inacabado

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Me deparo constantemente com o sentimento do inacabado, do incompleto. Tantas possibilidades existentes, tantas ideias flutuam em minha mente em raros momentos atuais, nenhuma que eu consiga externalizar. Todas são histórias românticas, algumas levam o romance até o nível físico, outras param antes que esse momento possa chegar. Todas com uma grande parte de mim e por vezes de outras pessoas com quem me relacionei também. Algumas curtas e outras são mais longas, quase todas sem um final. Algumas histórias contam parte da minha vida das quais tenho pouco contato agora, e talvez terminá-la seja uma forma de dizer que ela terá que ficar pra trás. Outras não possuem continuação porque não há mais aquela visão do que pode vir a acontecer, do que é excitante e divertido. A que escrevi por mais tempo com alguém foi a história que por um tempo eu quis que continuasse, mas me desiludi quando não houve mais a reciprocidade. As histórias que possuem final são aquelas bem antigas, como relacionamentos casuais que acontecem uma ou algumas vezes e acabam. Eram breves, haviam constantemente a sensação de novidade e isso torna as coisas um pouco mais desejadas no início. Elas tinham o seu começo, seu breve desenvolvimento e o seu fim. Depois não houveram mais histórias durante alguns anos e elas não me faziam tanta falta. Quando voltei a escrever e me deparei com a minha nova era. Meus desejos já não eram mais os mesmos, assim como escrever com poucas palavras o que precisava ser expressado também não fazia mais sentido. Eu queria algo profundo e o êxito de conseguir isso foi enorme. Passei um bom tempo fazendo comparações sem fundamentos em minha cabeça, desejando que tudo que pudesse ser colocado em palavras depois daquilo fosse melhor que antes, como se desejasse que o próximo precisasse superar o que já foi finalizado. Isso não deu certo, há coisas que não precisam ser superadas, apenas finalizadas e arquivadas em uma caixinha cujo nome na etiqueta seja "momentos que já foram felizes" e que contenha tudo aquilo que já foi bom um dia, mesmo que por pouco tempo. Essa caixa que em minha cabeça se parece com um baú antigo, cheio de arranhões e com pedaços de madeira sem pintar, descascados e com uma cor que já achei bonita e hoje não acho mais. Ela não precisa ser trocada ou restaurada, ela não precisa ser superada, ela também é a objetificação de quem eu já fui um dia. Minha prateleira não precisa de uma caixa melhorada, otimizada e nem que tenha o mesmo formato. Ela tem espaço suficiente para outras caixas de diferentes tamanhos, formatos e cores. Outros momentos poderão ser guardados dentro dela também e assim tento, com dificuldade às vezes, escolher o meu caminho nos momentos. Pode ser que demore para aquelas histórias terem um fim, assim me considero atualmente uma pessoa de momentos e continue evitando por um tempo de tudo aquilo que deveria acabar. De vez em quando não estamos prontos para encerrar um ciclo, por mais que desejamos isso. Sigo meu caminho ainda pelas laterais do meu objetivo, andando devagar pela estrada de terra e me esquivando do que que possa me trazer breves momentos de infelicidade pelas coisas que possuem um final, desejando um dia poder andar no caminho de pedra novamente.

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2021 ⏰

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