Jack

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Por mais que eu tivesse saído na frente, não fazia ideia de onde estava o nosso meio de transporte. Foi quando parei ao pé do morro em que ficava minha casa, que Chris chegou ao meu encalço, rápido e silencioso. O que dado sua altura de quase dois metros e armadura de aço branco pesada, era um feito que me assustava.

— Sem pressa, garoto, eu nos levarei até a carroça — Ele diz, assumindo a frente.

Sam e Karol vinham sem pressa logo atrás. A presença do Sumo Comandante não costumava deixar as pessoas muito confortáveis, e eles dois não eram exceção. Sam apareceu repentinamente ao meu lado, usando sua velocidade, e então sussurrou:

— Jack, como você tá vivo depois de ter sido treinado por esse cara? Olha o tamanho daquela espada! Ele não te batia com ela, batia?

De alguma forma, Chris não havia apenas escutado, como respondido:

— Meu treinamento não é tão rigoroso. Mas não posso garantir que você sobreviveria a ele.

Como resultado, Sam se encolheu e voltou ao lado de Karol, que disse alguma coisa a qual não pude ouvir, e lhe deu um cascudo na cabeça.

Passados alguns momentos caminhando, seguidos por cumprimentos alegres e reverências das pessoas que avistam, respectivamente, a mim e logo em seguida Chris, — que de modo curioso, era sempre o último a ser visto — chegamos aos portões principais da facção da ilusão. Os colossais portões de pedra, portões que protegem essas terras a séculos, talvez milênios, e que só são abertos com a chegada de um dos 10 emissários, as pessoas mais influentes do planeta.

Eu só havia visto eles serem abertos uma vez ao longe, anos atrás, quando meu futuro mentor entrou na capital, para proteger a cidade, em um momento tempestuoso do passado. Agora, vendo eles sendo abertos de novo, e dessa vez frente a frente, posso constatar o quanto os emissários eram respeitados.

A entrada oficial da minha facção era uma passagem escondida, que só quem vivia acostumado em meio às ilusões seria capaz de ver. Enquanto os portões centrais, todos viam, mas poucos sonhavam em vê-los sendo abertos.

Quando os mecanismos terminaram seu funcionamento, o portão se encontrava totalmente aberto. Cerca de vinte guardas que ficavam em seus postos, na montanha, desceram rapidamente, se alinhando, e se curvando perante a presença do primeiro emissário, que com um aceno de mão, cruzou os portões, sendo coberto pelos raios da manhã, reluzindo em sua armadura branca com adornos dourados.

Soltei um riso quando vi, ao meu lado, Sam e Karol, boquiabertos pela cena que estavam presenciando. Me direcionando a eles, eu disse, cruzando os braços e olhando para meu mestre:

— É, ele gosta de esbanjar a própria grandeza.

— Estão esperando o quê? Esses portões precisam ser fechados. Vamos, pirralhos — Chris disse, e sua voz reverberou montanha acima, e vale abaixo. Os guardas saudaram enquanto ele descia em direção ao entreposto, à frente do portão.

Meus dois camaradas ficaram parados por um momento, enquanto eu segui em frente. Logo eles me acompanharam, mas olhando para trás, observando a passagem sendo fechada. Uma dúvida me ocorreu nesse momento.

— Afinal, como vocês entraram? — pergunto.

— Liza nos mandou uma carta e esperou na vila onde Haz e Zack estão. Ela mostrou o caminho — Karol responde, agora ao meu lado direito, enquanto Sam andava à esquerda.

Descemos o vale sem comentar mais, pois Chris nos instruiu a aproveitar os sons da montanha. Pude ouvir o suave cantarolar das aves locais, e a brisa do vento. Suspeito que meus amigos não ouviram, pois ficaram olhando ao redor com uma confusão expressa em seus rostos.

O coração de açoOnde histórias criam vida. Descubra agora