♧ SUSPEITA ♧

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Aylus

-Irmão, não devias testá-la dessa maneira!

-É preciso, Liara! Mulheres como ela são raras e não há como saber o que ela está pensando, então, se não posso manipulá-la como as outras, só me resta fazer o teste.

-Já vi que teremos de encontrar outra soberana!

-Pessimismo é uma característica muito humana, não acha?!- pergunto num tom de acusação.

-Não, não! Apenas estou sendo realista!

Liara é totalmente contra a esse meu plano, mas não posso me abster disso.
Eu já havia comunicado minha decisão à futura soberana, vi como ela reagiu a ideia de ter que se deitar comigo antes que eu liberasse sua irmã, agora era só esperar e ver como ela lidaria com essa informação.
Eu a estava empurrando bem próximo ao precipício e preciso ver qual vai ser sua reação.
Após nossa conversa, não a procurei, mas fiz questão de fazer barulho quando entrei no banho naquela noite.
Eu contava com a curiosidade humana e lá estava ela.

Senti sua presença assim que se aproximou.
Fiquei surpreso quando ela me ofereceu ajuda, mesmo eu sendo seu algoz, para todos os efeitos.
Resolvi ver até onde ela iria e fingi me desequilibrar.
Ela me alcançou rapidamente e me ajudou a ir para meus aposentos.
Sento-me na cama e a observo.

-É melhor se deitar! - ela aconselha.

-Estou bem assim!

-Aposto que sim! - Noto seu desdém.

Sem mais palavras, ela sai por onde entramos, mas em poucos minutos está de volta e seu olhar é decidido.
Finjo estar avaliando o ferimento em meu abdômen.

-O que faz aqui?!

-Vim ajudá-lo! Deite-se- Ela explica e com seu jeito mandão me pede para deitar e já vai me empurrando e pressionando a toalha no ferimento.

-Por que está fazendo isso?!

-Nem eu mesma sei!

-Dê-me aquela garrafa!- Aponto uma garrafa escura sobre uma mesa e ela não faz qualquer objeção.

Bebo um generoso gole do líquido e entrego de volta a ela, que põe no mesmo lugar.
Espero estar fazendo a coisa certa ou estarei em sérios apuros.
Quando a bebida faz efeito, sou reclamado pelo sono e me deixo ir.
A última visão que tenho é a da pequena humana se aproximando do meu leito, seu semblante acusa uma luta íntima e seu olhar é de puro terror.
Não há como prever o que acontecerá, mas ainda acredito estar certo sobre sua índole.

Violet

Puxei a adaga secretamente escondida, mas fui incapaz de fincar no coração dele.
Não sou uma assassina.
Saio de lá, às pressas, e corro para o jardim.
Eu precisava de ar puro.

-Inferno, o que você está fazendo Violet?!

-É muito tentador ver a soberana nesses trajes!

Quase corro de susto.

-Mas que droga! O que faz aqui?! Ah, deixa pra lá... Olhe, eu não consegui matá-lo, simplesmente, não posso fazer isso...

-Como assim?

-Ele está ferido! Tive oportunidade, mas não consegui!- despejei.

-E onde ele está?!

-Dormindo!

-Volte lá agora e mate-o!

-Você não me ouviu?! Não sou uma assassina!- esbravejo.

-Entendo! Quantas mais vais permitir que ele mate?! Quem será a próxima?! Sua irmã, talvez?!- ele fala e então segura meu rosto com as duas mãos, sinto uma corrente elétrica em mim com seu toque- Volte lá e crave a adaga no peito dele!- ele me incita.

ABDUZIDA ♧ Contos alienígenas ♧ Onde histórias criam vida. Descubra agora