Jack

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No meio do caminho, novamente tive um veloz vislumbre da figura de olhos amarelos, e dessa vez, supus que a parte vermelha fosse seu cabelo. Fantasma Rubro... Ele estaria me seguindo? Decidi ficar em guarda, para o caso de um repentino ataque. Embora quisesse ajudar o garoto o quanto antes, seria precipitado simplesmente tentar algo brusco. Não pretendia deixar que ele soubesse que eu tinha noção de sua presença, pois quem sabe, poderia deixar rastros para serem seguidos depois.

Tentei não demonstrar meu receio durante o resto de nosso percurso, pois também estava realmente ansioso para rever meus amigos, que Sam não parava de tagarelar sobre como ele iria adorar vê-los de queixo caído.

O Sol começou a se pôr quando chegamos ao acampamento, após caminhar por cerca de três horas, e foi quando nos deparamos com uma cena preocupante:

Papéis estavam espalhados por todo o chão, em frente a barraca de acampamento, que se encontrava rasgada em várias partes. Ao lado da fogueira, que aparentava ter sido apagada há pouco, haviam várias pegadas diferentes, além de trapos de roupa rasgada e comida jogada ao chão.

Não apenas o local estava caótico, como estava totalmente vazio, apenas com os rastros que torcíamos para que pertencessem aos nossos amigos.

— Não, não não não! — Karol dizia, coletando os papéis jogados e os analisando — Sumiu! Toda a pesquisa que eu já havia feito sobre a caverna, uma semana inteira, sumiu! Pegaram tudo que fosse de lá, mas deixaram o resto, por que?...

— Quem dera tivesse sido apenas isso que sumiu. E eles nem comeram antes de ir — Sam fala, após pôr a mão na comida jogada ao chão — Ainda está quente. Se fosse para chutar, diria que foi a menos de vinte, talvez quinze minutos

— Mas que confusão ocorreu aqui?... — Eu questiono, em aberto.

— Seja o que for, não temos tempo para ficar aqui pensando — Karol diz, tomando o controle da situação — Ainda temos as pegadas deles, que vão em duas direções.

— Uma parece voltar à vila, já a outra parece adentrar mais na montanha. Vocês conseguem dizer de quem são? — Eu indago.

Ambos fazem uma rápida análise visual das pegadas, e Sam responde, concluindo:

— A que adentra a montanha é a do Zack, já que é um pé descalço. Com certeza uma das que volta para a vila pertence ao Haz, mas a outra...

— Como nós não nos cruzamos com Haz, se só há um caminho de volta à vila? Isso não está fazendo sentido...

Karol se abaixa e enrola todos os papéis que coletou em uma corda fina, que havia tirado da mochila.

— Seja como for, o responsável vai se arrepender de ter mexido nas minhas coisas — Ela diz, nervosa, então se vira para nós — Sam, você vem comigo atrás do Zack. Jack, você pega o Haz e quem quer seja o desgraçado que esteve aqui. Só amarre-o, por favor, porque eu tenho contas a acertar.

— Se quer acabar com ele, por que vou eu? E se for obra de alguma das duas figuras? — Pergunto a ela, curioso.

Ela se vira para o irmão e diz:

— Você e o Haz se entendem melhor. Além disso, não confio no Sam sozinho. E por que as duas figuras fariam algo conosco ou com nosso acampamento? Haz e Zack não fariam nada que chamasse a atenção, não de pessoas perigosas, não é?

— Eu... Eu não sei, mas fiquem atentos — Respondo, preferindo não mencionar minhas visões.

Sam responde a ela com uma cara feia, mostrando a língua. Com sua velocidade surpreendente, Sam desaparece, deixando um rastro que seguia as pegadas descalças. Karol então solta um grunhido e parte atrás dele.

O coração de açoOnde histórias criam vida. Descubra agora