2. A heterogenia da vodka e da cerveja

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— Não sabia que eles ficavam.

A voz de Wonwoo sobressaiu a melodia forte que ecoava pelo ambiente.

Seokmin tinha razão quando disse que não se tratava de uma festinha com chapeuzinhos de papel e um bolo coberto de glacê. Jisoo tinha enxergado pelo menos três tipos diferentes de drogas ilícitas em cima da mesa de jantar no cômodo ao lado, ao passo que sentia o nariz começar a coçar pelo cheiro de maconha forte que saia dos cigarros passeando pela casa.

Jisoo tinha sua atenção direcionada para a latinha de cerveja em sua mão, esfregando a barra da camisa sobre a superfície que posteriormente entraria em contato com a sua boca, tentando diminuir as chances de pegar alguma infecção. Era ineficaz, porque o algodão contra o alumínio contaminado não teria reação alguma, mas ele gostava de acreditar que todos os micróbios presentes ali humildemente se extinguiram quando fizesse aquilo.

Quando ouviu a voz de Wonwoo em um tom questionador, levou os olhos para o amigo, que, por sua vez, tinha os seus direcionados para frente. Jisoo acompanhou-os, encontrando Seokmin do outro lado da sala, com as mãos sobre a cintura de um garoto e os lábios tão juntos que pareciam querer que eles se tornassem um só. Ele espremeu os olhos para identificar que o garoto em questão era Lee Chan, líder de classe do terceiro A.

Ele havia trocado poucas palavras com Lee Chan durante esses três anos. Jisoo não era a pessoa mais acessível da escola; mesmo sendo capitão do time, ele preferia deixar alguns assuntos para que Minhyuk — o outro ala que fazia companhia a Soonyoung na formação padrão do time — resolvesse. Todavia, nos momentos em que ele deveria exercer seu cargo prontamente, Chan normalmente também estava na sala, discutindo organização de alunos e as metas da escola.

— E eles ficam? — Indagou, sem tirar os olhos dos dois.

— Pelo que eu sei, eles são só amigos.

Jisoo ergueu o braço para levar o líquido forte até a boca, tomando um gole.

— Se beijando daquele jeito?

Wonwoo deu de ombros.

— Deve ser pra fortalecer a amizade — o goleiro supôs, dando de ombros conforme tirava a cerveja das mãos do amigo para bebericar o líquido também. Jisoo lançou-lhe um olhar repreendedor pelo ato, tomando a lata de volta das suas mãos.

— Porra, já foram buscar a sua...

— Comecei assim com o Mingyu — disse, ignorando as suas reclamações.

Ah, o bendito.

Veja bem, Jisoo não era do tipo que sentia ciúmes dos seus amigos, mas deveria ser considerado um crime hediondo dividir o mesmo lugar daqueles dois depois que Wonwoo pediu Mingyu em namoro, antes do ano letivo começar. Ele ainda fez Jisoo comprar flores, chocolate e uma cesta de café da manhã porque, segundo ele, Mingyu desconfiaria se fosse ele a fazer tudo aquilo. Assim, o Hong teve que aguentar uma velhinha perguntando detalhes sobre o seu relacionamento com uma suposta doce garota para quem ele estava comprando tudo aquilo; Jisoo inventou uma história tão cabulosa para que a senhora parasse de fazer perguntas e embrulhasse logo o seu pedido que achou que ela havia ficado traumatizada.

— Por favor... — murmurou, desacreditado que Wonwoo não o daria nem aquele dia de paz.

— Você quer ouvir como foi a nossa linda história de amor de novo? — Wonwoo sorriu sugestivo para Jisoo, observando com diversão o amigo revirar os olhos com tanta força que achou que ele teria um deslocamento de pupila ali mesmo.

— Pelo amor de Deus, não faça isso de novo — implorou com tanto afinco que ainda juntou as palmas de suas mãos desajeitadamente por causa da bebida.

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