→ Aquele com o caso

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Terça-feira, 23 de junho de 2020Stephanie

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Terça-feira, 23 de junho de 2020
Stephanie


Saltitando, vou até a portaria, pois estou indo pegar minha encomenda: um livro novinho em folha com cheirinho de livro novinho em folha!

Quando chego no balcão, fico preocupada ao não ver Alex e sim um homem mais velho, barbudo, que comia uma fatia de pizza. Ele me vê e sobe a máscara que estava em seu queixo.

— Bom dia. Vim buscar uma encomenda para o 305. — sorrio, apesar de ele não conseguir ver.

— Um minuto.

O homem faz um barulho ao se levantar da cadeira, se agachando para procurar, nos diversos pacotes, o meu pedido. Estranho quando ele coloca duas embalagens sobre o balcão. Uma parecia bem pesada. Penso que deve ser de Jungkook.

— Coloca seu nome aqui e aqui, por favor. — o porteiro me entrega uma caneta e aponta para os espaços em branco no papel.

— Então... — digo, assinando meu nome no documento. — Onde o Alex está? Ele não ficava no turno da manhã até a tarde? — pergunto, entrego o papel e me debruço em cima do balcão pra espiar a copa.

— Ele tá com Covid. — o porteiro diz, levantando os ombros. — Vou ficar aqui pelas próximas semanas.

— Ah... — pisco algumas vezes. — Sabe se ele está bem? — arregalo os olhos minimamente.

— Não sei de mais nada. — o homem diz, cruzando os pés sobre o balcão. Recuo e faço uma careta por debaixo da máscara.

— Bem... Obrigada de qualquer forma. Tenha um bom dia. — forço um sorriso, pegando as encomendas. Nem ligo para o peso que uma delas tem.

— Pra senhora também.

Senhora?

Posso estar um pouco acabada, descabelada e com um moletom que não lavo há quatro dias... Mas isso não é motivo para me chamar de senhora.

Só o Alex podia me chamar assim.

Ignorando minha chateação, ando em direção contrária à portaria. Quando entro no elevador, as palavras do porteiro me deixam apreensiva e angustiada.

Alex está com Covid.

Ele é jovem.

Mas e se tiver complicações?

E se tiver que ser entubado?

Não. Isso não vai acontecer...

Começo a sentir meu coração acelerar e balanço a cabeça, na tentativa de afastar os pensamentos ruins.

Não consigo ouvir mais nada. É como se meus ouvidos estivessem tapados para qualquer tipo de barulho ou ruído vindo de fora.

A porta do elevador se abre e aproveito para passar o álcool em gel, desajeitadamente, por conta das mãos ocupadas. Abro a porta de casa e tiro a máscara do rosto, inspirando fortemente para recuperar o fôlego. Coloco as encomendas sobre o balcão da cozinha.

PANDEMICOnde histórias criam vida. Descubra agora