Breno andava de um lado para o outro no laboratório da CETERS. Ele se encontrava em um beco sem saída por semanas e ainda não tinha conseguido pensar em uma ideia. No final desse ano estaria no seu quarto ano de pesquisa e não tinha apresentado nada.
Desde que começou seu trabalho, sua pesquisa também tinha começado, afinal ganhou o emprego graças ao seu projeto do TCC que chamou a atenção dos fundadores da CETERS, o Centro Terapêutico do Rio Grande do Sul, a maior clínica psicológica do Brasil.
E agora ele se sentou em uma cadeira com as mãos sobre a cabeça tentando não pirar. Ele era inteligente e totalmente capaz, tinha certeza que podia resolver isso.
- É comprovado por vários psicólogos que ficar sentado desse jeito não vai aliviar a tensão de forma alguma. - Seu melhor amigo, Dário, falou e ele olhou para o amigo que sorria - Não faz bem para os negócios ficar desse jeito, sabe.
- Besta. - Breno brincou se endireitando na cadeira. - Eu estou bastante reflexivo e com medo.
Ele conhecia Dário desde a época da faculdade, ele estudava com o garoto e ele acompanhou boa parte do seu drama na hora de se assumir. Dário era um homem de 34 anos, ele tinha olhos e cabelos castanhos, era magro e era um dos psicólogos mais gentis que Breno conhecia.
- Medo do que, Breno? - Dário perguntou mexendo em seus cabelos.
- Dos nossos chefes cobrarem alguma coisa, de sei lá, me demitirem por minha incompetência, esse ano vai fazer quatro anos de pesquisa e o que eu consegui? Isso mesmo, nada! - Breno estava afundando em um mar de desespero.
- Breno, se acalme, você mais do que ninguém sabe que as pesquisas demoram e Javier e Matias sabem também, quanto mais estressado você ficar, menos vai conseguir fazer. E o seu livro como está indo?
Breno rira como se o amigo contasse uma piada. Fazia muito tempo que não conseguia escrever seu livro, na verdade ele estava sem ideia para nada ultimamente, precisava se livrar do seu bloqueio criativo e com urgência.
Ele olhou o relógio e já estava quase na hora de atender o paciente das 11h, ele se levantou e se recompôs.
- Eu preciso ir - Breno falou - Meu paciente logo vai chegar.
- É aquele que cancela a sessão se ela começa um minuto depois?
- Esse mesmo - Os dois riram - Vamos almoçar juntos hoje?
- Claro, depois dessa sessão?
- Combinado.
***
- Breno! - Matheus o chamou ele era um dos superiores de Breno - Posso falar com você, rapidinho?
- Claro - Ele sorriu, mas por dentro estava nervoso e começou a acompanhar o seu chefe.
Como Breno era um dos psicólogos formados da empresa ele tinha três superiores antes de chegar no diretor da empresa: Matheus um homem negro, olhos castanhos, magro e que era totalmente fitness, era respnsável pelos psicólogos da empresa; Emerson um homem moreno, baixinho, magro, olhos verdes cuidava da administração dos pacientes para cada psicólogo e Karina uma mulher morena, gordinha e responsável pelas pesquisas.
Breno ficou com medo ao ver os três juntos na mesma sala o esperando até parecia uma armadilha perfeita. Desde que chegou ele pegou uma bela amizade com os três, mas sabia quando algo estava de erradi e que não era apenas uma reunião de almoço.
- Sente-se, Breno. - Emerson falou e Matheus fechou a porta. A sala era simples como a maioria das salas dali, uma mesa redonda no meio que estava cheia de folhas, de um lado estava os três e Breno se sentou do outro.
- Olha, se é sobre a minha pesquisa - Adiantou-se Breno completamente ansioso - Eu estou tendo um lento progresso, eu sei, mas é porque transtornos de personalidade...
- Breno - Matheus o interrompeu - Fique calmo, não é sobre a sua pesquisa.
- Não? - Breno pergugntou confuso.
- Claro que não - Karina falou sorrindo - É o seguinte, Breno, como você sabe todo começo do ano abrimos novas vagas para estagiários.
- Sim sim, eu e o Dário sempre gostamos de ver o discurso do Guilherme.
- Mas esse ano não vai ser o discurso do Guilherme - Matheus falou colocando as mãos sobre a mesa.
- Não? De quem será? - Breno perguntou totalmente confuso.
- Seu. - Karina declarou - Breno, nós vemos o seu esforço aqui na clínica e achamos que você está totalmente preparado para assumir a classe dos estagiários.
- O que? - Perguntou Breno surpreso - Quer dizer, eu? Sério? E o Guilherme?
- Ele foi promovido, então a vaga de tutor dos estagiários está aberta e queríamos dar para você. - Matheus falou.
- Breno, nós vemos o quanto você ajuda não só os estagiários, mas também os psicólogos novos e você ainda tem pouco tempo de experiência - Emerson dizia - Reconhecemos um potencial grande em você, Breno.
- E fique tranquilo, isso não vai interferir na sua pesquisa. - Karina respondeu o que estava em seus pensamentos - E aí, você está dentro?
Ele não sabia o que dizer, ele ficou muito surpreso com a proposta, mas é o que Breno sonhava em fazer, ele amava ensinar sobre psicologia e estar a frente dos futuros psicólogos de uma pequena parte do Brasil, isso seria extraordinário.
- Claro! - Ele respondeu sorrindo - Muito obrigado mesmo pela oportunidade!
- Agora - Emerson falou - Vamos falar sobre a pesquisa.
***
- Uma promoção? - Dário falou assobiando - Uau, isso é incrível Breno.
Os dois estavam na casa de Breno para almoçar, agora ele tinha mais coragem de fazer comida já que não trabalhava mais com os doces. Ele ainda fazia alguns para levar a empresa, mas vender já não vendia mais.
Desde o começo ele sabia que seria temporário e ele não sentia nenhuma falta, já que amava o seu trabalho.
- Não é? - Respondeu Breno - Isso pede uma coisa... - E Dário sorriu.
- Dança! - Os dois gritaram juntos.
E Breno correu para colocar uma música para os dois dançarem juntos. Desde que eles se encontraram na CETERS, eles combinaram de fazer algo para se distrair e ao assistirem Grey's Anatomy eles tiveram ideia de dançar como Meredith e Cristina.
Logo a dança dos dois virou uma tradição desde o momento que estavam triste até momentos super felizes, como o de agora.
Mas diferente das duas que era uma dança aleatória, a dança dos dois era totalmente coreografada, a dança de hoje era ao som de "Marry the Night" da Lady Gaga. Ao dançar Breno colocava todas as suas emoções para fora, era uma boa terapia ocupacional.
Após darem um espetáculo no apartamento de Breno, eles sentaram para descansar, os dois já não tinham mais dezesseis anos e ainda eram sedentários, com uma só música ambos já estavam exaustos.
- Mas ainda estou preocupado com a minha pesquisa. - Breno falou enquanto colocava a sua comida no prato - Eu não quero que eles pensem que é um fracasso.
- Breno, só por hoje isso diz que eles não acham isso ou não dariam um cargo muito importante para você.
- Opiniões podem mudar, Dário. - Ele disse se sentando e o amigo revirou os olhos.
- Você é impossível - Ele respondeu ao amigo e deu a primeira garfada em sua comida - Isso está muito bom e sabe do que você precisa?
- O que?
- Um date! Sair conhecer pessoas, você está muito travado, talvez seja uma boa para você distrair um pouco.
- Deus me livre, não se lembra das vezes que sai aqui? Peguei trauma da cidade. - Os dois riram e comeram com muitas gargalhadas.
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Entre o amor e o sucesso
RomanceBreno é um homem de 28 anos formado em psicologia. Ele tem grandes sonhos e um deles é se tornar destaque no setor de saúde mental, as coisas começam a mudar em sua vida quando um par de olhos castanhos muda o foco de Breno. Nessa nova fase em sua v...