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POV. Benjamin Parker

Empurrava minha bicicleta azul escura pela calçada. O veículo continha algumas figurinhas, como: coragem, o cão covarde, a vida e as aventuras de juniper lee e Wally Gator. Eu e Charles havíamos fixado os adesivos por toda sua extensão metálica, pois na minha percepção ela era sem "vida". No meio-fio ao qual andávamos encontrava-se várias pedrinhas, todas com formatos distintos, assim como suas tonalidades vastas de cor.

Firmava uma das minhas mãos no assento, que também servia como apoio para meu corpo. Já a outra era sustentada pelo guidão. Levava o veículo com exaustão ao arrastar-me por as ruas de Tiburon.

- Me parece extremamente esgotado, Ben - Charles disse assim que segurou o guidão da minha bicicleta - quer que eu carregue? - retirou seu aperto da manopla de espuma. apoiou seu cotovelo no assento espalmando a mão, pousando sua cabeça nela. Sucessivamente, sorrindo.

Seu rosto estava todo suado, aglutinado na sua testa vermelha de insolação e cansaço, seus fios pretos. Seu peito subia e descia aceleradamente, em um quase descompasso de tão rápido. Estava com a boca entre aberta, retomando o fôlego para seus órgãos escassos de ar, após chegar na rua da minha casa.

- Você também parece cansado, Char - empurrei sua mão.

Por não espera que tiraria ela, fiz com que desvencilhar-se, quase caindo por cima do seu veículo de duas rodas.

O desfecho da conversa foi o mesmo de sempre, eu rindo pelas ruas da cidade descontraído. Sem forças de andar por presenciar seu quase desastre.

- Eu iria morrer, e você fica rindo? - tentou ocultar seu sorriso, falhado miseravelmente ao mostrar seus dentes sujos de chocolate - por que está apontado esse dedo sujo na minha cara? - bateu na minha mão, só por tentar ajudá-lo.

Neguei com a cabeça rindo mais ainda.

- Minha mão é mais limpa com terra nela, do que seus dentes com chocolate - bati no seu ombro de propósito.

Ele estava quase colocando sua mão na boca, mas impedi segurando ela.

Que forma estranha de averiguar.

- É só escovar quando chegar em casa - fiz careta - ou você não escova os dentes?

- Mais fácil VOCÊ não escovar - bateu no meu ombro, subindo na sua bike.

Ele pedalava em uma velocidade impressionante, para alguém que estava cansado.

- SE VOCÊ CAIR EU NÃO VOU LHE AJUDAR - gritei por vê-lo muito, mais muito distante.

Ele não deu bola para o que disse e continuou a pedalar, erguendo uma das suas mãos dando-me tchauzinho.

E a única coisa que consegui foi atrair a atenção das pessoas que passavam por ali, provavelmente dizendo que o filho do Sr.Parker é doido. Senti minha pele quente, mas logo fiz o mesmo que Char, saindo dali o mais rápido possível.

Sentia a brisa bater em meu rosto, refrescando ele. Por um leve momento quis erguer-me sobre os pedais, para apreciar mais ainda a brisa gélida.

O único problema é que ficaria preguento, pois o suor grudou no meu corpo, mas, nada que um bom banho não resolva.

- Estás entregue, príncipe - proferiu assim que parei do seu lado.

Tínhamos chegado na minha casa, assim como ele havia dito que seria feito, há uma hora atrás.

Pelo cansaço excessivo encostei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos aspirando o ar puro. O mesmo ajudava-me a regular minha respiração, acalmando meu corpo.

As três ruas do bairro azul - Duologia Anoitecer - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora