Quando Stephanie (e o mundo inteiro) recebe a notícia sobre um novo vírus, um imprevisto acontece.
Ela está decidida a resolver o mais rápido possível. Mas terá que conviver com seu vizinho mesquinho. Justo ele.
Os dois serão obrigados a lidar com s...
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Terça-feira, 22 de setembro de 2020. Stephanie
Hoje acordei diferente.
Jungkook deve ter feito algum tipo de lavagem cerebral comigo, treinando na minha frente todos os dias durante os meus meses aqui. Porque acordei com uma vontade imensa de movimentar meu corpo. E quando eu digo imensa, quero dizer que calcei meus tênis com tamanha determinação, como se eu fosse capaz de escalar o Monte Everest.
Porém, aqui estou eu, sentada no banquinho do parque, passando mal por ter corrido o quarteirão inteiro.
O ar entra e sai dos meus pulmões tão rápido que sinto que não aproveito o oxigênio. Tomo mais um gole da garrafinha de água que roubei da geladeira de Jungkook e amasso o plástico quando vejo que não resta nenhuma gota.
Quando me recupero, levanto-me do banco e caminho em direção à saída do parque como se estivesse com dor de barriga.
Agradeço mentalmente por não ter mais ninguém aqui para ver que não me exercito há mais de um ano.
Seleciono minha playlist de músicas favoritas e a voz do Ed Sheeran alcança meus ouvidos, me fazendo sorrir instantaneamente.
— Just stay here and be right now. — cantarolo, virando a rua.
Estou curtindo a música, trotando no meu próprio ritmo, para não ir além do que aguento. E é quando o toque do meu celular me interrompe.
Franzi o cenho e fiz um bico, mas minhas feições suavizam ao ver o nome da minha mãe na tela.
Mas, pela primeira vez, hesito em atender uma ligação dela.
Meu polegar paira sobre a tela, e fico dividida entre atender ou não. Ignorando o mal pressentimento que surgiu no momento em que olhei para o celular, aceito a chamada.
— Oi, mãe.
— Filha, onde você está?
A voz dela parece fraca.
— Mãe, tá tudo bem? — pergunto, ignorando sua pergunta.
— Filha, eu... — ela faz uma pausa e escuto um suspiro seguido de uma fungada.
Meus passos perdem a força.
Tem alguma coisa errada.
Paro no meio da calçada, com as mãos na cintura.
— Mãe?
— Preciso te contar uma coisa, Steph.
Meus ombros tensionam.
— A sua vó se queixou de algumas dores no coração. Levamos ela para o hospital e... — sua voz falha e sinto o meu coração acelerar. — Ela teve que fazer uma cirurgia emergencial.
— Peraí, o quê? Mas ela estava tão bem quando eu visitei vocês. — meu rosto se contorce, o cenho franzido. — O que ela tem?
— O médico disse que era cardiopatia isquêmica... Parece que alguns vasos do coração romperam e com isso as células foram morrendo.
Mais uma pausa.
Sinto minhas mãos suando.
— Ah, Steph... Não paro de pensar que as coisas teriam sido diferente se ela tivesse seguido uma rotina de ir ao médico... Teríamos percebido antes e ela poderia ter sido tratada. — do outro lado, ouço minha mãe chorar baixinho.
— Mas... como ela tá agora? — pergunto e a linha fica muda. — Mãe.
— A cirurgia tinha que ser feita, mas pela idade da sua avó era arriscado...
— Mãe. Eu quero saber como ela tá. — digo, desesperada, com medo da resposta.
— Filha...
A forma com que ela diz meu nome, tão dolorosa e sôfrega, basta como resposta.
Minha mãe continua falando do outro lado da linha, mas tudo que escuto é um zunido alto no ouvido.
Não pode ser.
Meu celular cai da minha mão, mas é segurado pelo fone de fio.
Não...
— Vozinha. — murmuro, cobrindo a boca com a mão.
Sento no meio-fio, minhas mãos e pernas trêmulas. Balançando a cabeça negativamente, fecho os olhos e tento controlar minha respiração.
— Nós não queríamos preocupar você, era seu aniversário. Por isso não falamos nada... — sua voz sai baixa.
— Deviam ter falado. — digo, ressentida.
— Foi um pedido da sua avó. — minha mãe diz.
É a cara dela fazer isso, penso.
— Eu não me despedi dela... — um soluço escapa da minha garganta e percebo que estou chorando. — Se ela tivesse me falado, eu poderia ter me despedido. — franzi o cenho, cruzando os braços.
— Eu sinto muito, filha... Ninguém pensou ma possibilidade de... — ela não termina a frase.
Nós duas ficamos ali, por alguns minutos, chorando. Ouvi minha mãe desabafar do outro lado da linha e ela fez o mesmo comigo, me consolando por não ter tido a opção de me despedir.
— Eu queria estar aí com você. — minha mãe diz.
— Eu também queria estar aí, mãe. — funguei, afastando o cabelo da frente do rosto. — Queria muito.
Conversamos por mais uns minutos e desligamos.
Com a cabeça entre as mãos e cotovelos apoiados nos joelhos, continuo a chorar baixinho.
A música volta a tocar e sei que nunca mais vou escutá-la da mesma forma. Retiro os fones de ouvido depressa e cubro a boca com a mão.
Estou cheia de dúvidas que bombardeiam a minha cabeça. E sinto o desejo repentino de silenciar tudo.
Olho para frente, observando o parque pouco movimentado, as ruas vazias, nenhum carro. O vento bate contra meu rosto e as lágrimas que molharam minha bochecha começam a secar.
Me sinto vazia.
A ideia de saber que nunca mais sentirei seu toque e ouvirei sua voz faz com que eu sinta meu coração pesar. Mas chorei tanto que não restaram mais lágrimas. Fico encarando o movimento das folhas das árvores com o vento.
Depois, meu olhar passa por cada loja fechada. Até que a única aberta ganha minha atenção. É uma lojinha de conveniência.
Levanto e caminho em direção ao letreiro. Subo a máscara para cobrir a boca e o nariz e, quando entro na loja, um sininho dispara.
Caminho entre os corredores e paro ao lado das bebidas.
Sei que estou fazendo uma besteira ao pegar a garrafa de vinho mais barata dali. Mas, de qualquer forma, vou até o caixa e pago pela bebida.
Ao sair da loja, abro a garrafa com um pouco de dificuldade e dou o meu primeiro gole.
———————————————————— Mochis!!! Não acredito que já faltam 10 capítulos para a fic acabar 😭
Passou muito rápido, tô ficando emotiva.
Postando esse capítulo no início de Janeiro pra desejar um ótimo ano pra vocês!🤍✨