Uma Luz No Fundo Do Escuro

Capítulo V: - Nova Identidade

Nova Identidade

Ele se retirou e eu fiquei pensando naquela pergunta.

Eu vi minha vida começar a mudar. Tudo estava bem diferente do meu ser.

Os meus princípios já não tinham valor nenhum, me senti neutra nesse mundo, imprestável e detestável.

Aquela não parecia eu! Não parecia aquela menina que bem antes da tragédia tinha um sonho, um grande e lindo sonho.

Aquela pergunta me trouxe incertezas sobre tudo. Me fez duvidar até de minha própria sombra. Arrancou de mim a minha última esperança, de que tudo ainda podia mudar.

E isso me fez pensar e concluir que se o destino tivesse me colocado naquele lugar, era porque de facto aquele fosse o meu lugar, assim como foi aos meus 7 anos.

Os pontos batiam, parecia que o passado tivera me mostrado o futuro sendo eu bem ainda novinha. Fui violada sendo criança e quando adulta fui morar numa zona da prostituição.

Na minha cabeça o plano era o seguinte, nadar segundo a onda do mar.

Comecei vestir roupas ousadas só para ganhar clientes, não pelo dinheiro, mas por achar que estivesse no caminho certo e correspondendo as vontades da vida que levava, até porque para mim aquele não era minha vida. Pois a minha tivera acabado desde o momento em que vi o meu sonho sendo jogado fora.

Os dias subsequentes foram dias de muita curtição. Me entreguei por completo a aquela vida.

Me joguei sem nenhum arrependimento e estava pouco me importando com os sentimentos.

Comecei a ganhar popularidade e aquilo parecia me completar, porém apenas parecia. Porque bastava ficar um tempo sozinha que a máscara caía.

O Pilale, aquele meu amigo que se importava comigo decidiu se abrir comigo.

Pilale: - Eu preciso confessar-te algo antes que seja tarde! (mal sabia ele que já era tarde)

Penélope: - E o que seria tal coisa que pretendes me confessar?

Pilale: - É assim, já faz muito tempo em que nos conhecemos...

Penélope: - E?

Pilale: - Eu esperei por muito tempo para revelar o que sinto por você!

Penélope: - E o que tu sentes por mim?

Pilale: - Eu te amo Penélope...

Penélope: - Pilale não faltes isso por favor...

Pilale: - Eu estou sendo sincero contigo, eu esperei esse todo tempo só para poder falar o que realmente sinto por você!

Penélope: - Eu não posso! (falei entristecida)

Pilale: - Porquê Penélope?

Penélope: - Não dá Pilale, eu não sou quem você acha que sou...

Pilale: - Eu te conheço melhor que ninguém e tu sabes disso Penélope!

Penélope: - Não tem como você me conhecer, porque nem eu me reconheço mais!

Pilale: - Como assim???

Penélope: - Já basta Pilale, me esqueça por favor. Não dá mais! - Me deixa ir e não vem atrás de mim...

Saí da casa dele toda triste e magoada. Eu estava pouco me importando para os sentimentos e do nada o meu melhor amigo alega estar me amando e com vontade de ficar comigo.

Eu não podia ficar com ele, não com a vida que levava. Não conseguiria gerir a minha “profissão” e o meu relacionamento com ele.

Perdi os meus pais, não de forma física, mas pelo desgosto que os causei quando os contei que larguei o trabalho para viver daquilo que me parecia  completar.