Capítulo 14

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Meus amores, eu acordei tendo um pensamento: JESUS AMADO EU NÃO SEI O QUE ESCREVER NA CONVERSA.

Sério, eu estou falando dessa conversa há vários capítulos, mas aí eu fui ler minha sinopse, então aqui vai uma dica:  leia e releia o que vc já fez, pq ajuda a criar. Inclusive a frase da mídia, eu uso MUITO, porque é a minha realidade. E a música é: 

BarlowGirl - Never Alone: 

Eu clamei sem nenhuma resposta

E eu não posso senti-Lo ao meu lado

Então eu me segurarei firme naquilo que aprendi

Você está aqui e eu nunca estive só

Obg SmileDeS1 por todos os seus votos, para quem não sabe, é um grande apoio aos escritores quando alguém dá estrelinhas e comenta nas obras. E eu sou muito tagarela (Como se vocês não tivessem percebido até agora), então eu gosto de interagir nos comentários.

Esse capítulo pode ter gatilhos emocionais para quem sofreu abuso infantil, sexual e/ou psicológico.

Ultimo aviso aqui em cima que fala de sexo e você pode ignorar, enquanto estou lembrando: para quem GOSTA de muito hot e não leu meu Aliança na Guerra, sinto mto, eu não escrevo muitas cenas pq priorizo cenas românticas entre quatro paredes e outros lugares e para quem NÃO GOSTA, você vai poder ignorar pq eu geralmente faço um momento que não interfere no desenrolar da história, mas geralmente lanço frases fofas de amor. Inclusive virei um anjo em forma de pecado para o meu noivo depois que ele leu.

Então, boa leitura meus amores.

KATRINA

Depois do susto que tive na mesa da cozinha e de seguir a ideia da minha filha em atacar a sobremesa, eu peço para o Felipe ir brincar com a Klarisse no quarto, sei que para muitas mães é muito difícil confiar em um homem sozinho com suas crianças, para mim é quase impossível, mas o Felipe me conquistou com sua forma espontânea com minha filha. Quando decidi fazer uma produção independente, acreditava que minha filha não precisaria de um pai, mas se eu pudesse voltar e escolher um pai para a minha princesa, ele seria o Felipe. Depois que eles sobem para o segundo andar, encaminho o Kenny para o sofá porque sei que essa conversa não será fácil, então precisamos estar sentados para tudo que será exposto.

- Então quem começa? Você com nosso progenitor ou eu com nossos tios? Ele respira fundo.

- Melhor começar com você, mergulhar nas minhas memórias não é fácil e sair delas é mais difícil ainda e eu posso ficar sem estrutura para te ouvir. Percebo uma vulnerabilidade perpassar no seu olhar e prefiro não questionar.

- Vai por mim, a vida me ensinou a ser forte irmãozão e não foi com carinho que aprendi isso. Minha infância inicialmente era uma aventura, nós vivíamos viajando pelo Brasil, acredito que nenhuma criança chegou aos dez anos conhecendo pelo menos uma cidade de cada estado desse país como eu. Sorrio com a lembrança de quando eu e minha mãe descobrimos que uma cidade se chama Pugmil, em Tocantins e passamos horas criando teorias sobre o porque do nome, saudades daquele sorriso no rosto da minha mãe. Mas a vida de ninguém é um conto de fadas e a minha aventura acabou em uma cidadezinha, quando nossa mãe decidiu visitar uma irmã que ela não via há 15 anos. No início, fomos recebidas com vários abraços, eu fui apresentada a nossa tia, seu marido e seus dois filhos. Nossa mãe disse que poderíamos passar mais tempo ali, que seria seguro e muito divertido e ela até conseguiria um emprego para me comprar coisas novas porque o nosso dinheiro estava acabando. Como criança eu amei a ideia de conviver com outras crianças por um tempo, afinal eu nunca tinha ido a escola e nossa mãe me ensinava tudo em nossas viagens, então eu fiquei empolgada com a ideia de ter primos para brincar, eu amava brincar. Depois de uma semana, a ilusão caiu por terra, nossos primos não queriam brincar com a menina esquisita que soltava frases em inglês sem perceber, eles não gostavam de perguntar o que significava. E como se a vida decidisse que eu não estava triste o suficiente em ser excluída, naquele dia recebi a notícia que nossa mãe tinha sofrido um acidente a caminho do trabalho, por algum motivo quando ela tentou desviar de uma criança tentando pegar uma bola na rua ela invadiu uma calçada e foi de encontro a uma árvore. Eu fiquei órfã e sem ter nada a oferecer aos nossos parentes, então eu fui obrigada a trabalhar em qualquer coisa que aceitasse uma criança de dez anos, comecei em mercadinhos, trabalhava em um pela manhã e outro durante a tarde. Quando completei 11 anos e cansada de ser chamada de burra sem futuro, eu pedi que meus tios me colocassem em uma escola que me permitisse estudar a noite. E minha rotina virou isso, trabalhar, estudar, ser ofendida e excluída dentro daquela  casa até que o meu corpo começou a mudar, começou a ganhar forma de uma mocinha e percebi os olhares do marido da minha tia, então comecei a fugir, ficava perambulando pelas ruas até todo mundo dormir e quando eu chegava eu entrava de mansinho no meu quarto e me trancava. Consegui sobreviver e me formar no ensino médio aos 18 anos e para comemorar eu bebi pela primeira vez na vida, fiquei alegre e cheguei em casa fazendo barulho. Suspiro quando chega a parte difícil do discurso. O que eu não sabia é que nossa tia tinha levado os nosso primos para visitar alguém em outra cidade e só voltaria no outro dia, então quando cheguei cambaleando ele estava me esperando e... Engulo em seco para não chorar. E eu perdi minha virgindade no chão da sala aquele dia. E quando nossa tia chegou de manhã cedo eu ainda estava no chão, machucada, com minhas partes sangrando pelo abuso e ela não fez nada além de me mandar embora e dizer que eu era uma prostituta igual a minha mãe, que provavelmente fugiria grávida como ela. Naquele dia eu percebi que ninguém se importaria comigo além de mim mesma, pensei que minha mãe tivesse fugido grávida e perdido o bebê, mas acredito agora que ela deve ter fugido grávida de você. Então me levantei sangrando por fora, mas decidida a faze aquele monstro pagar e fui do jeito que estava até a delegacia mais próxima fazer uma denúncia, não apagou todo o meu sofrimento, mas vê-lo preso no final do julgamento foi maravilhoso. Então com ajuda de alguns poucos amigos que fiz na escola no meu último ano, eu me mudei para o centro de São Paulo com a cara e a coragem disposta a tentar uma faculdade. Consegui entrar na Universidade de São Paulo e uma vaga na Residência Estudantil Butantã. Quando estava finalizando minha faculdade em Ciência da Computação e planejando abrir a empresa em parceria com uma amiga, fui traída por ela e pelo meu namorado na época. Eu pensei que aquilo me destruiria, afinal eu não tinha capital, então comecei de baixo, vendi projetos, comecei a pesquisar espaços e o mercado, fui investindo em marketing digital, fiz MBA em Ciência de Dados e hoje sou a potência tecnológica que você conhece. Responsável por uma empresa com inúmeros profissionais em várias áreas tecnológicas.

Falei tudo isso sem olhar para o Kenneth, não queria identificar pena, ou pior, não enxergar nada, afinal ele acabou de me conhecer e se existem irmãos por aí que conviveram a vida inteira e se odeiam, imagina um que não me conhece nem sequer a vinte e quatro horas pessoalmente. 

Estou encarando a minha janela tentando não lembrar das sensações do toque que me causou ânsia, que me fez passar o período da faculdade em terapia e entrar em grupos de apoio a mulheres agredidas sexualmente, quando sinto um toque suave na minha mão. Olho para a mão que está se entrelaçando a minha e sigo o olhar até o rosto do meu irmão e ele parece em fúria, só não sei se comigo, se com quem me machucou ou se com ele mesmo por ter chegado na minha empresa me agredindo verbalmente.

- Desculpa Tina, por tudo, por ter vindo com vinte pedras na mão ao invés de me apresentar adequadamente, por te culpar por levar a minha mãe de mim, por não estar com você para te proteger como irmão mais velho. Eu sinto muito e espero que você me permita estar mais próximo a partir de agora, eu quero poder aprender a conviver em família pela primeira vez, principalmente quero ameaçar o Felipe quando ele te levar no primeiro encontro.

- What? Aparentemente falar da minha infância desencadeou minha antiga mania de falar em inglês.

- Querida só um cego e surdo não percebe que vocês estão caidinhos um pelo outro, porque é visível e audível o sentimento de vocês. Antes que eu possa me pronunciar, ouvimos barulhos de passos na escada. Vejo o Felipe nos olhar constrangido, mas fala.

- Kat eu estou pensando em fazer enrolado de salsicha para o lanche, mas não sei se você permite a Klarisse comer isso ou se vocês dois querem? Acabo sorrindo, mal ele sabe que se ele me oferecesse ovo colorido feito por ele, eu diria sim.

- Sei que você ama cozinhar, mas não quero abusar de você. Escuto um pigarro e a palavra caidinha ao meu lado, mas ignoro e continuo a ouvir o Felipe.

- Na verdade, faz algum tempo que eu não como e bateu saudades, e você Kenneth, gosta de porquinho com cobertor?

- Aceito, faz algum tempo que não como coisas do gênero. Então meu irmão sussurra para mim. Ainda preciso falar sobre minha vida e o que me trouxe ao Brasil. É melhor estarmos alimentados.

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Só agora me lembrei de um medo que eu tive ontem: Meu Deus e se a editora não gostar desses meus vai e voltas no tempo. Aí relaxei quando lembrei que já vi Sarah. J. Maas e Richelle Mead fazendo isso.😁

Eu tentando imaginar como se começa uma empresa, espero pelo menos ter enganado nesse quesito. 

E como você conhece: enrolado de salsicha ou porquinho com cobertor? Eu li esse termo em livros americanos e pensei que era melhor falar para o nosso canadense de sangue brasileiro para ter mais versatilidade na escrita. (Sempre tenho medo de me repetir e ficar chata).

Agora eu vou ali procurar estrutura psicológica para contar a vida do Kenny, alguém além de mim quer lencinho enquanto isso? Eu tentei suavizar falando de comida no final. Mas estrutura psicológica abalada é cruel.

Eu conto ou vocês contam? (COMPLETO) - Livro 01 - Série GGs Também Amam.Onde histórias criam vida. Descubra agora