Ponteiro Menor

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Capítulo 2: Ponteiro menor

por lunaticax

Estresse, simplesmente isso. Aquele estresse que faz seus cabelos caírem, seus olhos tremerem e causa-lhe enxaquecas periódicas; Chanyeol conhece muito bem. Pôde sentir facilmente seu sangue correr rápido pelas veias e a região dos olhos arderem enquanto observa a tela do seu celular pela centésima vez somente para ver que horas eram — essa qual ele já sabia. Talvez estivesse na mesma posição em sua sala de estar por volta de dez a vinte minutos — não sabia direito, mas, de qualquer forma, detestava aquela perda dos seus preciosos segundos.

O problema era que Chanyeol não tinha tempo para se estressar, sobretudo, naquele dia em especial. Possuía horário marcado no Fonoaudiólogo para sua filha em poucos minutos, uma reunião às três horas da tarde e um babá atrasado. Não tinha conhecimento pleno de como uma segunda-feira poderia começar tão catastrófica e corrida quando sequer o meio dia havia chegado — para ser mais preciso, ainda eram onze e quarenta e duas da manhã.

Levando em consideração que havia desperto às sete da manhã — com muito esforço, por ter dormido tarde no dia anterior por conta do seu livro —, já havia feito sua caminhada matinal com Flora — para que ela recebesse sua dose diária de vitamina D pelo Sol morno da manhã — , havia preparado uma papa de maizena com chocolate para o café da manhã, escrito mais quatro páginas do livro da sua tese, tomado um bom banho, dado banho em sua filha — tudo em uma chuveirada só — e estava pronto para levar a sua filhota ao médico. Só faltava o maldito babá atrasado.

Sinceramente...

Chanyeol jurou que, em toda a sua vida, nunca sentiu tanto ranço de alguém.

Baekhyun não se atinha a horários, era desleixado, preguiçoso e muitos outros defeitos que poderia facilmente listar, mas não era um babá ruim, ironicamente. Era tão controverso que provocava raiva no Park, pois ele poderia reclamar de tudo, cada detalhe, do Byun, mas não podia criticar o seu trabalho (bem feito) como cuidador de sua filha.

O babá cozinhava o café da manhã, o almoço e o jantar da garota e dele todos os dias sem reclamar — o que deixava o Park surpreso. Baekhyun sabia cozinhar o básico! —, dava banho nos horários certos, aprendeu a trocar fraldas rapidamente, não deixava Flora passar do horário de dormida correto e brincava com ela como se ele mesmo fosse uma criança (talvez, ele ainda fosse). Era incrível, mas não louvável, pois sempre cometia, vez ou outra, algum deslize — como se atrasar para algo extremamente importante: a consulta de Flora.

Como previsto em seu contrato, o Byun havia tirado a sua folga mensal no domingo e não fez questão de avisar para onde iria, somente preparou sua bolsinha básica e saiu porta afora com uma felicidade fora do normal. Claro, Chanyeol não reclamou nadinha da sua saída. Achou ótimo! Passaria seu domingo colado na sua neném como tanto desejava e não tinha tido tempo durante o mês corrido para realizar. E assim, o fez.

Assistiu centenas de desenhos, cantou músicas infantis, cozinhou receitas novas de acordo com o paladar da pequena e a ninou quando a noite caiu. Resumindo: fez com completo programa de pai e filha como tanto queria. Era exatamente isso que acalmava o seu coração e dava forças para continuar sua semana pesada, pois, quando ela crescesse mais, teria plenas condições de a sustentar e deixá-la confortável com tudo que queria — era um pai babão demais.

A segunda-feira chegou rápido demais para o seu gosto e, junto a ela, uma leva de novas responsabilidades que tinha um total de zero coragem para desempenhar, porém, era obrigado, então não tinha para onde correr. Seu celular estava abarrotado de mensagens dos seus alunos, do seu orientador e da Reitoria. Não teve sequer coragem de abrir o seu e-mail.

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