Sessão 3

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O horário comercial estava próximo do fim quando Juliette viu seu celular apitar com uma notificação.

Debruçada sobre um contrato ela já havia sublinhado três cláusulas que precisariam ser discutidas, e ele não estava sequer na metade.

Ela pegou o celular e resolveu ligar para a pessoa.

_Oi, amigo.

_Ju, você vem amanhã?

_Sim, eu... eu vou levar uma amiga.

_Ihhh, não sabia que você tinha outros amigos.

_Oxe, é claro que eu tenho outros amigos.

_Não, amigos que saibam dessa sua vidinha secreta.

Gil sussurrou num tom conspiratório.

_Eu não chamaria de vida secreta. Mas bem, a Sarah sabe mais que a maioria das pessoas.

_Entendi, Juliette... melhor eu perguntar logo... ela é sua amante?

_Por que todo mundo agora acha que eu tenho amante? Claro que não! Ela é minha terapeuta.

_Por que você sai a noite com a sua terapeuta?

_Gil, é uma longa história, longuíssima mesmo.

E Juliette não queria falar disso agora.

_Ok, Ju, mesmo horário de sempre. Adoro quando a estrela da casa vem. Era possível sentir o sorriso na voz de Gil.

Agora, a advogada sabia, viria a parte difícil.

Na noite seguinte ela parou o carro na frente do prédio de Sarah e não recebeu nenhum convite para entrar, a loira já a esperava no hall de entrada, ela vestia saltos pretos e um vestido verde de manga longa e botões que ia até o meio de suas coxas.

Ela acenou, abriu o portão e foi até o encontro de Juliette.

"Então, qual é a história?"

"Boa noite?"

"Que você disse para o Rodolffo pra estar aqui."

"Ah eu disse qualquer coisa, que eu vou jantar com uma amiga, pra ele não me esperar."

"hmm, ok. Então... nós podemos?"

Juliette dirigiu até um bar, que parecia possuir uma balada no segundo andar, o local era iluminado por luzes neon azuis e rosas e tinha um nome sugestivo.

"Você me trouxe... num bar?" Sarah não sabia o que esperar agora.

"Eu conheci esse lugar a dois anos atrás, eu não estava muito bem com o Rodolffo e pensei..."

"Pensou?"

"Pensei que eu talvez estivesse fazendo algo errado com a minha vida."

"Eu cheguei sozinha e me sentei no bar e fiquei olhando as pessoas, e uma mulher falou comigo."

Sarah agora tinha a sobrancelha erguida.

"E você ficou com ela?"

Juliette franziu as sobrancelhas.

"Não, Sarah, eu não fiquei com ela. Eu descobri que era a noite do microfone aberto e cantei uma música e depois outra até o bar fechar."

"Espera, seu segredo é que você... canta?" Sarah gargalhou, aliviada.

"Por que você está rindo?" Juliette corou.

"Nada, podiam ser muitas coisas dada minha experiência mas cantar e apenas cantar num bar LGBT é novidade."

A TerapeutaOnde histórias criam vida. Descubra agora