Eclipse - No limiar da Saudade

Capítulo 1

Notas iniciais

Eis aqui o primeiro desta interessante história, espero que façam uma boa leitura e que gostem 🥺💕.

☀️🌑

— Não, não vai dar certo. Não parece bom o suficiente e esperei tanto tempo para isso, sabe? Sinto que se fosse realmente humano, eu iria explodir de tantos sentimentos mistos. — diz Ravi com todo o seu nervosismo antecipado que a Senhorita das Nuvens muito bem conhece, há longos séculos. Talvez o rapaz pareça estar exagerando, mas realmente não é todo dia que terá o direito de encontrar-se com alguém tão importante, e não se refere a Eloá e Ciel, mas a Nair. Ambos os amigos sabem que o amor do Sol é único e exclusivo de seu oposto; porém, como imaginado nas entrelinhas, não é uma tarefa fácil demonstrar frente a frente esse carinho e muito menos declará-lo aos quatro cantos (hipotéticos) do universo. Então o que resta para Bridget é revirar os olhos e esboçar um sorriso divertido para descontrair o mais velho que não aparenta ter seus 4,6 bilhões de anos, ainda mais por sua altura ser média considerando a fisionomia. Dono de uma aura fofa e decidida, seus cabelos ruivos e olhos violeta (vibrantes quando se encontra sobre pressão e fortes emoções) transmitem a personalidade forte do rapaz que seria descrito pelos mortais como alguém na casa dos 20 anos.

— Menos, bobinho. Agradeça ao que acredita por terem essa oportunidade outra vez, a qual espero que dê certo… — ela murmura a última parte para ver a reação engraçada de Ravi, contrariado com a brincadeira mas nem por isso, irritado de verdade. Conhece a garota que lhe prega peças e torna sua existência menos cansativa, grato por todo o carinho mútuo. — Sei que você o ama demaaais, pois perdi a conta de quantas vezes tive de ouvir seus lamentos durante suas viagens pelos arredores da Terra, reclamando que sente falta do moreno.

Por aquele comentário divertido, mas totalmente verossímil, ambos caem na gargalhada e o Sol concorda veemente, suspirando ao pensar sobre os pequenos seres humanos que vivem suas vidas pacatas. Muitos haviam formado casais, construído suas famílias e passado seu tempo com aqueles que tanto zelam, mas há aqueles também que são tão solitários quanto ele, seja pela vida ter os separado com a partida de um dos lados ou a distância física que lhes são impostas por vezes. Bem, Ravi não sabe ao certo o que seria pior: Nunca poder se aproximar de quem ama ou nunca ter a oportunidade de amar outro alguém. No entanto, isso não torna sua situação menos merda. — Ok… Obrigado pelas palavras de incentivo, eu acho. Bem, no fim das contas, já é algo, não é? Só de imaginar seu sorriso, já me sinto mais aliviado. — o menor conclui com outro suspiro baixo ao olhar seus reflexos aparentemente humanos, esboçando um pequeno sorriso por idealizar em mente como seria esse encontro e se tudo daria certo de fato. Ao menos, aqueles amigos se encontram bem apessoados, apresentáveis em suas vestes especiais. A bela moça, regente de todas as nuvens e suas rotas nos céus, traja seu vestido rosa com uma saia de tule repleta de lantejoulas que combinam com seu cabelo rosa claro, exalando a extroversão típica da mesma. Ravi então porta um terno azul índigo aberto com uma camisa básica branca, combinando com seu sapato preto e a vontade de sair correndo dali.

Longe dali, praticamente do outro lado do Palácio Murwarid, Nair observava a vista através das aberturas por entre as colunas altas do corredor. Uma pira fraca queimava junto a tantas outras, todas no mesmo e impressionante ritmo, mas isso não lhe chamava tanto a atenção e nem a paisagem de tirar o fôlego que tinha, nada disso lhe importava. Ser um Elemento de tamanha importância e "poder" sempre tinha um preço alto a se pagar e Lua sabia muito bem disso, mas seu preço estava sendo pago a séculos e ele não sabia quanto tempo mais poderia aguentar.

Sendo tirado dos próprios pensamentos tempestuosos por uma mão sobre o ombro, Nair vira-se lentamente e dá um sorriso pequeno ao ver sua velha amiga bem ao seu lado, essa com um sorriso encorajador e travesso, tão típico dela. A Comandante Estelar estava belíssima como sempre foi, mas Lua desconfiava que ela ficava mais a cada século ou década, trajando um belo terno de corte delicado onde estrelas vivas pareciam passear por cada parte do tecido cintilante, os cabelos castanhos completamente penteados para trás como se tivesse passado uma boa quantidade de gel fixador, no rosto uma maquiagem bem leve que deixava ainda mais evidente suas sardas e seu lado estelar, onde algumas constelações passavam bem lentamente. Ela estava de tirar o fôlego e o que mais esperar a não ser a extrema beleza de Tainã, a Comandante Estelar, aquela que cuidava e liderava todas as estrelas no céu infinito?