Cɑp. 35

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Ethan

Estou terminando de interrogar mais um dos suspeitos de um sequestro quando recebo uma ligação do hospital regional de São Francisco, estranhei a ligação e interrompo imediatamente a conversa, saio da sala sob um sentimento ruim. Atendo a ligação e a voz suave de uma moça é quem anuncia meu pior pesadelo. Marie havia sofrido um acidente. Deixo tudo para trás, não consigo pensar muito menos respirar, só quero ver minha esposa, ver que ela está bem. Em segundos já estava entrando em uma das viaturas.

{...}

Quando parei ali no estacionamento coberto do hospital era como se tudo que tivesse vivido com Silvia voltasse à tona. As portas de vidro se abrem liberando uma onda de luz e aquele cheiro característico de hospital. Sigo direto para a recepção. Marie estava na emergência sendo atendida e segundo a recepcionista teria que aguardar o médico. Liguei para os pais da Marie que estavam vindo do Texas para cá de avião, foi só o tempo de guardar o celular no bolso da calça que Kristen entrou feito um foguete indo direto para a recepção, estranhei o fato dela estar ali já que não tinha avisado nada para ela ainda. Quando ela notou minha presença ela caminhou rapidamente até onde estou. Seus olhos verdes piscavam com as lágrimas e só então me dou conta que isso não é um pesadelo Marie realmente estava aqui. Não consigo imaginar meu mundo sem ela, não quero perder mais um grande amor.

─ Notícias? ─ Kris pergunta secando as lágrimas.

─ Nada ainda. Essa angústia está me matando.

─ Eu sei, quando o Bernardo me ligou e disse o que tinha acontecido com ela. Eu não posso acreditar que isso aconteceu. ─ Sua voz saiu embargada. Kris seca as lágrimas e acaba se sentando em uma das cadeiras.

No começo da tarde Bernardo saiu da sala de emergência e vou até ele.

─ E como está a Marie? O que houve?
─ Começo a bombardia-lo com perguntas. Kris também levanta vindo até nós.

─ Bom... Marie sofreu algumas escoriações pelo corpo e também uma concussão cerebral não sabemos a gravidade ainda, tem um neurologista acompanhando ela agora. Marie passou por uma tomografia logo vocês terão notícias mais precisas é só o que tenho no momento.

─ E o que significa isso? ─ Questiono preocupado.

─ Ethan uma concussão cerebral significa que Marie sofreu uma lesão traumática no cérebro que acaba alterando o estado de consciência e pode resultar em modificações neurológicas temporárias ou não, ainda é cedo pra dizer se a concussão afetou alguma parte neurológica dela.
─ Bernando explica o diagnóstico mas me sinto confuso, não consigo assimilar suas palavras.

─ Ela afeta temporariamente funções normais do nosso cérebro Ethan como memória, concentração e equilíbrio mas isso não significa que aconteceu com a Marie, é como bater a cabeça em casa não sabemos a gravidade até o paciente estar recuperado. ─ Kris murmura.

─ Eu quero ver minha esposa.

─ Sinto muito Ethan mas agora não será possível. Assim que o doutor Steven terminar com a avaliação eu mesmo autorizo a sua entrada.

─ Obrigado Bernardo.

─ Imagina Ethan Marie é especial para nós dois. ─ Ele fala com um certo pesar na voz.

─ Mesmo assim obrigado.

Bernardo apenas concorda com a cabeça e segue em direção a outra família que assim como nós também aguardavam notícias. Depois de algum tempo consegui sentar.

─ Ela vai ficar bem Ethan. Marie é a pessoa mais forte que conheço.

─ É Kris você tem razão. ─ Passo as mãos pelo meu cabelo completamente frustrado.

As horas seguintes foram torturantes. Nada parecia acontecer e a cada quinze minutos estava indo até a recepção atrás de notícias. Um pouco antes que pudesse ir incomodar a recepcionista novamente um médico de estatura alta, cabelos grisalhos saiu da emergência.

─ Quem são os acompanhantes de Marie Carter?

─ Eu sou esposo dela.

─ Ótimo senhor Carter.

─ Doutor Jensen como está a Marie?
─ Kris se adianta.

─ Ela está estável, já está medicada porém inconsciente, vamos manter ela assim pelos próximos dias até o cérebro dela perder o inchaço.

─ Mas e a concussão? ─ Agora é minha vez de interrogá-lo.

─ Bom senhor Carter é difícil dizer já que o cérebro humano é imprevisível é cedo para afirmar se houve algum dano. Precisamos esperar ela se recuperar.

─ Posso ver ela agora?

─ Sim senhor Carter, pode vir comigo.

Agradeço e o sigo pela ampla porta branca que dá acesso a emergência. Passamos por um corredor de ladrilhos brancos e seguimos até o final dele onde outra porta branca nos espera. Ele abre a porta e o local consegue ser ainda mais gelado. Os leitos eram separados por cortinas pesadas. Os sons da aparelhagem me fazem reviver um momento em que não queria recordar nunca mais. Quando ele parou no leito 34 e vi Marie ali inerte com os olhos fechados, escoriações pelo seus braços, um corte em seu lábio superior, sua testa envolvida em ataduras foi a pior sensação que já senti. Me aproximei com cuidado e toquei sua mão.

─ Ela está bem senhor Carter, em breve ela estará em casa.

─ Obrigado doutor.

─ Disponha esse é meu trabalho... preciso ver outro paciente você tem trinta minutos, infelizmente a UTI é um lugar de alta contaminação por isso não pode ficar muito tempo.

─ Tudo bem.

─ Com licença.

─ Fique a vontade.

O doutor Steven se retira nós deixando a sós. Seguro sua mão ainda mais firme.

─ Eu te amo tanto Marie, tanto que sei que vai voltar pra mim. Eu ainda não vivi metade do que quero viver com você. Quero te dar filhos, quero que envelhecer ao seu lado, quero te fazer muito feliz. ─ Sussuro querendo muito que ela escute tudo isso.

Eu não consigo entender como estou passando por isso tudo de novo. Não posso acreditar que falhei mais uma vez.

Destinos Cruzados ( Obra concluída )Onde histórias criam vida. Descubra agora