Cɑp. 26

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Ethan

Depois de tanto Kate insistir para vir ao shopping porque queria comprar uma nova coleção de livros eu não consegui dizer não mesmo estando morto de cansaço. Ser pai não é só alegrias, requer sacrifícios e muita dedicação. Enquanto dirijo em direção ao estacionamento olho para a doce garotinha ao meu lado com um sorriso largo no rosto.

─ Uau! Ela murmura. ─ Papai podemos ir no parquinho depois?

─ Claro. ─ Falo sorrindo.

─ Eba! ─ Ela comemora.

Reduzo a marcha fazendo a curva para subir a rampa que dá acesso ao estacionamento coberto. Em uma manobra perfeita estaciono meu Civic entre dois carros. Ajudo Kate a soltar o cinto de segurança e abro a porta para ela. Saímos e travo as portas, seguro sua mão pequena e andamos em direção a porta de vidro automática. A porta de vidro se abriu liberando uma onda de luz e frio devido ao ar condiconado. O teto alto de vidro era decorado com um lindo lustre enorme de cristal ao centro da entrada principal, o movimento de pessoas estava razoável para uma terça-feira comum. Kate e eu seguimos em direção a biblioteca, enquanto íamos até lá Kate foi contando o dia dela na escola e algumas vezes conseguia perceber olhares de algumas mulheres em nossa direção. Todas com aquele olhar como se eu fosse um sonho de padaria. Já estava acostumado com isso.

─ Ethan! Parei encarando aquele rosto.

Ela estava mais velha assim como eu mas reconheceria o rosto dela sem medo, os olhos castanhos ainda tinham aquele brilho juvenil, só os cabelos loiros que agora estavam platinados.

─ Melody! nossa quanto tempo. ─ Ela me surpreende com um abraço.

─ Nossa como é bom te ver.
─ Murmurou ela ainda me abraçando.

─ Bom te ver também. Interrompo nosso abraço. ─ Você está ótima.

─ Obrigada você também não está nada mal. ─ Ela sorri olhando pra mim mas logo ela olha para Kate. ─ Meu Deus! como você cresceu. ─ Melody fala emocionada.

─ Pois é Kate está com sete anos.

─ Nossa como o tempo passa, parece que foi ontem que fui visitar minha amiga na maternidade. Oi Kate.

Kate olhou desconfiada para a mulher como se quisesse saber quem era.

─ Kate, Melody era a melhor amiga da mamãe.

─ Oi. ─ Kate fala sem graça.

─ Bom eu estou indo encontrar meu noivo mas antes me passa seu número, quero muito que vá ao meu casamento.

─ Claro. ─ Pego meu aparelho no bolso dianteiro e anoto o telefone dela e ela o meu.

─ Às vezes fico lá em casa olhando as fotos dela e me dá uma saudade tão grande, sinto tanta falta da minha amiga. ─ Ela confessou.

─ Também, ela me faz muita falta.

─ Imagino, mas e essa aliança de compromisso aí? ─ Ela aponta para a aliança prata no meu dedo.

─ Demorou um pouco para abrir meu coração novamente mas aos poucos  estou me apaixonando de novo.

─ É isso aí Ethan, sei que Silvia estaria feliz com isso, ela te amava muito e não iria querer que ficasse preso ao passado.

─ Verdade, foi um pouco estranho no começo afinal Silvia sempre foi a única mas Marie é uma mulher maravilhosa e eu realmente tenho aprendido a gostar dela.

─ Bom espero conhecê-la no meu casamento já gostei dela.

─ Vamos sim me manda o convite.

─ Pode deixar. Tchau gatinha.

─ Tchau.

─ Tchau Ethan a gente se fala.

─ Está bem. Nos despedimos e seguimos em direções opostas. Foi bom ver a Melody me trouxe uma sensação de nostalgia, tempos que não voltariam nunca mais. Silvia sempre será uma parte de mim.

─ Olha pai. Ela chama a minha atenção apontando para um tênis rosa com lilás  na vitrine.

─ Não vou comprar mais um tênis. Você já tem sapatos demais.

─ Mas pai! todas as meninas da minha sala compraram ele. Ele vem com uma linda boneca Lol. ─ Ela solta minha mão cruzando os braços.

─ Primeiro você já tem sapatos, alguns até novos, segundo você não é todo mundo e em terceiro não vou pagar 300 dólares em um sapato por causa de uma bonequinha Lol.

─ Por favorzinho pai, eu juro que não te peço mais nada até meu aniversário. Ela ajunta as mãos em prece fazendo uma cara de autopiedade. Tudo para tentar amolecer meu coração.

─ Não Kate, vamos logo a biblioteca antes que eu desista.

─ Você é chato! ─ Ela resmunga e anda na frente.

" Não disse ser pai não é moleza. Tem horas que temos que ter pulso firme do contrário eles montam em você."

─ Como é Kate? ─ Murmuro indignado. Kate nunca disse algo assim antes.
─ Eu me mato de trabalhar para te dar o melhor e você tem coragem de dizer que sou chato. Vamos embora e você está de castigo. Ela começa a chorar.

─ Desculpa papai você não é chato eu só queria muito o sapato.

─ E eu disse que você não precisa de mais um sapato. Kate existem milhares de crianças que não têm nada do que você tem e ainda assim são gratas.

─ Eu sei pai. Desculpa.

Respirei fundo relaxando meus ombros.

─ Vamos só na biblioteca compra esses livros depois vamos embora, quando a senhora aprender a se comportar e obedecer vamos no parquinho. Seguro a mão dela. Kate protesta com mais lágrimas de crocodilo e um escândalo. Todo mundo olhava para nós e juro meu sangue estava fervendo, minha vontade era de dar uns tapas nela mas prometi a mim mesmo que a criaria da mesma forma que meus pais me educaram.

─ Kate vamos embora se você continuar com esse ataque. Rosnei entredentes. Ela parece se dar conta que estou sendo sincero e para com o showzinho. ─ Quando chegar em casa a gente vai ter uma conversa.

O que aconteceu com essas crianças de hoje? no meu tempo bastava meu pai dar uma olhada que pronto. Não, era não e pronto.

{...}

Estacionei o carro na garagem e saímos. Meu celular começa a tocar e o pego enquanto subimos.

─ Oi amor. Falo primeiro.

─ Oi gatinho já chegou do shopping?

─ Acabei de chegar.

─ Oi Marie! ─ Kate fala mais alto.

─ Oi meu amor. Marie fala animada.

─ Ela disse oi filha. Murmuro enquanto empurro a porta. ─ Amor posso te ligar daqui a pouco?

─ Tá bom, beijo.

─ Beijo. ─ Falo antes de encerrar a ligação.

Deixo as sacolas do supermercado e da biblioteca em cima da ilha.

─ Agora vamos conversar dondoca. Kate senta na cadeira. Sento ao seu lado. Nossa conversa será longa.

Depois do jantar e de colocar Kate para dormir entrei no meu quarto um verdadeiro bagaço. Só queria tomar um banho e deitar na minha cama. Tomei um banho rápido e em pouco tempo já estava tirando as almofadas da cama, deitando nela depois. Nada como estar na nossa cama. Lembrei de ligar para a Marie mas já passava das onze, ela costuma dormir cedo não queria acordá-la mas precisava ouvir sua voz mais uma vez para matar a saudades. Chamou por umas duas vezes até ela atender com a voz rouca de sono. A gente não se vê todos os dias, às vezes a rotina pesada nos impossibilitava mas era também um treino para quando ele estiver na residência, sei que serão três anos difíceis para nós mas eu realmente me vejo com ela por muitos anos, eu não abriria mão dela nem que ela me pedisse isso.

Destinos Cruzados ( Obra concluída )Onde histórias criam vida. Descubra agora