oi." Sinalizei com a boca para ele, querendo muito poder emitir algum som.

"Como você está?" Algo que me fazia admirar Jimin ainda mais, era o fato de que mesmo sabendo que eu podia ouvi-lo, ele ainda fazia questão de falar em Linguagem de Sinais comigo. "Melhorou o pé?"

"Meu pé ainda dói, igual pela manhã." Fiz sinal para ele, fazendo também um biquinho com os lábios. "Mas eu estou bem. E você?"

"Estou bem, apenas um pouco cansado. Posso deitar com você?" Assenti com a cabeça enquanto ele já retirava seus calçados e se atirava ao meu lado.

"Posso pedir uma coisa?" Ele assentiu. "Canta para mim?"

"Acho que alguém está carente." Ele deitou e me puxou para que eu me escorasse nele, algo que rapidamente fiz.

Eu não estava carente, apenas senti falta da voz dele. Fiquei o dia inteiro sozinho, minha mãe só esteve em casa para fazer o meu almoço e logo voltou para o trabalho junto com meu pai. E eu queria Jimin ali comigo, agora que o tinha precisava aproveitar. Logo ele começou a cantarolar a mesma música que cantava desde que eu era pequeno.

"Vows are spoken, to be broken, feelings are intense, words are trivial, pleasures remain, so does the pain, words are meaningless, and forgettable (Promessas são feitas, para serem quebradas, sentimentos são intensos, palavras são insignificantes, os prazeres ficam, a dor também, palavras não têm significado, e são esquecíveis)..." Ouvir sua voz me fazia tão bem. Era como se Jimin fosse a cura para a minha dor. "All I ever wanted, all I ever needed, is here in my arms, words are very, unnecessary, they can only do harm (Tudo o que eu sempre quis, tudo de que sempre precisei, está aqui nos meus braços, palavras são muito desnecessárias, elas apenas causam feridas)."

Quando ele parou de cantar, sorri, me aconchegando melhor em seus braços, apenas aproveitando a carícia boa que ele fazia e o conforto de seus braços. Para alguém que estava sempre em silêncio, sentir-se amado parecia uma tarefa difícil, mas com Jimin eu me sinto assim, me sinto amado, feliz e completo.

Com ele eu consigo aproveitar o silêncio ao invés de odiá-lo.

Porque era Jimin ali comigo. E só por isso eu já me sentia feliz.

Como diz na música, tudo o que eu sempre quis e precisei está aqui em meus braços. Eu não preciso de mais nada. Só dele.


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Olá, amores, tudo bem?

Repostando uma short-fic que eu amo muito, de um tema que também gosto muito, e espero de coração que gostem. Temos um total de dez capítulos e estarei postando um por domingo (hoje saiu segunda por problemas técnicos, hihi).

Espero que gostem ♥

Beijinhos e até domingo *u*

Enjoy The Silence | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora