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Baekhyun estava alarmado naquela manhã, completamente fora do seu humor rabugento matinal; uma bomba de nervosismo. Isso, com toda certeza, não era normal, pois sempre foi confiante em todos os seus aspectos — era um homem do povo, ora essa —, sabia lidar muito bem com o nervosismo e como engoli-lo com farinha, porém, não estava conseguindo realizar esta proeza dessa vez.

Como redator e editor chefe, era um caçador profissional de notícias, além de organizar todos os seus subordinados redatores a serem tão perspicazes quanto si mesmo. Era puramente normal ter alguém implicando com a sua pessoa ou o julgando, até mesmo o caluniando. E, em nenhuma dessas vezes, apresentou mínima fraqueza. Tudo bem que o diretor jornalístico era um filha da mãe, ao ponto de demiti-lo via Chefe da Redação, mas, durante o seu trabalho, sempre conseguiu driblá-lo — até a sua infame demissão, claro. Ninguém dava medo em Byun Baekhyun; deixá-lo minimamente nervoso era uma missão impossível. 

Ah… como tinha saudades dos seus bons tempos; ainda possuía dignidade em seu ser. Ainda tinha a mínima capacidade de NÃO ficar desconcertado por coisas bestas igual estava no exato momento. 

Desde que havia despertado — genuinamente, às oito horas da manhã —, a mente do jornalista não parava de jorrar informações e memórias constrangedoras um minuto sequer, como um looping de auto repreensão pela merda gigantesca que teve a proeza de realizar na noite passada. 

Havia dormido agarradinho com o seu chefe. 

Por mais que o tal "chefe" fosse Park Chanyeol, ex-namorado barra ex-melhor amigo barra o cara que mais odiava no planeta Terra, ainda sim se sentiu constrangido ao acordar com sua coxa sobre a cintura dele e sua cabeça espremida em seu pescoço, enquanto um filete de baba escorria do canto da sua boca e respingava na gola do pijama ridículo do outro. Em todas as línguas possíveis, humilhante. Se fosse com um dos seus amigos, não teria ficado tão envergonhado, já que era de conhecimento geral o quão fã de toques e afeto o Byun era — abraços, mãos dadas, apertos, tudo isso era de seu agrado pessoal. Mas havia se atracado — na maneira mais leve de se dizer — com o cara que depositava seu salário todo final de mês. 

Incrível como sua vida havia entrado em um ciclo de merda após bosta. Só podia ser karma. 

Estirado no carpete do chão da sala, o babá praguejou alto, enquanto deslizava a ponta de um calção branco para a esquerda, terminando de dobrá-lo. Sua perna estava flexionada para apoiar-lhe naquela posição incômoda, enquanto a outra estava estendida sobre o chão gélido nada macio. Por mais que estivesse desconfortável, era o melhor jeito para se dobrar roupas. 

Fez uma nota mental, rapidamente, para agradecer a sua mãe por ter lhe ensinado a como dobrar um lençol de elásticos — que era mais difícil do que imaginava previamente. 

 Seria um bom dono de casa em um futuro distante ou, talvez, já fosse um. Todas as atividades domésticas da casa eram discutidas e divididas e o Byun, como morador e empregado, ficava com todas relacionadas à Flora — ou seja, dar banho, cozinhar, levar ela em consultas e brincar com ela. Fora isso, o dono do apartamento cuidava do resto e até fazia algumas coisas a mais — como dar o primeiro banho e refeição do dia para a garotinha, caso tivesse tempo e ela estivesse desperta. 

Tudo funcionava de maneira prática, se Baekhyun não surtasse vez ou outra e aprontasse alguma. Em exemplos práticos, o Byun saia com Flora para passear e se esquecia de dar satisfações ao pai da garota, causando um quase infarto no Park quando ele chegava em sua residência. Ou quando o Byun estava muito entediado e decidia fazer alguma coisa mirabolante na cozinha, deixando de brinde uma baguncinha básica… só algumas manchas na parede do apartamento (como a de feijão vermelho no teto da cozinha) e uma pilha um pouquinho grande na pia — que, claro, Chanyeol acaba lavando de madrugada, ou não conseguiria dormir em paz. 

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