Capítulo I - Medo.

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02/10/2003, um dia antes da cerimônia de coroação:

O relógio no meu pulso marcava 14:40 horas. Naquele dia eu tinha que ir ao Ateliê da estilista Roseanne Park. Ela me comunicou que precisava fazer os últimos ajustes no vestido, o qual usaria no dia da Assembleia de Coroação.

A senhorita Park é muito simpática. Ela trabalha para a corte desde que foi transferida do plano terreno ao celeste. Além disso, ela é muito profissional! O seu dom lhe permite fazer diversas túnicas belíssimas para os anjos de Versalhes.

Confesso que não sei muitos detalhes sobre a sua passagem na terra, mas dizem que a senhorita Park cresceu na Itália em uma família católica. Já adulta, ela casou-se com o seu primeiro e único amor, Park Jimin. Depois de um tempo, eles se mudaram para Paris.

Segundo os relatos, o seu marido não gostava da ideia de abrir um ateliê, mas ao perceber que se tratava do sonho de sua amada, ele decidiu ajudá-la. Não demorou para que o Ateliê fizesse sucesso na grande Paris, e o seu sonho finalmente fosse concretizado. Embora se sentisse realizada pelo sucesso do seu trabalho, esse não era o único sonho da moça, pois existia algo que fazia o seu coração errar as batidas.

A senhorita Park tinha vontade de gerar uma criança, mas por azar do destino, o seu sonho foi interrompido devido a uma má formação durante a gestação de sua mãe, tornando-a uma mulher estéril. Mesmo sabendo disso, a senhorita Park persistia em realizar o sonho de ser mãe.

A estilista tentou engravidar até o seu último dia de vida, mas infelizmente a dor somada à frustração e a tristeza rondavam o interior da sua mente, ocasionando uma depressão profunda na senhorita Park. Devido ao seu transtorno mental, a moça faleceu de tristeza nos braços do seu marido, exatamente no dia em que completavam dez anos de casados.

Assim que a estilista Roseanne foi transferida para o Reino dos Céus. Deus libertou o seu corpo e lhe deu a benção de engravidar, mas desde então a moça nunca se relacionou com ninguém, e tampouco teve filhos.

Se essa história for verídica, eu espero que o marido da senhorita Park possa encontrá-la, porque agora eles podem construir uma família feliz e saudável.

Apressei-me para sair do quarto, pois eram exatamente 15:00 horas. Ao chegar no salão principal do palácio avistei uma cena incomum. O meu pai estava em casa!

Isso podia significar duas coisas:

Primeiro: Algo muito ruim estava acontecendo;
Segundo: Ele finalmente lembrou que tem uma família.

Sendo sincera, a segunda opção aparentava ser mais convincente, já que Deus sempre está muito ocupado salvando os mundanos dos trilhos do pecado.

Para alguns, ter um pai ausente pode até parecer anormal mas, para mim, isso é algo muito comum. Durante a minha infância quase não via-o em casa, consigo lembrar-me apenas de alguns flash 's dele brincando comigo.

Deus passava a maior parte do seu tempo no plano mundano, ou na divisa entre os quatro reinos, o Limbo.

Resumidamente, o Limbo, ou Palácio de Vincennes, é o lugar onde os deuses e os demônios se encontram para julgar o destino dos mortos. Confesso que tenho medo de conhecer esse lugar, pois segundo o meu pai, não é um ambiente muito agradável. Embora tivesse receio, existia algo que me condenava. Eu sou a filha primogênita de Deus! Logo mais completarei a maioridade e terei que participar ativamente de todas as decisões importantes que ocorrem no Limbo.

- Pai, quanto tempo! Estou com saudades do senhor. - Joy pronunciou-se em voz alta, demonstrando a alegria que sentia por vê-lo em casa. - Como o senhor está? - corri na sua direção enquanto esbanjava um enorme sorriso. -Não deveria descansar um pouco? O senhor aparenta estar exausto!

𝔔𝖚𝖆𝖓𝖉𝖔 𝖔 𝖈é𝖚 𝖊𝖓𝖈𝖔𝖓𝖙𝖗𝖆 𝖔 𝖎𝖓𝖋𝖊𝖗𝖓𝖔 Onde histórias criam vida. Descubra agora