Cap.23. Ethan. (Estamos chegando na reta final do livro)

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Vou em direção a Samanta que me olha surpresa, tem a aparência cansada, quase doente.

-Amor! Achei que estivesse na delegacia.

-Estou de folga hoje. Trabalhei domingo e ontem.

-Ah sim.

-Temos que conversar Samanta. -Vou direto ao ponto.

-Sim, temos. Podemos fazer isso em casa? -Concordo e começamos a andar. Acho que finalmente ela entendeu que temos que dar um basta nisso. Assim que entramos em casa, ela se senta no sofá e tira um envelope de papel pardo da bolsa. Me sento ao seu lado e espero ela me explicar do que se trata. Ela abre o envelope e tira um papel, que acredito ser de algum exame, já que o logotipo de uma clínica conhecida, está no papel. Ela me estende o papel, não acredito no que meus olhos lêem.

-É isso mesmo Ethan –Ela percebe minha descrença e confirma. -Eu estou grávida.

-Mas como isso é possível Samanta? Você sempre tomou seus remédios.

-Sabe muito bem, que nada é cem porcento eficaz Ethan. Aconteceu, não posso fazer nada para mudar isso. Eu sei que você queria se ver livre de mim, e entendo se quiser terminar. Posso cuidar da criança sozinha. Vou morar com minha mãe em Valadares e ficar longe do você. Não quero atrapalhar sua vida. O médico disse que a gravidez é de risco, mas não tem problema, vou me virar sozinha Ethan. - As lagrimas começam a molhar seu rosto e sinto sua fragilidade. Não posso simplesmente largar Samanta, agora que ela carrega um filho meu.

-Você não vai a lugar nenhum Samanta, vai arrumar suas coisas e se mudar para cá, de vez. Vamos criar nosso filho juntos.

-Ou filha. -Ela pondera. As lágrimas se foram e deram lugar a um sorriso animado. Logo ela começa a falar sobre os mil planos que fez para o futuro bebê, e eu só consigo pensar em Aurora e Liz, todos os meus planos de formarmos uma família, foi por água abaixo. A noite chega e eu não tenho coragem de encontrar com Aurora, envio uma mensagem avisando que não poderei ir até a fazenda e desligo o celular.

A semana passa, sem que eu encontre Aurora. Na verdade, tenho sido um covarde e evitado qualquer contato com ela. Pedi para Samanta passar na clínica e marcar um ultra, mas ela insistiu em ir em Valadares e que a minha mãe a acompanhasse. Decido não discutir sobre o assunto, mas na próxima, faço questão de ir. Volto minha atenção para os papéis em cima da mesa e tento me concentrar.

Aurora

Ethan sumiu, desde o dia que nos encontramos ele não disse mais nada. Nem o vejo mais na rua. Liz me pediu para ir na delegacia, para vê-lo, mas preferi não ir. Talvez ele esteja muito ocupado. Termino de arrumar as mesas do restaurante e sinto o cheiro de um perfume doce e enjoativo no ambiente.

-Oi Adami. Vim buscar a comida do meu noivo. -Escuto a voz da Samanta, dando ênfase na palavra noivo.

-Só um momento Samanta. -Adami sai do balcão e foi até a cozinha.

-Já sabe da novidade Aurora?

-Não, que novidade?

-Ethan e eu, vamos ter um bebê. Eu estou grávida! -Vejo o sorriso cruel se espalhando por seu rosto e meu estomago se revira. Não acredito que Ethan não me contou nada. Respiro fundo, controlando a vontade de sair correndo. Não vou dar esse gostinho para Samanta.

-Que bom Samanta. Que venha com muita saúde. Agora se me der licença, tenho que trabalhar. - Antes que ela possa responder, Adami chega com a comida e ela se vai.

-Foi isso mesmo que eu ouvi? Ela está grávida?

-Pelo visto, sim.

-O que você vai fazer agora Aurora?

-Nada. Não tenho direito de fazer nada. Vou seguir minha vida.

-O dia do resultado do exame está chegando, vocês vão ter que se falar, e anda tem a Liz.

-Eu sei Adami, eu sei de tudo isso. Não vou proibir Liz de ver o pai, só porque eu me decepcionei com ele. Ela não tem nada a ver com isso, já basta os anos que passou longe dele.

-Está certo. Posso dar uns tapas nele se quiser.

-Vai acabar sendo presa –Ela concorda e acabamos rindo. Controlo a vontade de ir tirar satisfação e procuro algo para me distrair.

Samanta.

Aquela sonsa achou mesmo que ficaria com Ethan. Eu sabia que ele não terminaria comigo, se eu falasse sobre uma gravidez. Agora é questão de tempo até eu realmente engravidar e ficará tudo certo. Já passou quase uma semana, desde o dia que contei para Aurora sobre a gravidez, achei que ela fosse aparecer para falar com ele. Mas pelo visto, ela é mais orgulhosa do que imaginei. O celular de Ethan apita, com um novo e-mail, aproveito que ele está dormindo e leio. O e-mail é de uma clínica em Valadares, informando que o resultado do pedido de paternidade já está pronto. Pedido de paternidade... Anoto o nome da clínica e saio rumo a casa da Elizabeth. Bato na porta e logo escuto alguns passos. Cida, a governanta abre a porta. Ignoro seu bom dia e vou até o quarto, aonde sei que vou encontrar Elizabeth. A porta está destrancada, e Elizabeth se assusta com minha entrada abrupta.

-Tenho certeza que sua mãe te deu educação Samanta. Não é nada educado entrar no quarto das pessoas, sem bater.

-Desculpa madrinha. Mas acho que vai entender meu desespero. Seu filho acabou de receber um e-mail, de uma clínica em Valadares, sobre um exame de paternidade. -Em um pulo, ela já está de pé.

-E o que você fez com o e-mail?

-Apaguei, claro.

-Fez bem. Qual o nome da clínica? -Entrego a ela o papel, com o nome da clínica.

-Ótimo, você sabe o que tem que fazer. Vamos adiantar nossos planos e dar um jeito nisso. -Deixo a casa da minha madrinha e vou fazer minha parte.

Elizabeth

Eu sabia, no momento em que vi aquela mulherzinha que ela me traria problemas. Meus filhos sempre tiveram o péssimo hábito de se envolver com essas roceiras. Culpa do pai deles, que insistiu que morássemos aqui, sempre pedi para ir embora. Sabia que meus filhos não conheceriam mulheres finas e sofisticadas igual a mim, nesse fim de mundo. Agora aquela roceira ainda voltou com uma bastarda. Eu tinha que ter dado um fim nela quando pude, agora não vou deixar essa oportunidade passar. Meu motorista já está a caminho da minha casa, me arrumo e sento para esperar. Hoje, aquela mulher e a bastarda, somem da minha vida.

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