capitulo um

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Sara estava prestes a comemorar seu aniversário sozinha, pois agora com o divórcio quis que aquele dia fosse apenas dela. Mas não aconteceu desse jeito, já que conheceu um homem, Taylor, um amigo do qual já havia encontrado outras vezes; semanas antes daquela data, o que dava para Sara interpretar que era por isso que ele sabia onde e como encontrá-la. 
 
— Espero que se torne realidade. — O homem sorriu após referir-se a vela que havia no pequeno bolo.
— Eu também. — retribuiu o sorriso.
O que se seguiu foi uma conversa agradável entre os dois. Sorrisos de Sara, antes tímidos, mostravam-se mais evidentes. Deixou-se levar pela companhia e se soltou mais. Nada melhor que passar aquela noite diante de alguém que a fazia se sentir um pouco melhor. 
— Obrigada. Você salvou minha noite — agradeceu enquanto caminhava para o elevador ao lado do homem.
— Você também melhorou a minha.
Os dois entraram juntos no elevador mantendo uns segundos de silêncio apenas trocados por sorrisos.
— Qual o seu andar? — perguntou, referindo-se aos botões do elevador.
— Doze. 
— Certo. Doze para você e dezoito para mim.
Em alguns segundos o elevador parou no 12° andar, mas já tomada pela adrenalina de estar feliz Sara propôs ao seu "salvador" que ficar ali seria um tédio e entrelinhas se convidou para subir com ele para o seu quarto.
— Ficar sozinha no meu quarto não será divertido.
Foram as últimas palavras que Sara disse antes de ouvir o elevador fechar novamente e parar no andar 18, onde Taylor teria um quarto. Ela se lembrava de terem conversado e, após muita insistência dele, terem pedido uma garrafa de vinho para terminar a comemoração do aniversário dela. Após isso um branco tomou conta da cabeça da perita, que na manhã seguinte levou um susto ao acordar em seu quarto.
— Greg? — disse enquanto a porta do elevador se abria.
— O que está fazendo aqui? — Ele perguntou surpreso ao ver a amiga ali.
— Eu tô indo embora, porque tá aqui? — Ela tirou os óculos e deixou que ele pudesse ver a cara de ressaca dela por completo.
— Homicídio no 18° andar. — O perito segurou a porta do elevador.
— Ah eu vou com você.  
— Não consegue ficar longe. - Ele riu da amiga que, mesmo sendo um dia especial, não queria deixar de ajudar. 
Sara e Greg subiram até o quarto aonde o crime ocorreu. Assim que ela viu a direção que tomavam, seu coração permitiu se acelerar, sabia bem onde acabaria aquela andança. Seus olhos viram a cena que jamais imaginaria: seu amigo Taylor, o mesmo da noite passada, morto.  
Sabendo que poderia entrar em apuros caso se omitisse, ela foi honesta e contou ao seu atual supervisor o que tinha acontecido. Sem pestanejar o supervisor a afastou do caso, sem antes mesmo esperar receber mais informações. 
— Isso aqui é um caso sério. Vou ter que chamar o Ecklie. —O supervisor ergueu os braços, como se não tivesse alternativa.
— Não é necessário fazer isso, Russell.
— Já tomei minha decisão. 
 
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Foram os minutos mais angustiantes na vida de Sara. Sozinha na sala de interrogatório observava de longe as pessoas passando por perto, imaginando que tipo de coisas estaria pensando sobre ela. Cada olhar era um possível julgamento. Apesar de não se importar com que os outros diziam sobre ela, esperar ali, sentada na sala como se fosse uma suspeita foi doloroso.
— Sidle—disse o xerife Ecklie assim que a avistou.
— Oi. — Ela se limitou a assentir com a cabeça.
— Russell me contou os detalhes a caminho daqui. — O xerife deixou uma pasta em cima da mesa e se sentou na frente dela. Tentou ensaiar uma feição firme, imparcial e longe de quaisquer emoções. Mas no fundo o receio sempre esteve lá.
— Se você soubesse de tudo... — Sara comentou em voz baixa, não fazendo questão de que ele ouvisse ou não.
— Quero que me conte tudo. Tudo, mesmo.
Não foi agradável contar logo à pessoa na sua frente sobre o que aconteceu naquela noite. Sua mente ainda estava abalada pelos eventos de horas atrás. Mal teve tempo de sentir tristeza ou derramar uma lágrima por Taylor. Não havia mais nada a não ser a dura missão de provar sua inocência, pois já se sentia suspeita. Sara trabalhou lá por anos para saber que já pensavam assim dela.
Ao ser confrontada sobre a mensagem de texto daquela noite foi como sentir que uma ferida recém-aberta foi incomodada. Quis muito evitar aquela parte, mas pelo visto sua privacidade foi por água abaixo.
— Está insinuando alguma coisa, xerife?
O clima na sala estava mudando, mas o pior de tudo é que Sara já esperava por isso. Não podia esperar menos do homem que foi o responsável por "interrogar" ela e Grissom após a descoberta do relacionamento.
— Sua digital foi encontrada numa taça de vinho. Ficou no quarto dele por... Uma hora... — O xerife deu de ombros.
— Nada aconteceu. - Ela foi incisiva. — Quantas vezes eu vou ter que explicar isso? Não fiquei naquele quarto por muito tempo. Voltei para meu quarto e fui dormir. — Os punhos cerrados na mesa indicavam que sua paciência começava a passar dos limites. Mas Sara sabia que tinha de manter o controle.
— Então vai me explicar o porquê de haver uma lacuna entre a meia-noite e três horas da manhã? Se você diz que estava dormindo, então porque o registro diz que você retornou ao seu quarto as duas e quarenta e nove da manhã?
— Você só pode estar brincando, não é? Não é possível que esteja pensando que eu estive com ele e que o matei. — Sua feição mudou, não podia acreditar naquilo.
— Há motivos pra acreditar nisso?
— Não! — Então em um ato de fúria socou a mesa a frente, já não podia conter tantas perguntas, isso que o pior nem tinha realmente se revelado.
— São só perguntas de rotina. É melhor eu fazer do que a corregedoria. 
— Ecklie, acredite em mim, por favor. Sei que não somos melhores amigos, mas você tem que acreditar! Estou falando a verdade!
— Isso não vem ao caso e sim, acredito em você. Só preciso que seja totalmente franca comigo. — insistiu.
— Esta é a verdade, Ecklie! Eu não dormi com aquele cara e muito menos matei ele! DROGA! — Sara não conseguiu conter seus impulsos e deixou-se levar pela raiva.
Sara encarou furiosa os olhos do xerife. Queria achar algo nele para extravasar sem se preocupar com a punição que viria depois, só que não encontrou nada. Ecklie
— Grissom já sabe?
— Não quero envolver ele nisso. - Sua resposta, direta, foi tão rápida que pareceu programada na ponta da língua.
— Não quer que seu marido saiba que você está envolvida nisso? - perguntou incrédulo. Antes que pudesse continuar, seu celular tocou. Viu quem o estava chamando e resolveu atender na hora.
— Você não confia no seu pessoal pra resolver esse caso? - Ela o questionou erguendo as mãos. 
— Se isto der errado pra você, pode ir pra cadeia e não importa se você é uma CSI eles podem não aliviar, pense bem nisso. 
— Eu não quero.   
— Ainda assim você tem que ficar na cidade e cooperar quando for chamada.
— Já sei o que tenho de fazer. — Vendo que não havia mais impedimento para sua saída, ela finalmente decidiu deixar a sala. Aparentemente mais calma desta vez.  
Levando a mão à testa, o xerife afrouxou um pouco a gravata marrom e soltou um suspiro. Não foi a primeira vez que lidou com situações como aquela e não seria a última. Deparar-se com esta condição — Sara, uma das melhores peritas do Laboratório — possível suspeita de assassinato, foi realmente um baque para Conrad. Se antes teve o desejo que fosse dispensada, agora o então xerife se deparava com um caminho escuro e cruel. No fundo realmente desejava que ela não fosse culpada, mas teria de agir com imparcialidade e o rigor caso fosse necessário.
— Grissom. 
— Ei. Espero que não esteja ocupado.
— Sempre estou ocupado, Ecklie. — A resposta seca de Grissom evidenciou sua falta de vontade em continuar a ligação. 
— Então trate de arranjar um tempo, o negócio é sério. 
Não houve resposta do outro lado da linha Ecklie entendeu que o ex-supervisor estava pronto para ouvi-lo.
— É a Sara, no momento ela é suspeita de assassinar um homem. 
O silêncio na linha foi maior que da outra vez, deixando o xerife com dúvida se Grissom ainda continuava na linha. Não o recriminou por não haver resposta imediata. Todos reagiam a notícias impactantes de uma forma diferente. 
— Grissom? Ainda está aí?
— Sara...? Deus, como... Como isso... 
— Olha só. Não sei o que tá acontecendo na vida de vocês dois, mas isto aqui é preocupante. O vento não tá a favor dela e a cada minuto me vem uma informação pior sobre o caso.
— Deus... - Grissom fez uma pausa. — Ontem foi... O aniversário dela... 
Para o xerife, Grissom parecia distante da realidade, mais do que o comum, e isto começava a irrita-lo.
— Ela não quis, mas estou te ligando mesmo assim. Você tem que vir aqui. As coisas derem errado, ou não, Sara vai precisar de você agora.
— Ela não... — O ex-supervisorsussurrou uma frase da qual não conseguiu terminar e que o xerife não conseguiu escutar direito.
— O que? —Ecklie o questionou no intuito de ouvi-lo novamente, porém mal completou suas palavras. A ligação foi encerrada.
Ecklie não tinha direito mais sobre o ex-supervisor, mas queria que ele pudesse pelo menos esperado para responder um último “não”, mas como as coisas estavam corridas demais tinha que ser ligeiro para poder provar a inocência de Sara. Ele não poderia esperar uma resposta do divino, muito menos que Grissom saísse de onde estava para ir resolver problema do seu pessoal.
Então Ecklie ligou para DB e pediu para que assim que possível reunisse todos. Ele chegaria logo para tratar do caso em questão.
Algumas horas mais tarde estava eles aguardavam a chegada de Finn que havia levado Sara para casa já que a mesma estava sobre suspensão até o fim do caso. 
 

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