EXTRA;;

59 10 0
                                    

Eu tenho isso escrito há um tempinho, mas fiquei com receio de postar por achar que está ruim. Depois de um amigo ler e achar aceitável, eu acabei tendo um pouquinho mais de confiança, então tá aí... Mas qualquer coisa eu apago e tal, porque meu nível de segurança tá -1.

   

.
    


Oi, Junmy.

Qual a melhor forma de começar uma carta? Eu perguntei uma vez pro Sehun, já que ele é muito experiente nisso, e ele disse que eu só preciso ser sincero. Eu vou tentar, eu só escrevia cartas no ensino fundamental pra nossa mãe no Dia das Mães.

Jun, eu gostaria de começar dizendo que eu sinto muito por não ter sido sincero antes. Eu quero me redimir agora... Eu sou um covarde. Eu deveria ter confiado que você poderia me proteger, sou burro e inútil. Me desculpa, Junmy.

Ontem a Wendy me deixou flores. Jun, ela me persegue há meses. Ela sempre está atrás de mim. Sehun já me defendeu dela duas vezes, mas eu acabei sendo prejudicado pela ajuda. Ela tem um ódio mortal pelo Sehun e acho que por mim também.

Junmy, por favor, não coloque a culpa na mamãe. Eu sei que ela apoia a Wendy em tudo o que ela faz, mas a mamãe só está deprimida. Eu acho que ela nunca superou a ida do papai. Na verdade, eu acho que ela sente rancor por mim por ele ter ido embora assim que soube que ela estava grávida uma terceira vez. Acho que é por isso que ela não me ajudou no tratamento da borderline… Ou ela achava que os meus problemas não fossem tão grandes quanto os dela… Eu não sei, Jun, só sei que a mamãe não gosta tanto de mim quanto gosta de você e do Minseok. Ela não gosta mesmo. Eu gosto dela, Jun. Eu amo ela. Eu espero que ela seja muito feliz.

Ela não me ama como ama você e Minseok porque o papai nos abandonou depois de ela engravidar de novo de mim. Eu sei que é minha culpa, eu deveria ter morrido bem antes de nascer, pelo menos não teria feito a mamãe se desgastar tanto criando três crianças sozinha. Não adianta você achar que eu tô enganado, porque eu encontrei um caderno debaixo do colchão dela e lá estava escrito o motivo do nosso pai ter ido embora, o que eu já suspeitava. Ele não queria me criar e nunca tentou contato comigo.

Junmy, sinto que a única pessoa que ficaria triste se eu morresse seria você. Sabe, a mamãe não dava a mínima quando eu falava sobre me odiar e querer morrer, uma vez ela disse "se você quer tanto morrer, porque você não morre?"

Eu me odeio, Jun. Eu odeio que eu não consigo fazer nada por completo, não posso escolher as decisões que vou tomar porque a mamãe acha tudo perigoso, me trata como um incapaz. Eu não sou nada perto de você e do Minseok. Eu não posso nem escolher o que eu quero para o meu futuro. Sabe que eu queria ser um historiador, né? Viajar o mundo que nem você, ou com você, porque deve ser tão legal fazer uma coleção de chapéus. Você era tão feliz fazendo as suas viagens e eu queria muito me sentir assim também, Jun. Eu nunca gostei de cursar direito!

A Wendy passava a mão em mim pra eu não te contar a verdade, Jun. Ela tinha um canivete e furou a minha barriga quando soube que eu tinha saído com o Sehun, doeu muito, mas mamãe só fez um curativo e disse que estava tudo bem. Wendy fazia coisas que eu não gostava, Jun… Eu odeio a Wendy. Eu odeio ela. Eu preferia que ela estivesse morta do que com você. Ela é uma pessoa horrível! Mentirosa! Ela sempre inventava mentiras sobre mim e sobre o Sehun e todos acreditavam. Eu tenho nojo dela.

Eu quero acreditar que a nossa mãe não sabe tudo o que a Wendy fazia comigo e que só acreditava na Wendy por estar muito velha pra raciocinar direito, porque senão é uma prova que ela me odeia também.

Todo mundo me odeia.

Eu sei que eu não sou alguém importante, não sou engraçado, nem muito bonito ou legal, mas eu não sou uma pessoa ruim. Eu queria muito que as pessoas mostrassem gostar de mim como você me mostra, mas elas só me deixam triste e parece ser sempre de propósito. Eu não sei o que fazer para mudar isso, Junmy. Sinceramente, eu sei uma alternativa e eu sinto muito por não ser mais forte do que isso.

EsmaecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora