Depois da chuva, vem o Sol ou, pelo menos, Baekhyun sempre pensou dessa maneira; depois das lágrimas, vem os sorrisos. Não há dor maior que não passe ou que amenize até que possa conviver confortável com ela.
Durante muito tempo, acreditou fiel que chorar não era algo útil ou que deveria ser feito, pois era apenas perda de tempo; deveria procurar o lado positivo e persegui-lo sozinho, independente, não importa a vontade. Da mesma forma, acreditava que sempre deveria mostrar o seu melhor lado para as pessoas ao seu redor, demonstrar sorrisos, não lágrimas; nenhuma cicatriz ou fraqueza, somente gratidão e humildade. Se fosse assim, ninguém iria se preocupar consigo e, assim, demonstraria o quão independente ele era. Não precisava de ninguém.
Entretanto, até o momento, Baekhyun não entendia realmente o que era independência e quão chorar lhe fazia bem. Acreditava fielmente que, sim, era não ser preso sentimentalmente a alguém, era conseguir pagar suas contas, era ser livre e não preocupar ninguém. Independência era sinônimo de solidão para o Byun, em um falso pressuposto de, se não incomodasse ninguém, se faria mais forte e deixaria as outras pessoas felizes.
Todavia, com a tempestade forte em sua vida, Baekhyun finalmente conseguiu que, talvez, não fosse tão independente assim. E, quem sabe, não quisesse ser. Poderia alcançar novamente sua independência financeira, assim como ser independente emocionalmente, mas ainda seria mal acostumado pelo apoio e atenção de Park Chanyeol.
Depois da chuva, vinha o Sol, de fato. Vinha vago, tímido entre as nuvens, porém, ainda estava lá; morno e brilhante. E, semelhante, Chanyeol também vinha desse mesmo jeito. Morno e silencioso, o professor servia-lhes chá todas as noites após o natal, indo, logo após, se deitar; tímido e brilhante, lhe desejava boa sorte enquanto o Byun trabalhava no plano de pesquisa do seu mestrado.
Chanyeol estava o apoiando cegamente, algo que Baekhyun nunca havia tido antes; ninguém havia lhe apoiado tanto com gestos tão pequenos.
Claro, o jornalista não excluiria seu melhor amigo, Sehun, por todo o carinho que tinha com ele, mas, mesmo assim, ainda era diferente. Eles eram amigos de longa data, porém, cada um tinha sua ocupação. Via-o brevemente durante a sua folga e recebia palavras de animo — às quais era muito agradecido, aliás —, porém, ainda era diferente.
Chanyeol estava ao seu lado todos os dias, cuidava de Flora quando o babá estava cansado demais por ter passado a noite acordado estudando, colocava comida para Luna quando o seu dono esquecia pelo cansaço, trazia livros para si emprestados da Universidade para auxiliar em seus estudos. Tudo isso sem Baekhyun precisar dizer uma palavra.
Era incrível, não era? Ninguém havia o tratado com tamanha atenção e zelo antes, então, ser exposto aquilo era... surpreendente — um pouco assustador, também.
O babá não conseguia não ver isso, da mesma forma em que não sabia lidar.
Não conseguia não se sentir especial quando recebia a atenção de alguém que, claramente, se importava com ele. Era um pensamento perigoso? Com certeza, mas o expulsou (e expulsava, ainda) todas as vezes que surgia em sua mente. Não tinha tempo para pensar nisso, não tinha cabeça para pensar quais eram as intenções de Chanyeol ou o que aquilo causava em si.
Precisava, urgentemente, focar na primeira e segunda etapa do seu mestrado — a prova e a entrevista. Era muita coisa para ainda ter tempo para pensar neles (se realmente existisse um plural).
Baekhyun estava aproveitando o clima teoricamente "calmo" após o ano novo — ao qual passou com Sehun tomando muitas — para colocar sua vida para frente, do jeito que desejava. O que fosse que estivesse acontecendo com Chanyeol poderia esperar, no mínimo, algumas semanas.
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Timepiece
FanfictionQuando Chanyeol pegou a sua passagem e passou pela mureta do avião, não sabia que estava deixando para trás algo além da sua família; enterrava o seu passado. O Park apenas não contava com uma coisa em sua estadia em outro país: um rostinho fofo arg...