Três açucares. Preto

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— É segunda-feira e você sabe o que isso significa. – Jace disse enquanto desligava o motor da ambulância, e olhava para mim com expectativa.

Eu dei um tapinha no bolso da minha calça para ter certeza de que tinha minha carteira, e quando senti o contorno dela, eu balancei a cabeça. 

— Sim. Café extra forte chegando. – Quando abri a porta do passageiro, a mão de Jace pousou firmemente no meu braço, me parando antes que eu pudesse sair da ambulância, e olhei para ele por cima do ombro.

— Significa que você tem de parar de ser um covarde, Alec. É isso que significa.

Levantando minhas sobrancelhas, olhei ao redor, procurando por quem quer que fosse que Jace pensava que ele estava falando, e quando ele leu minha expressão interrogativa, ele bufou.

— Você está me chamando de covarde?

— Claro que estou.

— Eu não sou um covarde, e você sabe disso. – Eu respondi, balançando minha cabeça. 

Jace deu de ombros e soltou meu braço. 

— Então prove.

— Eu não posso fazer isso.

— Você pode. Você simplesmente não vai.

Sim, tanto faz, ele me pegou. Algo sempre me impedia de dizer mais do que olá para o cara de calça jeans justa, camisa de colarinho engomada e olhos puxados que via quase todas as manhãs, no corredor do café no Hunters Moon, e Jace nunca perdia a oportunidade de me irritar por causa disso. 

Eu nunca deveria ter contado a ele sobre minha paixão em primeiro lugar, mas ele era meu melhor amigo, e também meu parceiro de trabalho, o que significava que tendíamos a compartilhar esse tipo de coisas.

— Ele é hétero, Jace. Deixa pra lá, ta bom?

—Você não tem certeza disso.

—Confie em mim. Eu sei.

— Você perguntou a ele na última vez que o viu?

Revirando os olhos, ignorei sua pergunta e abri minha porta. 

— Você quer aquele café ou não?

— Quero. E quero que o convide para um encontro também.

— Jesus. – Eu murmurei, batendo a porta antes que ele pudesse fazer qualquer outro comentário. Eu podia ouvi-lo rindo atrás de mim. 

E com o canto do meu olho, eu vi o carro vermelho entrando em uma vaga de estacionamento, o que fez meu coração bater um pouco mais rápido. 

Era ridículo que eu sempre me perguntasse se eu o veria, já que dificilmente um dia de semana se passou em quatro meses, que eu não o vi.

Mas aquela vibração de antecipação ainda enviava uma emoção através de mim. Eu o via todas as manhãs por apenas alguns minutos, e era o destaque do meu dia.

Chega. Eu preciso ter minha maldita vida de volta.

Trabalhar em todos esses turnos extras para conseguir algum dinheiro durante as férias, tinha feito minhas atividades extracurriculares despencarem. Se eu não transasse logo, iria ficar louco e desesperado. Ou pior, dar em cima do Deus asiático hétero.

Não me esqueça (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora