6. Dores em Flores.

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Seo Yeon.

Eu sempre pensei sobre o meu futuro. Talvez o fato de ter crescido sozinha me fez acreditar que toda a minha vida seria solitária. Mesmo que fosse depois dos trinta, eu não era capaz de me ver casada e com filhos. Mas a vida me surpreendeu, não uma só, mas duas vezes seguidas. Isso me fez perceber que pensar demais talvez fosse o meu maior defeito.

Suspirei enquanto passava o dedo por cima do hematoma roxo nas costas da minha mão e devolvi o curativo para o lugar. Aquele era o lugar que me fazia lembrar de tudo que estava acontecendo. Aquela era a veia em que eu sempre recebia medicação para manter o bebê dentro de mim por pelo menos mais alguns dias. A dolorosa lembrança de que mesmo após um mês nós ainda estávamos lutando juntos para permanecer vivos.

Mesmo que estivesse rodeada de pessoas que amavam ao bebê e a mim, eu ainda me sentia culpada e angustiada. Talvez se eu não tivesse sido tão egoísta... Fechei os olhos com força me lembrando daquela noite e senti o ar fugir de meus pulmões.

O suor escorria pela minha nuca, mas eu tremia de frio. A dor instável em meu ventre e sensação de estar encharcada. Eu gemi baixinho, um gemido rouco e doloroso, me forçando a acordar. Agarrei os lençóis com força e me sentei, fazendo o possível para não me desesperar.

Liguei o abajur ao lado da cama e o pânico se instaurou em meu ser. As cobertas estavam manchadas de sangue, assim como o meu pijama azul. Eu senti medo.

Acariciei a minha barriga e mesmo sentindo dores, eu senti o bebê mexer. Seu pequeno pé acertando a minha parede uterina para me lembrar que ele estava lá.

Qualquer pessoa em sã consciência correria para o hospital, mas eu não o fiz. Por puro egoísmo eu não movi um dedo para tentar me salvar ou salvar o meu filho. Eu não queria estar doente e não queria que as coisas saíssem do que eu havia planejado. Tudo precisava seguir de acordo com os planos.

Eu fui ingênua e filha da puta.
Eu quase deixei o meu próprio filho morrer. Ele não me perdoaria nunca e eu esperava que fosse incapaz de amar uma mãe que o fez tanto mal. Eu não merecia o meu filho.

— Senhorita Park? — o motorista chamou a minha atenção e eu abri os meus olhos. — Nós chegamos.

Observei ao redor e vi que estava no estacionamento da YG Corporations, onde Hoseok provavelmente estaria trabalhando naquele horário.

Está em casa sozinha por muito tempo sempre me deixava entediada, ainda mais quando eu sequer podia levantar da cama ou do sofá por muito tempo. Nos últimos dias eu havia decidido ficar um pouco fora de casa, mesmo que fosse por alguns minutos em uma volta de carro com o motorista que estava sempre a minha disposição ou as visitas a família de Hoseok. Diga-se de passagem que a última era a minha favorita.

Naquele dia eu havia decidido visitar o próprio durante o seu expediente. A última vez em que havíamos nos visto havia sido de manhã cedo quando ele me acordou com alguns beijos para avisar que meu café estava pronto. Assim como havia prometido, Hoseok preparava o meu café da manhã da manhã todos os dias, fosse antes de ir para o trabalho ou depois de ficarmos agarrados na cama a manhã quase inteira.

Eu podia dizer que tínhamos uma vida de casados quase perfeita. Fazíamos o que estava ao nosso alcance para cuidar e amar um ao outro. Claro que tínhamos falhas, mas aprendemos a amar cada uma juntos.

Após sair do elevador, passei pela recepção. A secretária de Hoseok sempre me olhava de cima a baixo e mesmo mantendo o respeito, eu via que ela tinha algo contra mim. Bem, aquilo não era da minha conta e eu realmente não me importava, mas olhar para ela me fazia perceber o quanto eu sentia falta de Jimin.

HUSH ME {Jung Hoseok}Onde histórias criam vida. Descubra agora