♧ VINGANÇA ♧

3.8K 430 65
                                    

VIOLET

-Desculpe!- pedi quando consegui parar de soluçar- É que é monstruoso demais tudo que você me falou.

-Só que tem mais...

-Mais?- interrompi incrédula.

-Certamente, desejo vingar a morte de Helena e do meu filho que não nasceu, mas agora é também por Alícia. Assim que a vi pela primeira vez, senti uma vontade imensa de protegê-la e quando ela foi mandada para a masmorra, entendi que estava apaixonado e que precisava tirá-la daquele lugar.

E mais essa agora.
Ainda conversamos certo tempo, depois ele foi embora.
Voltei a me deitar, mas não consegui dormir. Passei o resto da noite mal sossegada e planejando mil e uma formas de matar aquele infeliz.
Eu salvaria minha irmã nem que isso custasse minha vida.

Pela manhã, as damas vieram me ajudar a me arrumar e me levaram para a sala de refeições.
Fiquei lívida ao me deparar com Lion sentado à mesa, ao lado de Aylus e sua irmã.
Imagino que o cretino tenha percebido meu desconforto. Na verdade, eu queria saltar em seu pescoço e o estrangular.

-O que houve querida?!- ele me questiona me fazendo sentar junto dele.

Se ele me chamar de querida de novo vou dá na cara dele.

-Não dormi bem!- resmungo.

-Por quê?!

Oras, pare de perguntar.

-Pesadelos terríveis!

-Ah, que pena!- ele diz me fazendo revirar os olhos - Bem, devo apresentá-la a Lion, meu sobrinho, filho da minha irmã.

O susto da revelação me fez engasgar com o suco.
Mas que merda! Só tem traidores aqui.
Que ódio!

-Oh, que família feliz!- desdenho fulminando Lion com o olhar.

-Já se conheciam?!

A tal princesa me questiona maliciosamente.
Ah, surpresas! Isso tudo parecia uma armadilha e eu já estava na merda mesmo, era hora de sujar mais gente. A essa altura, o ódio estava só no meu corpo todo e despejei:

-Se não me engano, é este o canalha que me deu uma adaga para matar seu soberano. Que pena que eu não matei. Que bela família vocês têm! E eu que pensei que tinha problemas...- desdenho.

-Eu posso explicar. - Lion se adianta.

-Não afronte minha inteligência!- grito com ele- E querem saber mais, desejo matar cada um de vocês, só me dêem oportunidade.- digo me levantando.

-Aonde pensa que vai?- Aylus me questiona.

-Estou enojada de vocês e se me obrigar a ficar aqui, não vai ser nada agradável, juro que vomito na mesa. - Ameaço zangada.

-Mas é uma selvagem mesmo!- a princesa fala com desdém.

Vou dá na cara dessa nojenta.

-Queridinha a porra da sua opinião não me importa em nada. E se sou selvagem, vocês que se dizem civilizados são o que mesmo? É sobrinho querendo matar o tio, estou fora disso. Que família mais louca.

É claro que falo isso e vou caindo fora.
E se um deles vir atrás de mim, nem que eu morra, mas vou sair no tapa.

-Aylus, não vai fazer nada?- ouço ela falar toda nervosinha.

-Deixe ela ir, é melhor! Não concorda?!

-Arg...se ela falar assim comigo de novo quebro-lhe os dois braços.

Ao ouvir isso, quase me viro para mostrar o dedo do meio pra ela, mas duvido que ela fosse entender e não valia o esforço.
Ainda ouço o cretino dizer:

-Controle-se irmã, não quebrarás nada!

Eu estava furiosa e corri para o jardim; pelo menos ali eu conseguia me acalmar e refletir melhor.
Não demora nada e ouço:

-Que soberana espirituosa nós temos! Eu sabia que a encontraria aqui!

Não posso acreditar que esse miserável teve a ousadia de vir atrás de mim.
Parto para cima dele e lhe dou um tapa forte na cara.
Mas pelo visto só minha mão ficou doendo aqui.
Droga! Dou pulinhos histéricos sentindo minha mão piscar.

-Canalha, você me enganou!- grito avançado contra ele de novo, mas sou segurada. - Eu vou te matar infeliz...

-Lamento! Não achei prudente revelar toda a verdade, confie em mim!- ele diz me soltando.

-Confiar em você? Ficou louco?- esbravejo.

-Eu precisava que reagisse daquela forma, não teria sido igual se soubesse toda a verdade.- ele fala calmamente - Sua postura agradou o soberano.

Fuzilo-o com o olhar, não vou deixar que me engane de novo.

-Se é como diz, se posso confiar em você, prove.

-Como?

-Quero ver minha irmã!

-Não é possível!

-Se não me levar pra ver ela pode esquecer minha ajuda.

Nunca que eu abriria mão disso e no fim das contas, ele concordou em me levar na masmorra à noite.

-Aconselho que agrade o soberano para que ele não desconfie de nada.- ele me aconselha - Na madrugada irei buscá-la.

Concordei com tudo, menos com a parte de ter que agradar aquele cretino.
Tanto que quando ele veio a noite, eu estava com cara de poucos amigos.
Recuei até a sacada tentando evitar o idiota, porém ele me seguiu.
Juro que vou empurrar ele daqui de cima se tiver oportunidade.

-O que faz aqui?- procurei ser dócil, difícil era conseguir.

-Por que está brava?

Sério que o dissimulado estava me perguntando isso?

-Porque descobri que hoje odeio esse lugar mais do que ontem...

-Isso é só pelo que Lion fez?

-E acha pouco?

Cara de pau.

-Hummm, ontem você estava bem mais receptiva...

Ele diz e tenta se aproximar de mim.

-Fique onde está, não estou afim hoje...

Ele se detém e me olha de cima abaixo, certamente procurando algum indício de que estou mentindo.

-Certo! E onde está a adaga?

-Segura!

-Dê-me!

-Não! Eu ainda pretendo te matar, aliás, estou pensando de te empurrar daqui de cima agorinha mesmo. Será se você morre da queda?- pergunto irritada.

-Não!

-Ah, que peninha!- ironizo.

Rapidamente, retorno para o quarto e ele vem atrás de mim.

-Eu preciso explicar sobre Lion!

-Não me diga nada, por favor! Não quero saber de nada, só quero ficar sozinha.

Do nada me vem uma vontade de chorar e não me importo se ele está ali ou não. Despejo toda a minha frustração em lágrimas.
Estou furiosa comigo mesma por ter sido tão idiota.
Agora me sinto frágil e inútil.
Por sorte, ele parece compreender que não o quero por perto nem pintado de ouro e me deixa em paz.

Apenas me deito.
De repente me sinto exausta.
Preciso descansar e quem sabe esquecer essa merda toda.
Pelo menos, consigo dormir e isso é bom.

ABDUZIDA ♧ Contos alienígenas ♧ Onde histórias criam vida. Descubra agora