A Terapeuta

A primeira sessão

Juliette e Rodolffo adentraram o consultório de Sarah. Eles estavam sentados na sala de espera branca, que possuía um sofá e mais duas poltronas pretas, além de uma mesa de centro com algumas revistas, a recepcionista avisou que eles logo seriam atendidos e ofereceu café e água.

Ela estava entediada e totalmente cética a respeito da consulta. Rodolffo parecia nervoso, ele esfregava muito as mãos de uma maneira que ela sabia que ele fazia quando estava hesitante.

Um casal com um homem e uma mulher que pareciam um pouco mais velhos que eles se retirou do lugar e Juliette se perguntou se eles eram jovens demais para estar ali.

A recepcionista Thais anunciou que eles podiam entrar no consultório.

O local estava vazio e eles estranharam mas talvez a psicóloga tivesse ido buscar alguma coisa então eles se sentaram nas duas poltronas de couro que ficavam de frente para outra poltrona, no local também havia uma mesa de escritório com um notebook aberto.

As poltronas ficavam localizadas de costas para a porta e Juliette não viu ela entrar.

Sarah havia saído para reabastecer a garrafa d'água que ela mantinha nas consultas, as vezes as pessoas se alteravam.

"Me desculpa não ter recebido vocês, eu fui pegar água"

Foi quando Juliette ouviu aquela voz que ela se perguntou se não estava delirando, ela reconheceria a voz de Sarah em qualquer lugar.

E pelo tom era possível perceber que ela estava sorrindo.

Juliette se levantou e se virou para ver o sorriso de Sarah morrer lentamente.

"Doutora Sarah Andrade."

Sarah se sentia mais nervosa a cada segundo como se o ar da sala houvesse sido roubado, ela não sabia o que fazer, parecia uma piada de mal gosto, Juliette era cruel, era louca?

Ela sabia que precisava dizer algo mas não lembrava o nome daquele homem, ela rapidamente pegou sua prancheta na mesa.

"Senhor e senhora Matthaus" Ela disse sem nenhuma expressão em sua voz, como se estivesse lendo, é claro que o destino faria isso com ela, ela deveria ter sabido quando leu Juliette, ela nunca encontrou outra Juliette por aí.

Rodolffo estendeu a mão para ela

"Rodolffo e essa é a Juliette"

Sarah cumprimentou os dois na cena mais estranha de sua vida onde ela precisava fingir que aquela mulher a dois metros de distância não tinha partido o coração dela.

Todos se sentaram em suas poltronas com o homem alheio a toda estranheza que se passava por ali, Juliette se sentia num pesadelo complexo daqueles que as pessoas acordam e procuram o significado na internet, porque era real demais para ser uma criação aleatória do inconsciente. Ela não conseguia manter contato visual com Sarah e sabia que devia estar se comportando de maneira muito estranha porque Rodolffo tomou as rédeas da situação.

"Nossos amigos Carla e Arthur nos indicaram a senhora, senhorita?"

"Ah sim, Carla e Arthur Picolli, como eles estão? Bom, meu nome é Sarah Andrade você pode me chamar de Doutora Sarah" Ela queria que Juliette a olhasse nos olhos mas ela mesma evitava olhar para a morena.

"Bem, muito bem, provavelmente por sua causa. Então, como a gente começa essas coisas?" Rodolffo queria que seus problemas fossem resolvidos o mais rápido possível.

"Que tal começar me contando porque vieram até aqui?" Sarah disse num tom totalmente neutro e profissional, era como se ela não soubesse quem era Juliette.