Noite 3

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A viajem havia sido mortalmente silenciosa, para ambos os lados.
(trocadinho proposital)

Os dois andaram até o terminal de ônibus, os quais Izuku encarava fascinado e Shouto explicava encantado pelas reações que o menor fazia sobre qualquer coisa que lhes aparecia. Conversavam sobre tudo e qualquer pergunta que Izuku tinha em mente.

Mas, assim que entraram no veículo de metal, ele não mais questionou sobre as curiosidades que lhe afligiam, quando os humanos ao redor passaram a encarar Shouto como um adolescente louco. E Shouto pouco se importava, não deixaria os pensamentos alheios atrapalharem novamente seu relacionamento, o vampiro saiu de seu lugar sentando-se no fundo do ônibus e mesmo assim Izuku não quis conversar.

-Deixa para depois Toki - Dizia com o apelido "novo" que havia lhe dado, Shouto não se apegaria.

Mas, o vampiro esperto, tirou o celular do bolso, colocou no bloco de notas e escreveu ao invés de falar, e assim Izuku passou a responder de volta.

- Então existem lobisomens!?

Antes explicava novamente sobre alguns monstros que conhecia.
As reações de Izuku eram as mesmas de antigamente. E Shouto queria rir assim como antes.

"Eu conheço apenas um casal" Digitava Shouto. "Mas existem mais, andam em alcateia. Katsuki é um alfa de uma delas. O que é estranho, mas okay"

-Estranho?

Shouto assentiu, pensando em como tentar escrever sobre Katsuki para Izuku, ele que antes pareceu conhecer o lobo mais do que o próprio Shouto em anos. Izuku tem aquele dom.

"Não sei como escrever isso"

-Eles são legais? são...um bom casal? quando se conheceram? quando você o conheceu?

Shouto não o achava muito legal, mas Izuku, sim.

"Sim? depende do humor de Katsuki do dia. Eijiro é legal em qualquer tempo"

"E sim, não sei, no século XX ainda"
"Eles, acho que há uns 11 anos ou 15 não sei bem"

- Todos vocês são tão velhos! quantos anos conhece o senhor Yagi? ele te chama de Jovem!

"Eu não sou jovem?"

- Aparentemente? sim, de resto? bem...

"Nossa."
"Não sei, desde sempre? ele conhecia meu pai, então deve ser séculos de amizade, não bem amizade, eles nãos e gostavam muito, mais por parte de meu pai mesmo"

- Séculos!?

Acada espanto de Izuku, Shouto segurava uma risada e flashbacks de conversas parecidas.

- Acho que eu não conseguiria viver séculos, ainda mais do lado da mesma pessoa.

-Não? - Shouto passou a falar, os humanos nos assentos dormiam.

- Acho que não, se você se, não sei, cansar da pessoa? em relacionamentos deve acontecer né? o que faz?

-Pessoas como nós não "se cansam" dos outros, nós criamos uma relação, um vínculo mútuo com o outro. Como podemos viver por séculos, alguns nem morrer morrem, sempre encontram este seu outro lado. - Shouto contava aquilo pensativo em outro mundo, a tristeza em seus olhos parecia aumentar.

Izuku teve certeza, ele havia encontrado alguém, em sua teoria, perdido também.

- Que lindo! e triste, mas romântico. E...o que faz? quando se perdem?

Shouto respirou fundo, encarando a janela e as paisagens que corriam por ela.

-Tem duas opções. A primeira é a triste. Quando um perde a sua metade, seja mortal ou não, e fazemos como qualquer um, seguimos em frente, alguns não, entram em pausa, um luto perpetuo ou até acham ou tentam encontrar outra pessoa, mas é difícil. A segunda, bem, é uma mera lenda.

Izuku deu sinal de que era para prosseguir.
Shouto sorria ínfimo, um pequeno sorriso triste.

- Dizem os mais velhos, que se na hora de sua partida com ambos juntos e se o amor for verdadeiro... se fizerem uma pressa para a lua e ela puder escutar e ver o amor que está sendo separado, ela dará um jeito de faze-los se encontrar, e viverem juntos novamente pelo tempo que quiserem.

-Eu...achei lindo. Verdadeiramente lindo, espero que seja verdade.

Shouto não o olhou, mas, assentiu.
Nenhum dos dois sabia o que responder ou mais questionar, revivendo o silencio de antes.
Shouto passou a encarar a lua, se questionando sobre seus planos para os dois ali.
Izuku deixou-o em seu mundo, sem mais questionar sobre o que pensava, então, passou a se questionar sobre o que si mesmo. Respirou fundo, e enquanto pensava e forçava-se a lembrar, parou de estar aonde deveria estar.


Estava num quarto, pequeno e simples, havia apenas uma cama, arrumada com um manto branco e calça marrom com a costura a mostra, uma cômoda e uma mesa com uma luminária em cima, uma grande janela aberta deixava o forte sol acalorar o ambiente. Olhou ao redor e tinha de volta seu corpo. Por alguma razão sentia-se ansioso.

- Izu! vem aqui me ajudar querido! - Ouviu a voz de uma mulher gritando ao longe. Sentia que a conhecia.

- Claro mãe! - Gritou de volta correndo com seus sapatos vermelhos pelo piso de madeira que rangia aos seus passos, andar novamente era estranho e sentia vontade de correr.

Não precisou andar muito, passou por um corredor e já estava na cozinha misturada com a sala, apenas um pequeno sofá e uma lareira. E na entrada da casa estava uma mulher gordinha, menor que si de cabelos médios verdes escuro presos com um laço, de lindos olhos verdes da mesma cor, um sorriso encantador. Vê-la o enchia de felicidade, mas, um pouco de tristeza e a ansiedade prevalecia.

- Em que posso ajudar a senhora?

A mulher sorriu docemente ao ouvir.

- Vou para a padaria. Mas, te deixei uma torta, está na janela esfriando, não coma tudo.
Assentiu, a mulher se aproximou, tirou seu cabelo da testa e beijou.

- Sua fantasia está ficando pronta também, até daqui duas noites terei terminado.

Sorria com a expectativa de como ficaria com a roupa - Obrigada!

- Tome cuidado quando sair querido, e mande meu oi por mim. - Alertou-a se afastando e saindo da casa.
Respirou fundo, olhando ao redor, havia uma sensação de medo repentina e seu interior mandava sair e correr com a ansiedade de algo acontecer. Antes de fazer, pegou um pano conseguir segurar a torta na janela. Passou pela porta e correu pela estrada de terra, de alguma forma, sabia seu rumo.
Passou pelas pessoas das casas e nas ruas, muitas o cumprimentavam gentilmente, outros, sentia que apenas o encarava e voltavam a conversar, ainda o olhando. Mas, ignorou, estava feliz.

- Zuku! - Chamou uma garota animada do outro lado da rua, outros jovens estavam a sua volta - Vai sair hoje a noite? na fogueira?!

- Eu vou Mina!

-Eu quero torta! - Gritou um rapaz de cabelos amarelos com uma estranha mecha preta no cabelo, sorria feliz. praticamente pendurado na garota - Você tá me devendo Zu!

- Eu fico devendo então! - Gritou de volta já distante de todos. Voltou a trilhar seu caminho.

Entrou numa trilha da floresta, o sol batia entre as árvores e seus galhos, havia pouco vento então começou a correr. Estava tudo bem. Até não estar mais, conforme corria, se sentiu perseguido, havia alguém atrás de si, mas não conseguia olhar para ver. O vento passou a bater de forma gelada, um gelo que fazia não sentir mais o rosto, passou a correr o mais rápido que podia até deixou cair a torta da mão, precisava apenas correr. As árvores tampavam o sol, fazendo parecer noite. Correu conforme a ansiedade o alimentava e o mal pressentimento. Não sabia o tamanho da floresta, mas achava que havia a cruzado muito rápido, chegando finalmente ao seu destino. A grande casa que parecia ter luz própria, graças a luz do sol que o cegava.

Fechou os olhos com força se obrigando a abrir novamente. E estava num lugar completamente diferente.
Estava deitado num jardim, um lindo jardim, assim como o da casa de Shouto, mas já sabia que era o da casa grande. Estava deitado encarando o sol sentindo a grama e o forte cheiro das flores ao redor que acalmavam as sensações ruins que havia acabado de sentir.

-Izu!? - Ouviu uma voz não muito longe, parecia o procurar e sentia conhecer.

Sorriu sem nem saber o que era. Estava se levantando para ver o que queria, mas assim que se ergueu ao invés de olhar para trás de onde vinha a voz, algo na floresta chamou sua atenção repentinamente. Assim que a olhou, viu uma sombra pulando em sua cara. Fechou os olhos.

Izuku voltou os abrir num pulo. Estava novamente no ônibus, encarando o corredor dos passageiros. Ainda podia sentir o peito batendo e o cheiro das flores e a sensação de estar em perigo. Levantou apressado, chamando atenção de Shouto, que havia saído da janela, o dia havia amanhecido.

- Tudo bem? - Perguntou Shouto preocupado.

Ainda sentia a sensação ruim ao redor, mas tentava focar nas flores.

- Izu?

Uma mulher no banco da frente havia olhado para trás. Shouto não se importou. Izuku respirou devagar.

- Eu...tive um sonho?

- Uma memória nova?!

- Um pesadelo.

Shouto não gostou da resposta nem do jeito que havia ficado.

- Do que exatamente? - Perguntou afobado.

- Tem alguma coisa de ruim aqui. - Avisou mudando de assunto, olhando para a lamparina, o fogo estava acesso, o reconfortando e alarmando.

- Como assim? não estou entendendo.

Izuku olhou para Shouto tentando pensar em formas de falar que fizessem sentido.

- Eu não sei como...mas, tem algo ruim, eu só sinto. Confia em mim? eu sei que está de manhã ma...

- Confio. - Interrompeu se levantando, sem ligar o celular. Que agora Izuku sabia para que servia. O colocou na orelha - Vou descer aqui nessa parada mesmo. Me explica melhor as coisas.

Assentiu o seguindo por entre as fileiras de bancos.
Estavam parados num posto, já haviam saído da cidade e estavam na metade da cidade vizinha.
Izuku estava alheio a tudo, olhando ao redor, não mais curioso, preocupado.

- Me explica. - Pediu Shouto depois de descerem. - Do sonho, de tudo.

Izuku explicou tudo conforme andavam para dentro da cidade. Cada palavra preocupava a Shouto.

- Tudo bem. - Disse tentando reconfortar a si e ele.

- Tem alguma coisa atrás de mim...desculpe, fiz descermos antes da hora.

- Tudo bem - Repetiu também se acalmando internamente - Eu sei o caminho e temos a bussola. E nem precisamos parar muito para descansar.

- Você parece cansado.

- Não precisa se preocupar com isso. Vamos focar em uma coisa de vez.

- Mas estou, assim como você está comigo. - Disse o encarando, não conseguia negar quando o encarava.

- Tudo bem. - Cedeu - Andamos até onde pudermos e de noite eu descanso.

- De manhã não vai ser pior para andar? não seria melhor a noite?

- De noite pode vir o que quer que esteja atrás de você.

- Shinigamis.

-É, isso.

Izuku analisou, no fim concordou mesmo sabendo que não faria bem para Shouto andar de dia com o calor que estava fazendo.

- No meu sonho, ou memoria, as coisas eram diferentes, não tinha nada disso - Disse Izuku voltando a analisar ao redor.

- As coisas mudaram bastante com os tempos.

- Você deve saber bem disso né.

Shouto concordou olhando o tempo no relógio, estava ficando de tarde e o sol ficava mais forte, começando a lhe causar efeito, estava ficando com mais fome e o cansaço iria bater logo.
Izuku voltou a se sentir observado com um grande aperto em seu peito, olhou para a lamparina, havia uma grande chama dentro dela.

- Vamos andar mais rápido. - Sugeriu passando a planar, a chama aumentava.

-Algum problema?

-Está perto.

-Como sabe?

-Eu sinto?

Shouto não questionou mais e deixou-o guiar o caminho para onde sentisse que seria seguro.
Izuku voava mais para o alto a procura de alguma coisa que parecesse hostil, seguindo a lamparina até se deixou esquecer da bussola. Quando pararam, Izuku achou que realmente estavam bem, mas, estava enganado. Apenas ele viu, uma grande sombra escura, disforme, se aproximava por entre os humanos que seguiam sem ter ideia do que passava por eles, nem Izuku sabia ao certo.
Desespero foi o que lhe atingiu quando viu, o mesmo desespero de quando corria pela floresta.
Pegou na mão de Shouto institivamente, descendo ao chão e correndo conforme a lamparina brilhava.
Izuku podia atravessar as pessoas, mas Shouto não, e mesmo assim se deixava ser guiado sem se importar com os outros que batia no caminho e o xingavam.

- Izuku espera. Estamos indo longe do caminho.

-Ainda é perigoso! só corre mais um pouco.

Corriam conforme a chama aumentava, atravessando esquinas e avenidas abertas ou fechadas Izuku olhava para trás o tempo inteiro quando tinha dúvidas. Achou que haviam conseguido o despistar, mas, assim que cruzou outra esquina, era um beco, e antes que pudesse tirar Shouto dali a sombra havia chegado. Shouto ainda não conseguia a ver. Midoriya foi para frente dele, seu instinto dizia para não chegar perto da sombra, mas ignorava.

-Izu?

-Ele tá aqui. Acho que se você correr...ele me se...

-Não! - Interrompeu Shouto também sem saber o que fazer - Não vou correr e te deixar.

Sentiram um ar frio no beco, Izuku via a coisa se aproximar rapidamente em sua direção.
Shouto sentia-se desesperado, um inútil apenas podendo observar.

A sombra passou a correr em direção a Izuku, alimentando o fogo de sua lamparina, institivamente a ergueu junto de seu bastão assim que seria atacado. O Shinigami recuou, Izuku ouviu um grunhido. Havia o machucado com seu fogo.

-A lamparina, afasta ele.

-Ainda não o vejo!

-Então deixa comigo!

Izuku foi para cima brandindo a lamparina e o bastão tentando acertar e não ser acertado, o bicho tinha grandes garras e não queria saber como seria ser pego por uma delas, seu interior ainda dizia para correr quando a sombra se aproximava, mas o fogo lhe impedia de fugir, pensar que, se saísse o Shinigami podia ir atrás de Shouto também ajudou a ficar. Em um último golpe, acertou-lhe o rosto o iluminando, podendo ver olhos tão vazios e frios que sentiu-se no lugar do espírito também lhe causando frio e tristeza e ainda assim queria continuar o olhando. Mas, a coisa saiu e sumiu rapidamente, dando outro alto grunhido.

-Tudo bem? - Perguntou Shouto assim que o viu parado encarando a entrada do beco.

-Ele...sim, claro. A lamparina, o fogo eu acho, ele não gostou. - Contou olhando diretamente para Shouto, podia ver o suor em sua testa.

- Estou com fome apenas. - Avisou olhando a bussola que girava loucamente. - Acho que estamos seguros?

-Por hora, sim. Temos que parar para você descansar.

Shouto concordou, não tinha muito o que se debater, o sentimento de inutilidade era grande dentro de si, saíram do beco olhando aonde haviam ido parar, se depararam com uma padaria a frente, um lugar com ventilador já ajudaria e tinha o restante do dinheiro da passagem de ônibus, se desse tudo certo, ainda podia pegar mais um.

- Vamos lá, parece ser bom. - Disse Izuku.

A padaria era pequena por dentro e por sorte já havia poucas pessoas comendo do lado de dentro. A decoração era antiga, tudo a base de madeira com mesas quadradas e redondas as luzes prendidas nas paredes como tochas ao lado de alguns quadros e uma grande janela tomava as paredes vazias. Sentaram-se longe das janelas, Izuku olhava para todos os lugares encantado pelo lugar, Shouto aproveitava os ventiladores.

Um garçom veio lhes atender assim que estava instalado na mesa. Izuku teve vontade de gritar ao ver quem era, conhecia aquela pessoa. Shouto também conhecia, mas havia ficado apenas surpreso.
Um rapaz de cabelos loiros com um estranho traço preto vestido casualmente havia ido os atender, ele sorria animado e alegre, não surpreso por os encontrar ali.

-Em que posso ajudar? - Perguntou sorrindo travesso. -Para ficar tem que pedir ao menos algo, Shouto.

-Chá gelado então. Denki.

-Kaminari - Completou Izuku pasmo e contente por se recordar do sobrenome de alguém. Era o mesmo rapaz no qual devia uma torta.

Kaminari ainda sorria. -E o Izu? quer algo?

Aquela pergunta pegou os dois de surpresa. Izuku nem sabia o que responder. Denki Kaminari riu.

-Já volto então. -Fez uma reverencia se retirando.

-Eu conheço ele! eu lembro dele, o que ele é?

-Um demônio. - Respondeu Shouto abrindo sua bolsa para pegar uma de suas garrafas que guardava o sangue quando saia. - Deve ter minha idade.

-Aqui está. - Voltou o demônio, entregando o chá, hesitando rapidamente por um segundo, mas se sentou a mesa ao lado de Shouto.

-Você era do mesmo vilarejo que eu. -Disse Midoriya o encarando.

-Era, sim! - Concordou feliz por o ver - Você fez falta Zu.

-É, imagino - Lembrou-se da mulher alegre e de seu beijo em sua testa, sentiu-se triste por ela.

Shouto já havia terminado de comer, e prestava atenção em seu chá gelado.

-Fiquei sabendo que não se lembra de nada? isso é comum em almas que voltam com as graças da lua.

Izuku assentiu surpreso - Lua? foi pela lua que voltei? tem algum jeito mais fácil de me lembrar das coisas?!

-All Might deve ter dito, mas apenas forçar a se lembrar mesmo que veja coisas ruins, vai ficar cada vez mais fácil, você vai perceber, mesmo que não queiram que se lembre, apenas faça - Denki se levantou novamente, olhando para todos os lados - Estão sendo perseguidos né?

Izuku concordou.

-Meu turno termina em duas horas, fiquem por aqui que não vão chegar perto de você. - Se despediu voltando a cozinha.

-Me conta, como era aquela coisa. - Pediu Shouto.

Não sabia como explicar, mas tentou de a melhor forma dizer como havia se guiado com a lamparina e o que sentia quando chegavam perto do Shinigami.

-Você também não gosta muito da lamparina né?

Shouto concordou. - Apenas não gosto do fogo, nem dele perto de você. Queria poder ter ajudado em algo.

-Porque não gosta?

-Não sinto segurança...

Izuku sorriu com a preocupação -Não posso me queimar, não se preocupe. E fiquei com medo que ele fosse trás de você também.

-Vou tentar. - Sabia que não cumpriria, não até chegarem na velha casa.

-Estamos muito longe?

Shouto se questionou se agora Izuku podia ler sua mente, mas se lembrou que sempre pareceu que podia.

-Perdemos um pouco do rumo, conheço mais ou menos o caminho pela estrada principal, se não tiver trânsito vai levar os exatos dias que você tem... -Comentou tentando demonstrar esperança e felicidade, mas havia ainda tinha tristeza consigo.

-Dois.

Assentiu.

-Sangue quente, qual o gosto? - Questionou Izuku sem deixar o silencio cair. - É ruim?

Shouto negou - Mas também não é bom, é como tomar refrigerante quente, voce toma, mas não gosta.

Izuku nem sabia o que era, mas assentiu que deveria ser ruim. - E o chá? pode tomar ele?

-Claro, eu posso comer também, mas não me enche, menos se for comida sangrenta, como carne.

O horário foi passando e a tarde chegando, por um tempo a padaria havia ficado quase vazia, mas com a tarde vindo voltava a se encher. Denki apareceu como havia avisado.

-Venham comigo! - Pediu e assim ambos fizeram, sendo levados para o fundo da padaria. Ninguém ali questionou sobre.

-Porque um demônio trabalharia numa padaria com aquela? - Questionou Izuku flutuando ao lado de Denki enquanto passavam pela cozinha.

-Sei lá Zu, passatempo? vários de nós aparecem aqui, então fica divertido!

-Você falou com Uraraka? - Perguntou Shouto.

-Faz uns dias, quem fala mais com ela é a Ji, mas não foi assim que soube que Izuku tinha voltado, eu senti isso mesmo. Sabia que uma hora iriamos nos encontrar também.

-Sabia? - Perguntou o mesmo surpreso.

-Claro! eu senti isso, assim como sinto os Shinigamis atrás de você! eles são gostam de almas andando por ai no lugar deles.

-Eles são tristes...e não gostam de fogo.

-Eu não posso vê-los. - Avisou Shouto enquanto entravam na dispensa do comércio. - O que a gente tá fazendo aqui?

-Eu vou ajuda-los!

-Mesmo te devendo uma torta?

Denki riu indo a uma prateleira de temperos -Você já pagou ela, mas vai me dever outra!

Izuku também riu.

-Me dá sua lamparina e o bastão dela - Pediu e assim foi feito, Denki conseguia pegar neles normalmente - Eles não gostam porque não é um fogo normal Zu, é parte de sua alma.

-Espera, isso é minha ALMA?! - Questionou assustado - Um fogo pode se apagar certo?

-Sim. Bem, é que não sei explicar bem. - Disse rindo sem graça pensando um pouco. - Você foi meio que conectado a ela quando morreu, a lua não é perfeita sabe? tinha que ter algo para te fazer ficar vivo nesse plano físico. E foi com isso que ela te prendeu. Além da pessoa que você procura.

-Foca na parte em que o fogo apaga -Pediu Shouto.

Izuku estava focando na história da lua e a promessa que teria feito a ela.

-Ah sim! mas é só tomar cuidado, Izu vai ser unido de volta, ou, libertado assim que chegar ao ponto zero, vivo.

-A casa grande - Lembrou Izuku.

Denki passou a mão no cabo de madeira da luminária, que brilhou mais ainda, cegando a todos por um segundo, quando abriram os olhos, o cabo havia virado uma foice negra com o antigo cabo de madeira.
Izuku a olhava encantado, assim que a pegou se surpreendeu com sua leveza.

-Tcharam! - Disse Denki animado - Agora sim você os mata também! a lamparina já ajuda a descobrir se estão perto ou não. Meio que é sua vontade de viver sabe.

-E como eu vejo eles? ou faço algo? -Perguntou o vampiro.

Denki estendeu suas mãos lhe entregando uma bolinha que parecia de espuma. Izuku olhou curioso, Shouto estava sério.

-Joga neles...

Shouto aceitou, pronto para jogar e testar ali mesmo.

-QUANDO ELES estiverem por perto! - Denki o parou desesperado - É de fogo! um parecido com o da lamparina, então não joga na minha padaria! e não se preocupa que parece uma, mas não acaba.

-Desculpe - Pediu guardando em sua bolsa. Izuku riu ainda analisando a foice. - Mais alguma coisa que precisamos saber?

-Izu, alisa o cabo de madeira e a foice volta a ser só um cabo.

E assim que fez, aconteceu. -Uau!

Denki pensava se havia deixado de falar algo aos dois, mas tinha certeza que havia falado tudo.

-Tenho que voltar lá pra cima. - Avisou. Sair da dispensa juntos. - Espero mesmo que tudo dê certo com vocês dois. - Disse esperançoso pegando a bandeja para voltar a pegar os pedidos.

-Obrigada Den! - Agradeceu Izuku e Shouto.

Assim, ambos voltaram a andar, de volta ao ponto de ônibus.
Izuku estava adorando seu novo cabo e as possibilidades de poder lembrar cada vez mais de seu passado e de sua promessa e Shouto estava se sentindo um pouco melhor em poder ajudá-lo a se libertar de tudo aquilo.

Os dias estão passando rápido. A tarde chega ao fim.
Lembrando que, tinham apenas dois dias, e faltava apenas algumas horas antes do fim de um deles.

Denki apenas lembrou quando ambos já tinham saído. Não seria apenas um Shinigami que iria atrás deles, haviam tido sorte de despistar apenas um, torcia para conseguirem se salvar de todos. Se a lua estava tão empenhada em os deixar juntos, ajudaria naquilo também.

Halloween ✔ (terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora