Dois solteirões azarados ou apenas independentes demais para o amor?
Uma coisa é certa: eles se odeiam.
Mas, as vezes, até os inimigos se ajudam, não é mesmo? Afinal, o que poderia dar de errado quando duas pessoas que não se suportam, fingem estar...
Hj tem revelações e um pouquinho mais de drama, mas como tá no final, não vai durar :)
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Julho, 2021
Estou procurando minha felicidade num pote de sorvete de chocolate e menta.
Sentada como índio no tapete da sala escorada no sofá fingindo que vejo televisão.
— Conversa comigo, Naomi, eu sei que você quer.
Sim, é Luke. Levanto meu olhar rapidamente para ele, parado como estátua do meu lado, com as mãos enfiadas nos bolsos, mas sua cara de preocupação me dá náuseas. Prefiro voltar a encarar a calça moletom cinza que ele veste, ou os chinelos com meias, qualquer coisa é melhor que esse olhar de piedade.
Esse dia de merda a qual estou me afogando em açúcar tinha que coincidir logo com a folga dele?
Eu só queria ficar sozinha, como tem sido pela última semana desde aquele dia fatídico na casa de Ashton.
Só o vejo no trabalho, mas mal nos falamos.
— Eu estou bem. – respondo, sem muita animação.
— Ah, claro, com certeza. – bufa e senta ao meu lado no tapete. – Eu nunca te vi assim, você está literalmente quieta demais. Não quero você com essa cara de bunda no meu aniversário daqui alguns dias!
— É porque eu estou bem. – reviro os olhos.
Ele ri, me empurra de leve e rouba meu sorvete.
— Ei! Isso é meu! – tento pegar de volta, mas ele levanta o braço lá no alto. Inferno de homem gigante.
— Ah, nem vem! Não vou te devolver. – encaro-o feio. – Tá vendo? Você só virou pra me olhar agora. Naomi, essa não é você, você tá quieta, e isso não é um silêncio de "Tá tudo bem", porque eu sei que você tá mal, mas você não tá falando nada! Logo você!
— As pessoas mudam. – dou de ombros, ele bufa.
— Uma ova. Você é a rainha do chilique, meu amor. Quando terminou com o Calum chorava todo santo dia por três meses, três longos meses, Naomi. – enfatiza. Eu tenho vontade de me matar de vergonha só de lembrar disso. – Eu estava lá nesses três longos meses, ok? E em vários outros momentos ruins que você teve. E aí é que está, meu bem, eu sei quando você não tá bem. Você faz um show. Pelo amor de Deus, você vai até a agência no meio do meu expediente desabafar comigo quando seu dia não sai como você quer! – ri, eu rio junto e suspiro.
— Eu te amo tanto. – deito minha cabeça no sofá, me sentindo subitamente emotiva. Faço um biquinho para ele que ri.
— Então fala comigo. – belisca minha bochecha direita e eu reclamo de dor.
