manipulation

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🚨 alerta de gatilho 🚨

esse capítulo contém cenas desconfortáveis para algumas pessoas, por favor, NÃO LEIAM caso sejam sensíveis com esse tipo de conteúdo mais violento, estou a disposição caso queiram saber um resumo sem que precisem ler.

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     Quinze chamadas perdidas e vinte e cinco mensagens não lidas. Porra, meu pai realmente estava afim de falar comigo ontem, penso. Me lembro de ter dito que não voltaria para o jantar, mas não o informei que não dormiria em casa, bom, nem eu sabia que não dormiria em casa, mas após o jantar decidimos ver um filme e acabou que ficou muito tarde para voltar. Coço meus olhos sentando na cama confortável do meu antigo quarto, mesmo não morando aqui minha mãe fez questão de que eu tivesse um lugar só meu.

    Olho para o lado vendo o loiro com a cara enfiada no travesseiro enquanto dormia tranquilamente, caminhei apressada até o banheiro para realizar minhas higienes matinais, dei uma última olhada em JJ que ainda mantinha uma respiração confortável, saí rápido do quarto para não correr o risco de acordar o garoto e ter o trabalho de o convencer a não me acompanhar até minha casa. O ambiente estava silencioso, indicando que Barry já não estava em casa e minha mãe provavelmente havia saído também, suspirei aliviada e saí pela porta da frente.

    Adentro, um pouco receosa, a enorme residência, tentei subir as escadas silenciosamente a fim de passar despercebida pelo homem sentado na enorme sala de reuniões que tinha a porta entreaberta, não consegui dar dois passos em direção ao andar de cima antes de escutar sua voz chamando meu nome. Maldita hora em que planejaram essa casa e fizeram essa sala de frente pra entrada.

   Encaro meu pai ainda parada na porta do local que ele se encontra e penso se devo ou não me sentar na poltrona à sua frente, dependendo do humor em que ele se apresenta e do assunto que quer tratar comigo em plena manhã de quarta-feira, permanecer em pé e o mais próximo possível da saída me parece boa escolha.

- Vai ficar ai me olhando?
- Vai parar de enrolar e dizer logo o motivo de ter me feito voltar pra essa ilha?
- Senta Harley - O homem manda com a voz dura.

Caminho até a enorme cadeira acolchoada e me sento ainda hesitante, não me sinto suficientemente segura em estar tão perto assim dele.

- A partir de hoje você é a nova dona do The Willians.
- Desculpe, o que? - Arregalo os olhos.
- Você ouviu bem, eu passei a escritura do The Willians pro seu nome, a partir de agora a chefe é você - Trevor diz sério olhando em meus olhos, suas mãos apoiadas no queixo enquanto um sorrisinho cínico se forma em seus lábios.
- Ser chefe da porra de um Cassino? - Perguntei incrédula - Você só pode estar de brincadeira.
- É o nosso Cassino, você já é uma adulta, confio em você o suficiente para isso, então qual é o problema? - O homem questiona com a cara mais lavada do mundo, cruzo os braços, ainda sem acreditar no absurdo que estou ouvindo.
- Não é o nosso Cassino, é o seu Cassino! - Exclamo, tenho certeza que meus olhos transparecem toda a fúria que estou sentindo - De onde tirou que eu concordaria com isso? Você só pode ter enlouquecido de vez Trevor.
- Não espero que você concorde, não é uma escolha a ser feita Harley, agora a responsabilidade é sua, quer você queira, quer não. - A raiva agora toma conta de sua voz também e ele se levanta batendo as mãos na grande mesa em sua frente enquanto permaneço sentada na outra ponta.

- É sempre assim, não é? Você nunca quer saber se eu vou concordar ou não, apenas saí por ai como se fosse o dono do mundo me mandando fazer suas merdas por você como se eu fosse a porra de uma adolescente que ainda é manipulada sempre que você não pode sujar as próprias mãos - Despejei e segui sua postura, estapeando a mesa com todo o ódio que subia em minhas veias.
- Você é a minha filha e vai fazer o que eu mandar e quando eu mandar, está me ouvindo? Quero que você tenha ciencia do quão importante é o nome que carrega, estou fazendo para te proteger, deveria me agradecer por isso! - Meu pai esbravejou me fazendo estremecer.
- Te agradecer? - Ri sarcástica me afastando da mesa - Eu fiz tudo que você me pediu, eu tive que abandonar meus amigos, eu era uma criança e você me mandou sozinha para outro país com a desculpa de me formar apenas pra que eu fizesse seu trabalhinho sujo, eu nunca pedi pra carregar o mesmo nome que você, acha que está me protegendo? Você é um pai de merda Trevor, a única pessoa a quem deseja proteger é você mesmo! - Gritei com ele, deixando que as lágrimas de ódio escapassem por meus olhos involuntariamente.

O homem ficou imóvel.

   Podia ver mesmo de longe os lampejos de raiva passando por seus olhos castanhos, combinando com seus punhos cerrados em cima da mesa. Não tive tempo de correr até a porta como planejado antes que ele atravessasse o ambiente se direcionando em minha direção, tudo aconteceu muito rápido, suas mãos que antes estavam em cima da mesa agora estavam em contato direto com meu rosto enquanto ele me direcionava um soco de direita, acompanhado de outro, em seguida de uma dor aguda que pressionava todo meu abdomen, perdi as contas de quantas joelhadas eles precisou dar no meu estomago para que eu cuspisse sangue no piso de porcelanato branco, rapidamente movi minhas mãos ao local, quando o homem decidiu que era o suficiente permiti finalmente que meus joelhos tocassem o chão, eu não tinha forças para continuar em pé.

   Tossi um pouco, deixando que mais sangue fosse de encontro com o piso, levei minha mão esquerda à maçã do meu rosto, buscando meios de conter o sangramento provocado pelos socos repetidos na região.

- Se não quiser sofrer as consequências vai fazer o que eu mandar Harley, você precisa parar de ser uma criancinha mimada, você é uma Willians, e assim como diz o ditado, o fruto podre nunca cai longe da árvore - Trevor cuspiu as palavras na minha cara com uma expressão ameaçadora e deixou a enorme sala de reuniões.

    Não permiti que meus olhos soltassem uma só lágrima sequer, me recompus de pé novamente e me dirigi a saída, caminhando o mais rápido que consegui até meu quarto, após adentrar o mesmo passei as chaves pela fechadura e arranquei minha blusa fina em um só puxão, logo em seguida abrindo o zíper da saia e a deixando deslizar por minhas pernas, joguei longe os tênis que calçava e obriguei meus pés a andarem em direção ao banheiro. Abri o registro do chuveiro deixando que a água quente escorresse pelo meu corpo, observei o sangue indo embora pelo ralo e respirei fundo, eu vou comandar a porra desse Cassino, vou ser a pessoa que Trevor Willians jamais seria capaz de se tornar.

𝐆𝐀𝐍𝐆𝐒𝐓𝐀 - Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora