O Último Pênis da Terra

Capítulo 46

Shivani já estava há dias trancafiada naquelas pesquisas, sempre levara a sério seu trabalho e não levava desafio para casa, mas ela sabia que, como Sabina havia falado, aquilo levaria meses.

Shivani escutou baterem na porta do trailer e estranhou. Quem estaria naquele lugar em plena madrugada? Sua surpresa só aumentou quando viu Sina do lado de fora, com os braços encolhidos devido ao forte vento que as atingia aquele horário, o inverno se aproximava.

-- Com licença. -- Sina disse baixo.

-- O que quer? -- Shivani perguntou e seus olhos se abaixaram na altura das mãos de Sina quando a viu entregar a ela uma garrafa térmica.

-- Eu trouxe café. -- Sina disse com o queixo batendo. -- Sempre trago para a Heyoon e imaginei que você precisasse de um pouco. Aquece o corpo e te mantém acordada.

Qual era o intuito de Sina em acordar no meio da madrugada para levar-lhe café?

-- Eu não te envenenei, se é isso que pensa. Posso até provar antes para cessar suas dúvidas. -- Sina disse e  suspirou.

-- Entre aqui. Está frio aí fora. -- Shivani pediu e Sina obedeceu, ouvindo a porta ser fechada atrás de si. -- Por que acordou de madrugada só para fazer isso?

-- Oh, não foi minha culpa. Foi o meninão. -- Sina disse e Shivani franziu o cenho.

-- Quem?

-- Como "quem"? Meu pinto. -- Sina disse e Shivani franziu o cenho.

-- Seu pênis te acordou?

-- Sim, todas as noite vou ao banheiro de madrugada. -- Sina disse e Shivani por fim entendeu, assentindo.

-- Heyoon estava dormindo? -- Shivani perguntou e Sina sorriu.

-- Sim, tão linda que fiquei até com pena de sair de perto dela. -- Sina disse e Shivani conteve um sorriso.

-- Gosta mesmo dela, hm? -- Perguntou, pegando copos descartáveis antes de entregar a Sina.

-- Gosto. -- Sina respondeu apenas isso, contudo, a intensidade de sua palavra, o brilho em seus olhos e sorriso bobo que brincava em seus lábios fizeram Shivani saber que era algo puro e genuíno. -- Vou tomar o café para te mostrar que não tem veneno, mas já vou embora para te deixar trabalhar.

-- Não precisa tomar o café por isso. -- Shivani disse e Sina suspirou.

-- Preciso me desculpar de novo com você. -- Sina disse olhando para Shivani. -- Por suas pesquisas que perdeu, sabe? Eu sinto... sinto muito. Eu só queria mais bolhas.

-- Bolhas? -- Shivani perguntou e Sina assentiu.

- Sim, a Heyoon fazia bolhas por todos os lados e achei lindo, aí aproveitei para ficar bem perto dela, porque você deve saber como aquela mulher é cheirosa. -- Sina disse rindo e suspirou. -- Aí queria passar mais um tempo com ela, só não sabia que daria nisso. Eu nunca quis prejudicar ninguém.

-- Eu não te entregaria de verdade. --  confessou e Sina sorriu.

-- Eu sei. A Heyoon disse que você tem um bom coração. -- Sina disse, pegando o copo de café e virando-o de uma vez. -- Boa noite, Shivani. Bom serviço. -- Disse indo em direção à porta.

-- Sina! -- Shivani chamou rapidamente e a garota se virou. -- Tenho algo para você. -- A maior franziu o cenho, mas esperou Shivani fuçar em suas coisas antes de voltar até ela e entregar um comprimido lacrado em um plástico.

-- O que é isso?

-- É para a Heyoon, na verdade. -- Shivani disse. -- Só fiz essa. É uma pílula do dia seguinte. Não fiz mais porque vai perdendo a força e se usar muito pode não funcionar, então use o dia anterior de tomá-la com sabedoria e esperem os anticoncepcionais ficarem prontos.

Os olhos de Sina focaram no comprimido e logo ela sorriu.

-- Obrigada. -- Ela disse e Shivani assentiu, se sentando como se Sina já não estivesse ali.

A maior saiu animada dali e voltou para o trailer de Heyoon, removendo somente a blusa grande. Estava frio para dormir só de cueca, então permaneceu com sua calça de moletom e sua regata preta.

Seus olhos encontraram a figura delicada e doce dormindo encolhida na cama e um suspiro involuntário saiu de seus lábios. Ela colocou a pílula na gaveta de Heyoon e ergueu a coberta, se enfiando ali vagarosamente antes de abraçar o corpo a sua frente e inalar seu perfume.

-- Onde esteve? -- Heyoon murmurou ainda de olhos fechados e com a voz sonolenta e o coração de Sina se derreteu outra vez. -- Demorou.

-- Dor de barriga forte. Não sentiu o cheiro? -- disse e Heyoon negou, se virando para ela e afundando seu rosto nos seios da maior.

-- Graças ao bom Deus não. -- Heyoon murmurou e Sina riu.

-- Estou brincando. Fui levar café para a Shiv. -- As orbes castanhas se abriram instantaneamente, fitando Sina confusa.

-- Ela te ofendeu?

-- Não, acho que estamos bem. -- Sina respondeu e Heyoon suspirou aliviada. -- Ela fez para você uma pílula do dia seguinte.

-- Fez? -- Heyoon perguntou surpresa e Sina assentiu animada.

-- Sim. Sabe o que isso significa? Que a cobra pode se esconder na toca. -- Heyoon riu e plantou um beijo no pescoço da maior.

-- Está tão ansiosa assim para perder a virgindade?

-- Só porque é com você. -- Sina disse baixo.

-- Não transaremos agora. Estou com sono.

-- Eu sei, está frio, Heyoon. O meninão se encolhe e não gosta de sair da casinha.

-- Então me abraça e durma, amor.

Amor.

A-M-O-R.

-- Acho que estou tendo uma parada cardíaca, pode checar? -- Sina disse e Heyoon abriu os olhos preocupada. -- Ouviu como me chamou?

-- Na verdade não. -- E, de fato, era verdade. Ela dissera sonolenta e sequer havia se dado conta.

-- Você me chamou de amor com "a" de AAAAAAAAAAAAAAAA. -- Heyoon riu alto e abraçou fortemente Sina.

-- Adoro as risadas que me tira o tempo todo. -- Heyoon murmurou e depositou um beijo nos lábios de Sina.

-- Não faço por querer, mas que bom que gosta.

-- Agora durma.

-- Se eu te chamar de amor também você terá uma parada cardíaca?

-- Acho que ficarei bem com isso. -- Heyoon falou contra a pele de Sina e a maior sorriu.

-- Então boa noite, amor. -- Sina disse e Heyonn sorriu, sentindo seu peito inflar antes de sentir o sono voltar a dar as caras.