d e z e s s e i s : parte dois

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Londres; 28 de julho; 10:37 da noite.

- Sim... Sou eu. – disse o patriarcal Foster.

- Aconteceu algo com a minha mãe? A Mia? – levantei, fiz um gesto de pausa às minhas amigas e me concentrei nele.

- Não. Elas estão bem. Regina e sua irmã.

- Ótimo. – ok, a ligação pode terminar por aqui, matutei. Mas antes... – Qual é o motivo de você estar falando comigo? Me desculpe a pergunta, é que não posso mentir de que estou espantada.

- Sei que tem algum tempo em que não nos falamos direit...

- Alguns anos você quis se referir, certo? Eu não sei o que é manter um diálogo com o senhor há muito tempo. Quando foi a última vez em que conversamos mesmo? Consegue se lembrar?

- Ang...

- Eu lembro. Páscoa de dois mil e dezoito. Isso tem dois anos, pai.

- Angela. Deixe de ser um pouco parecida comigo por um instante e tente escutar?

Tirei o celular do ouvido e obstruí meu resmungo com a mão que estava vazia. Acalmei Bea e Jade que se preocuparam ao verem minha reação, e regressei com o aparelho.

- Diga, Stefen.

- Sua mãe me entregou ontem que conversou com você por vídeo chamada, e consequentemente, me informou sobre o trabalho que fará para uma revista importante. Ela está bem animada e orgulhosa.

- Obrigada por reafirmar o que já sei. – esfriei ainda mais nossa conversação.

- Queria explicar que o meu intuito aqui é para também dizer que estou orgulhoso. De ontem para hoje foi difícil descansar, porque eu estava tentando planejar a melhor forma em declarar isso. Temos as nossas diferenças, e eu até admito não ter sido uma boa referência pra você.

- Pai, é... Eu não guardo rancor nenhum, sério. Acho até que quando o senhor subestimava os meus atos, os meus sonhos, acabava alimentando-os ao invés de diminui-los. A única coisa que está em jogo aqui é que mesmo passando por cima de toda essa opressão, eu não faço questão de ter uma relação entre pai e filha. Me perdoe. Agradeço pelo voto de positividade em relação a uma conquista minha, mas só, nada mais. – não achava que conseguiria garantir essas ideias de maneira tão sossegada.

- É uma pena que eu veja muito de você em mim. – emitiu uma opinião de preocupante coerência.

- Uhum. No entanto, saiba que eu comecei à lutar para tentar mudar este quadro.

- Que bom. – reconheceu com voz fraca.

- E sabe outra coisa, Stefen? Quero aproveitar para pedir que tente ser um pai de verdade à Mia, um pai que você não pôde ser a mim. – confessei. – Não deixe a minha mãe criar aquela criança sozinha.

- Eu vou tentar...

- Tudo bem. A Mia é maravilhosa, pai. Tenho certeza que valera a pena trocar uma reunião de negócios por uma tarde ao lado dela. E ah, não a compre com mimos, brinquedos. Conquiste-a. – não chore, Angel, não chore. – Agora se me der licença, eu preciso desligar.

- Ok. Tenha uma boa noite.

Marinho e Patel já estavam de pés ao meu lado quando larguei o telefone e recebi um abraço carinhoso e coletivo delas. Sim, não fui afortunada de afeto paterno, entretanto, ter quatro ombros amigos aqui ao invés de dois é indescritivelmente bom.

Londres; 6 de agosto; 8:03 da manhã.

- Ei linda, que tal levantar? – atentei ao sussurro de Zayn em meu ouvido e abri minhas pálpebras para também vê-lo. – É hoje, né?

Em Meio à Escuridão (BTD) || H.S. || K.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora