ACREDITAR

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Durante todo jogo eu fiquei imóvel, somente olhando aquele aparelho de televisão sem um pingo de empolgação, eu devia gritar depois de um gol do time do nosso lado, ficar feliz com um erro do adversário, mas não, eu não fiz nada relacionado ao maldito jogo. Eu fiquei observando o meu primo, como ele estava maravilhoso na camisa do time, ele gritava loucamente, fazendo expressões engraçadas e abraçando meu pai, quando um gol era marcado.

O que eu estava fazendo? O que estava acontecendo comigo? Eu não devia estar admirando meu primo, não devia ter ficado excitado com ele. Eu não queria estar apaixonado.

Lenny, não seja besta! você não está apaixonado! Deve ser só uma atração boba!

É só uma atração!

É só uma atração!

É só uma atração!

- Que tal uma pipoca? - minha mãe diz, e então gritamos "Sim" em uníssono. - Vem me ajudar, querido.

- Claro, mãe. - a segui até à cozinha, talvez ver minha mãe cozinhando tirasse meus pensamentos do Brad.

A ajudei no preparo da pipoca silenciosamente, até porque não tinha nada o que falar. No final eu lavei as panelas sujas, e as guardei no lugar onde estavam anteriormente.

Os pensamentos não saíam da minha cabeça, o Brad não saía da minha cabeça:

" E de mim? Tem medo?"

"Eu não tenho medo de você, Thomas"

"É claro que não."

"Você beija bem, priminho"

COMO tirar todos eles dalí? Como exclui-los e esquecer de tudo? Mas eu queria realmente aquilo, esquecer? Como eu podia saber?

Sai da cozinha e segui para a sala, o jogo estava quase no fim, e meu pai não tirava o olho das jogadas dos caras em campo. Nunca gostei de futebol, eu não entendo merda nenhuma.

Ouvi alguém bater na porta.

- Eu abro! - falei, antes de qualquer coisa, indo rumo à porta. Ao abrir, vi a Brick, ao me ver, ela abriu um sorriso e me abraçou.

- Oi, amigo! Como vai?

- Hey, Brick! Vou bem e você? Entra. - fechei a porta assim que ela entrou

- Estou bem. Oi, tio Julius! Oi, tia Emilia! Oi,Thomas!

- Olá - disse meu pai

- Oi, querida - disse minha mãe, aparecendo na sala, com duas tigelas cheias de pipoca nas mãos.

- E aí - meu primo disse por último. Não foi absolutamente nada demais, mas eu ri.

- Preciso falar com você! - dissemos em uníssono, e isso chamou a atenção de todos na sala, antes que minha mãe pudesse nos chamar para sentar e ver o dito jogo, subimos para o meu quarto.

...

- O que? Você tá apaixonado? - Brick praticamente gritou, e eu tive que tampar sua boca para não chamar atenção

- Fala baixo!

- Tá, desculpa! Então... Quem é o cara?

Fiquei em silêncio, eu não devia estar dizendo nada, eu não devia sequer pensar no meu primo como além disso, primo.

- O Thomas - murmurei

- Quem?

- O Thomas!pronto!

Ela pôs à mão na boca, surpresa com a notícia. Era de se esperar, eu gostando do meu primo, como não ser impressionante?

- Eu sabia! - ela disse, se levantando - Esse 'ódio' - ela fez sinal de aspas - Por você não devia ser por causa de sua orientação sexual. Mas como foi? Como você descobriu?

Acabei que cantando tudo para ela, desde o dia estranho e louco do banheiro, a o dia em que nos beijamos, contei como me excitei, como sentir um estranho sentimento ao ser beijado por ele. No final de tudo, ela apenas colocava a mão na boca, impressionada com tudo.

- Você vai contar?

- Que? Não! Deus me livre!

- Por que? Ele deve sentir o mesmo

- E se não sentir? E se ele não gostar de mim da forma que eu gosto? Talvez esse maldito beijo não tenha significado nada pra ele, eu prefiro ficar calado, esquecer isso tudo. Logo logo ele irá embora, não tem como isso dá certo. Por favor, não force.

- Tá bem. Vamos esquecer! - ela pegou na minha mão, sorrindo - Que tal convidá-lo para a festa da minha irmã?

***

As horas se passaram, e a ideia da Brick de chamar o Thomas para festa não saía da minha cabeça, eu estava na frente de sua porta, pensando intensamente no assunto.

- Filho?

- Pai? - falei, me assustando

- O que está fazendo aqui? Não era para você estar dormindo?

- Bom, eu preciso muito falar com o Thomas, então...

- Vá dormir. E se ouvir murmúrios de vocês, castigo!

Achei melhor obedecer, não queria ver meu pai na sua última faceta, não que ele fosse um maluco bipolar, ele era até de boa, mas quando eu o contrariava - o que ocorria sempre - ele ficava muito irritado.

Amanhã eu vou convidá-lo sem falta!

Era Uma Vez Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora