— Não! Isso não é verdade. — falei baixo, balançando a cabeça em sinal de negativo. — Juro que se você fez algo para ela, eu acabo com você. — esbravejei, olhando para o meu pai.
Minha mãe soltou minha mão lentamente e me deu um sorriso fraco, como se falasse para eu parar com aquilo.
— Vamos voltar a ser uma família, Kat. — o canalha teve a audácia de falar. Resmunguei "um caralho" para ele, mas sem tirar os olhos da mulher que estava na minha frente.
Não. Porra, não! Minha mãe não pode estar falando sério, ela não daria outra chance para esse homem, né?
— Sua mãe me falou que você tem um emprego, isso é ótimo. — ele continou falando em um tom casual. Qual o problema desse cara? — É bom saber que você não está depositando todas suas e expectativas no ouro.
Que porra ele acabou de falar?
— O quê você disse? — perguntei, tirando meu olhar da minha mãe e levando até ele.
— Ah, que ótimo! Consegui sua atenção. — ele disse, batendo palmas animado. — Você se tornou uma garota interessante, eu sabia que isso ia acontecer. Mas o fato de você querer brincar de pirata atrás de um tesouro nunca se passou pela minha cabeça.
— Do que você tá falando? — indaguei, torcendo para que eu estivesse entendendo errado tudo isso.
— Seus amigos podem acabar se machucando com essa brincadeira, é melhor tomar cuidado e parar de se meter onde não deve. — ele sabe do ouro. Ele sabe de tudo. Merda.
— Não ouse tocar neles, seu filho da... — quando comecei a andar na direção dele, minha mãe segurou meu braço com suficiente para doer.
— Não surte, Katherine. — ela falou com a voz baixa, com o mesmo tom de sempre. — Já falamos sobre fazer essas cenas. — fazer cena? Eu não acredito.
Minhas mãos continuavam tremendo sem parar e senti minha respiração ficar pesada. Uma mistura de sentimentos brigavam dentro de mim.
Medo, tristeza e raiva.
— Cena? É isso que está acontecendo para você? — a cada palavra que saía de minha boca, mais vontade eu tinha de chorar ali mesmo. — Sei que posso parecer uma filha da puta egoísta, mas eu estou pouco me fudendo! Esse canalha fez da nossa vida um inferno. Fez da sua vida um inferno!
— Não fale assim com o seu pai, Katherine! — ela gritou pela primeira vez.
Se eu acreditasse em coisa sobrenaturais, eu com certeza iria falar que minha mãe estava possuída ou enfeitiçada. Isto tudo só pode ser um pesadelo infinito.
Soltei meu braço de seu toque e caminhei na direção da porta.— Sei que você vai se arrepender de dar uma chance para esse monstro, mas eu não quero estar por perto quando isso acontecer. — disse, abrindo a porta. — Você fez sua escolha, e eu espero que procure quando estiver sã. — foi a última coisa que falei antes de sair de casa.
Limpei a lágrima de minha bochecha enquanto caminhava pelo quintal.
Eu era uma filha de merda, sei disso. Mas eu realmente achei que ela me colocaria em primeiro lugar. Minha mãe sabia dos pesadelos, sabia de como tudo aquilo me afetava, e mesmo assim, deixou aquele cara voltar para nossas vidas.
Estou tentando ao máximo manter minha cabeça aberta e meus pensamentos positivos, falando que ela está cega de amor e está sendo manipulada.
Enquanto eu caminhava pelo centro da cidade, totalmente sem rumo, fiquei revisando todas as palavras do meu pai. Estou ligando os pontos para descobrir como ele sabe do ouro e do nosso envolvimento. Acho que devo falar com meus amigos sobre isso, mas eu não estava na minha melhor condição no momento, então vou para casa de John B após tomar um café bem quentinho.
Talvez um café com bolinho cure a minha raiva neste exato momento.
Passei a mão pelo rosto uma última vez, para certificar de que eu não estava parecendo uma doida, e entrei na cafeteria. Não estava tão cheia, tinha apenas: um grupo de adolescentes em uma das mesas, um casal de idosos e outro grupo de pessoas.
As pessoas estavam até que bem arrumadas, considerando o fato de estarmos apenas em um cafeteria, e pelas roupas, devem ser kooks. O estabelecimento era no centro da cidade, quase no Figure 8, deve ser por isso mesmo.
— Eu quero um café grande sem açúcar e dois bolinhos de chocolate. Para viagem, por favor.— falei rapidamente, sem enrolação. O atende assentiu e eu entreguei uma nota de 10 dólares para ele.
Ele me deu o troco e avisou que já estava indo preparar, então dei alguns passos para lado, para não atrapalhar a fila. Eu até pensei em me sentar e esperar, mas estou tão cansada — psicologicamente e fisicamente — que é capaz de não querer levantar depois.
Bufei e massageei minha testa com as costas de minha mão. Quando tirei a mão do rosto, tive a visão de um grupo de rapazes entrando no local. Ao ver um rosto — muito — conhecido, desviei meu olhar para o atendente no outro lado do balcão.
Ele não me viu. Ele não me viu. Ele não me viu.
Minha cabeça repetia sem parar, mesmo sabendo que nossos olhares se cruzaram perfeitamente. Pensei em sair dali o mais rápido possível, mas eu tinha acabado de gastar 8 dólares no meu pedido, e não iria sair sem ele.
Alternei meu olhar entre o chão e minhas mãos. Eu tentava ao máximo não olhar para meu pulso, ele não estava roxo, apenas uma marca fraca em torno dele.
Com o canto de olho, consegui ver o atendente largando minhas coisas no balcão e voltando para o caixa. Mandei um sorriso em sua direção como agradecimento e peguei os bolinhos e o copo de café. Sem olhar para os lados, saí com passos rápidos da cafetaria.
Viu! Eu falei que ele não tinha me visto!
Dei menos de 10 passos pela calçada e escutei aquela maldita voz.
— Sério, Katherine? Vai mesmo fugir de mim? — meus olhos se reviraram contra a minha vontade.
Continuar andando ou correr se passou pela minha cabeça, mas as pernas de Rafe eram quase o dobro das minhas, ele me alcançaria facilmente.
Jasmime ou Clarisse?
Já tenho o primeiro capítulo escrito e não tenho nome 🤡🤡🤡
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𝙎𝙐𝙉𝙉𝙔 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣
Romance"- Vaza. - murmurei, sem olhar em um sua direção. - Esses seus foras já estão começando a doer. - ele falou com humor. Cruzei os braços e levei meu olhar para Rafe, o encarando." 🇧🇷