3. Surpresas

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O segundo final de semana do ano chegou e Breno estava sentado no cabeleireiro esperando para cortar o seu cabelo. Ele tinha chego quinze minutos mais cedo do horário marcado, então estava aproveitando o tempo para ver as suas mensagens.

Antigamente, Breno sempre achava ruim quando o seu psicólogo demorava muito tempo para o responder, hoje sendo psicólogo ele entendia. Tinham muitas mensagens não respondidas e não era por mal, mas a vida do psicólogo era muito corrida.

Fora os atendimentos, ele tinha o tempo na pesquisa, os videos que gravava para a página da clínica e também com os estagiários, e também precisava ter um tempo livre para viver. Era muita coisa para se fazer.

Passaram-se quinze minutos e finalmente tinha chego a sua vez. Ele tinha decidido ir a uma barbearia diferente hoje, mesmo morando em Porto Alegre há quatro anos, ele ainda não tinha achado o lugar certo para cortar o seu cabelo.

- Como vai, doutor? - O rapaz falou assim que ele se sentou e ele estranhou, não tinha falado que era psicólogo - Ah, é que eu já vi seus videos no Instagram.

- A ta. - Ele riu e falou como ele preferia que cortasse seu cabelo - E também quero que deixe a barba curta e desenhada.

- Perfeito, doutor, eu faço terapia, sabia? - Ele falava enquanto cuidava do cabelo de Breno - Passei por uns momentos da minha vida que precisei e até hoje vou uma vez por mês na terapia.

- Que bom - Breno sorriu - Sou suspeito a falar, mas acho que todo mundo deveria fazer terapia.

- Eu também acho doutor.

- Pode me chamar de Breno - O psicólogo falou rindo.

- Ok, Breno, mas acho muito necessário sabe, em casa eu sempre aguentei as pontas, minha mãe tem o transtorno borderline, aquele que você fala em vídeo.

- Sim, é a minha especialidade, transtornos de personalidade.

- É, então, aí ela tinha umas crises fodas, doutor - Ele insistia em chamá-lo de doutor e Breno o deixou - Ao ponto de quebrar as coisas lá de casa, hoje ela tá mais estável, mas foi punk.

Na uma hora que Breno ficou fazendo o cabelo com o rapaz, ele contou toda a sua história, Breno já estava mais do que acostumado a isso. Era só dizer que era psicólogo ou a pessoa o reconhecer que já contava toda a sua história de vida e pedia um conselho.

***

- Eu não acredito que você tinha uma loja de doces, Breno! - Aline, sua colega de trabalho dizia. - É sério isso, Dário?

Ele, Aline e Dário tinham ido a uma boate para comemorar a primeira semana de Breno como supervisor dos estagiários. Ele tinha ido muito bem e recebido muitos elogios, não só dos estagiários, mas dos diretores.

- Sim! - Dário respondia a ela - E todos os doces tinham um nome diferente.

E Dário contava tudo para Aline que ficava chocada com isso e ria horrores, a bebida já tinha a deixado mais animada do que o normal.

- Por isso o Breno nunca reclamou de levar as sobremesas nas reuniões! E eu achava que ele comprava.

- Breno é um excelente confeiteiro.

- Não é para tanto, Dário - Breno resolveu se pronunciar, já estava ficando sem graça com tantos elogios. - Vamos mudar de assunto.

- Já que quer mudar de assunto - Aline falou jogando o cabelo para trás e dando um sorriso malicioso. Breno já tinha se arrependido antes mesmo dela falar - Não vai pegar ninguém hoje, Breno?

- Vamos voltar aos doces. - Breno falou e Dário riu.

- Ele está focado em um homem agora, Aline. - Dário confessou e Breno deu um tapa em seu ombro - Ai! É verdade.

Entre o amor e o sucessoOnde histórias criam vida. Descubra agora