Capítulo 4: Duas Vezes

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A vida em um piscar de olhos. Duas Vezes.

— O nome da sua filha também é Dulce María? — Dulce perguntou, com um sorriso, lisonjeada.

— Não. — Anahí balançou a cabeça, devolvendo o sorriso. — É Jade María. Jade, porque foi alguém muito especial pra mim. E María era o nome da minha mãe.

— Entendi... — Dulce ficou tensa por um instante. — É um nome muito bonito. É por isso que está aqui? Acabou de dar a luz? 

— Sim. Ela nasceu há algumas horas. Acho que eu... — Anahí fez uma careta. — Não me lembro direito do que aconteceu. Eu acabei de acordar. Mas sei que ela está viva. Queria vê-la... Você pode me ajudar?

— Posso, sim. Claro. Mas, é estranho. A ala da maternidade é no total extremo do hospital. Aqui é para outro tipo de tratamento. — Dulce considerou. — Mas, tudo bem. Eu vou chamar uma enfermeira... Se é que alguém vai nos atender. Aqui está um caos.

— O que houve?

— Um grande incêndio no centro da cidade. Houve muitos feridos. — ambas lamentaram. — Espere um minuto.

Dulce estava bem próxima à cama de Anahí, mas se afastou, indo em direção à porta. Ela chamou uma das enfermeiras, que apareceu depois de minutos. Havia uma agitação nos corredores.

A enfermeira fez uma cara de espanto ao ver Dulce na porta do quarto de Anahí. 

— O que houve? — a enfermeira perguntou ao se aproximar da porta.

— Ela quer ver a filha. — Dulce apontou para dentro, onde estava Anahí.

— Ela quem?

— Anahí. A loira. Ela disse que quer ver a filha recém-nascida.

A enfermeira arregalou os olhos.

— Não... — ela silabou antes de cruzar a porta e ver Anahí sentada sobre a cama com um rosto preocupado. — Ela finalmente acordou.

— Como assim "finalmente"? — Dulce perguntou, seguindo a enfermeira. Anahí podia ouvi-las. 

— Ela estava em coma, ficou dormente por dois meses. — a enfermeira engoliu em seco, ainda olhando Anahí, que fez um semblante de estranhamento. 

— Quero ver minha filha. — Anahí disse. 

— Como você se sente? — a enfermeira perguntou. — Lembra-se de sua filha? Lembra-se de seu nome, de quem você é, onde estamos?

— Claro que lembro da minha filha. — Anahí respondeu, rápida. — Preciso vê-la. Ela está bem?

— Não pode vê-la agora. 

— Por quê? — Anahí começava a ficar tensa. — Aconteceu alguma coisa com ela? Por que não posso vê-la? Eu sou a mãe dela... Eu preciso... Cuidar dela. Ela nasceu precocemente. Tem sete meses. — Anahí olhou Dulce, com súplica, pedindo internamente que ela a ajudasse. — Por que não posso ver Jade?

— Anahí — a enfermeira iniciou, com a voz mais delicada que pôde —, sua filha tem nove meses agora. Ela está bem, não se preocupe. — tranquilizou. — Mas você não pode vê-la agora, o hospital está em estado de alerta, a seção infantil está restrita, por ora apenas a emergência está com os serviços normais. — a enfermeira respirou fundo. — Que dia para você acordar...

Dos Veces III - FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora