Acreditam que eu esqueci de postar o penúltimo capítulo? Sim, eu esqueci e fui perceber só hoje, então tá aí
.
- Jun, você é a pessoa mais preciosa do mundo, sabia? Vai tudo se resolver, eu prometo.
Junmyeon ouvia calado, sorrindo fino e olhando para a xícara em cima da mesa de vidro, segurando seus óculos na mão. Wendy sorria o mais abertamente possível, tentando confortá-lo.
- Ei, tome seu café. Fiz especialmente para você. - Sua boca de batom encostou na borda da xícara que segurava, olhando para ele. - O que há? Você só me deu bom dia e não falou mais nada. Está chateado? Eu também estou. Pensei que Dongkyu fosse mais inteligente.
A expressão de Junmyeon só não mudou para raivosa pois estava paralisada naquele sorriso infeliz. Por dentro tudo colapsava. Estava pensando no ontem.
O dia anterior foi o do sepultamento de Dongkyu.
Naquela manhã, um pouco antes do almoço, poucas pessoas compareceram para se despedir do prodígio da família Kim. A mãe chorou por todo o tempo, e seu marido, Junseok, esteve abraçado a ela. O irmão do meio, Minseok, chegou atrasado e também acabou caindo no choro, por mais que tentasse esconder secando o rosto com a manga da blusa. Junmyeon ficou sentado num canto com Wendy, perplexo. Quando todos se aproximaram para o encômio, o padre começou com um louvor em que todos o acompanharam de pé.
Porém, Junmyeon não conseguiu. Incapaz de soltar a voz para fora, tudo veio para dentro. Uma dor. Várias vozes. Tantas memórias soltas com imagens borradas, pareciam assustadoras. Sua cabeça doeu tanto, mas tanto, que acabou sentando na cadeira com as mãos nas têmporas, segurando-se para não surtar.
- Por que você não está me respondendo, Jun? Por que você está sorrindo? - Wendy perguntou, começando a ficar espantada. - Tome o café, está esfriando. Que tal irmos almoçar no restaurante da rua de cima, hein? Ou talvez no parque de diversões, só para quebrar esse clima ruim.
E então, um homem em sua memória. Aquele homem... Os lapsos eram tão rápidos que o irritavam e ele acabou por chorar, assustando os presentes no local. Wendy foi a primeira a acudi-lo, perguntando o que estava acontecendo, mas ele não conseguia responder, só sentia a dor em sua cabeça piorar e perdia o ar a cada segundo que se passava. Seu choro contínuo assustou as pessoas de tal maneira, que acabaram por pedir para que o padre tomasse a frente.
- Kim Junmyeon! O que está acontecendo? Toma o café, Jun! - Ela elevou a voz e segurou o celular, pronta para ligar para uma ambulância.
E sua respiração foi se normalizando cada vez mais, até que seu corpo não aguentasse mais a dor e a falta de ar que sentia. Caiu desacordado no colo de Wendy. O padre se curvou e tocou as mãos na cabeça de Junmyeon, rezando para que nenhum mal lhe acometesse, enquanto os outros presentes se organizavam para carregá-lo ao carro do padrasto.
- Junmyeon!
Ela bateu as mãos na mesa, fazendo com que a atenção de Junmyeon fosse desviada para seu rosto vermelho. Ele estava profundamente afetado por todos os momentos do dia antecedente e acabou por levantar subitamente da cadeira, largando os óculos na mesa, ainda com o sorriso no rosto, mas com os cantos levemente caídos. Seu queixo tremia. Wendy sentia medo de algo mais estar o machucando. A atmosfera estava cada vez mais estranha. Ela não sabia o que estava acontecendo com Junmyeon naquele momento.
Então Wendy resolveu se aproximar de Junmyeon. Pegou a xícara em mãos e chegou mais perto.
- Meu amor, por que você está assim? Alguém te fez mal? - perguntou em tom calmo.
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Esmaecidos
FanfictionAs marcas físicas do acidente deixadas no dançarino Oh Sehun não lhe deixavam tão triste quanto pensar que seu namorado, Junmyeon, não se lembrava mais de si. Pior ainda: que nem acreditasse ter sido apaixonado por um homem um dia. Mas quando Sehun...