Mudanças e lembranças

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    Amanhecia o dia, apenas mais um dia para aproveitar os poucos momentos de vida. Paul havia passado a noite em claro assinando e analisando papéis.
    — Aí aí, não aguento mais ver toda essa burocracia, por que eu tenho que participar dessa merda toda, hein? Me disseram que era só matar uns malucos que já tava bom, mas não, agora eu sou o general e fica tudo por minha conta enquanto aquele arrombado aproveitava com os velhos amigos.
    A sua feição de raiva e cansaço era nítida. O de cabelos castanhos sempre parecia nunca se importar com nada ao seu redor, e às vezes também não parecia ligar muito para as pessoas ao seu redor, na maior parte do tempo transparece estar zangado. Sempre perambulando com o seu cigarro, deixando a nicotina fazer efeito no cérebro. Desleixado poderia ser uma boa descrição para o mesmo, um verdadeiro "bobão" as vezes, sempre esquecendo das coisas, algo que já lhe ocasionou muitos problemas. Desconfiado, devagar, bom soldado mas mal soldado, são tantas características em apenas uma só pessoa.
    Quando olhou pela janela,  aparentemente já era de manhã, não dava para saber por causa do clima frio e dos poucos dias de Sol na Noruega. Pelo menos já sabia que era hora dos soldados se levantarem depois de algumas longas horas de sono, o que não foi o seu caso.
    —General Paul? Posso entrar?
Entrava um indivíduo, apenas mais um soldado qualquer. Dessa vez era alto, um pouco magro; pele escura e boca carnuda.
    — Fala — falava com a voz levemente trêmula, sua cabeça não estava funcionando como deveria.
    — O general Kristoffer, da base polonesa, está exigindo uma reunião para novos planos de dominação mundial.
    — É Tor- Red Leader, que resolve esses assuntos, não faz sentido ele convocar uma reunião.
    — O general disse que não custa nada ajudar o Red Leader neste quesito.
    — Ok, ok, mas tem que ser justamente eu? Se eu for embora, a base vai ficar sem general.
    — Ouvi boatos que um novo soldado está na base. Patryck, seu nome é bastante citado por aqui, me parece um próximo do Red Leader, ele poderia ser o general por enquanto.
    — Sim, mas ele se encarregou de levar um dinheiro pra Cuba.
    — Qualquer outro soldado competente à altura e que saiba falar espanhol pode levar o dinheiro.
    — É uma boa, acho que vou fazer isso mesmo. E vem cá, que boatos são esses sobre o Pat?
    — Só vim lhe comunicar sobre. Já os boatos, todos por aqui já sabiam de sua existência, que o tal seria um dos soldados ou um dos generais mais próximos de Red Leader. Aliás, vejo que vocês já são próximos.
    — E como diabos vocês já sabiam dele?
    — Um dos soldados encontrou algumas fotos antigas do senhor, General Paul, você parece conhecer Red Leader desde adolescente.
    — QUE?!! Como encontraram essas fotos? Ah merda... Enfim, sim. Eu, Tord e Patryck nos conhecemos desde bebês na verdade.
    — Tord?
    — RED LEADER! Led Leader.
    — Ok. Eu tenho que ir.
    O soldado se retira logo em seguida, só sobrando Paul. A única coisa que se passava na sua cabeça era "puta merda, tem mais isso agora".
    Ainda se passou um tempo, uma hora para ser exato, para que terminasse de assinar toda a papelada. Terminou, organizou e foi para seu quarto, Patryck não estava mais lá. Se acomodou em sua cama, tentava descansar, finalmente, depois de tanto trabalho, com certeza merecia um descanso. Não deu muito tempo até que Patryck chegasse no quarto.
    — Ah, você está aqui.
    Parecia um pouco cansado, estava ofegante, sem camisa, e bastante suado.
    — Aaaah cara, tava quase dormindo. — se levanta rapidamente — cacete, tu mudou pra caralho olhando assim agora.
    — Você acha?
    — Sim, tá mais alto, bem mais alto do que eu, e não tem tanto jeito de menininha como antes. Tá com o corpo definido, ganhou tanquinho.
    — Obrigado. Isso que dá malhar todo dia de manhã todos os dias há 4 anos.
    — Tu tem muita disposição, eu não tenho essa coragem de malhar todo dia.
    — Devia, já que você é o general.
    — É né, mas eu já ponho coragem só pelas minhas cicatrizes.
    — E você já tem cicatrizes?
    — Tenho.
     Logo em seguida retira a farda do tronco para cima.
    — Essas no braço direito foram da garra de um urso, essas nas mãos foram de quando eu trabalhava na usina nuclear, essas duas nas costas foi bala; essas no peito foi na escola militar que pegou no arame farpado; e essa de faca na barriga que tu já conhece. Eu ainda tenho uma na perna de uma briga na base inglesa.
    —Uau.
    Nem tentava disfarça, as bochechas do mais alto estavam rosadas.
    — Gostou do que viu, foi? — falava com um ar de provocação e brincadeira — tu sempre gostou de caras com cicatriz, foi assim que eu te conquistei.
    — Claro, claro, vai acreditando nisso.
    — Eu te conheço, te conheço até demais.
    — Eu mudei nestes últimos 6 anos, talvez você não me conheça tão bem assim.
    — A gente se conhece desde da barriga das nossas mães, claro que eu te conheço bem. Só para de falar tão formalzinho assim, não precisa falar assim comigo.
    — Tá bom, tá bom, já tava me dando agonia falar assim o tempo todo, mas na escola militar eles nos ensinam falar assim. Realmente a gente se conhece desde bebês, mas 6 anos são muita coisa, antes da gente se separar tu só tinha a cicatriz na barriga.
    — É né, realmente os dois mudaram muito, mas ainda somos amigos.
 

  — É... E a gente já foi mais do que amigos.
    Um silêncio ensurdecedor se instalava no quarto, cada vez mais lembravam de suas épocas de adolescente, de como era uma época mais calma, menos responsabilidades. Como era bom quando os dois tinham um romance jovem, um romance que foi interrompido.

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    Oiiee, povinho que estar a ler essa fic, desculpa a demora para postar, é que eu sou realmente bem ocupada.
    Também venho aqui pedir que caso vocês vejam algum erro de português, me corrijam, nem que seja um errinho pequenininho.
    Mas então, o que vocês estão achando da fic? Vou tentar postar com mais frequência.

Igual aos velhos temposOnde histórias criam vida. Descubra agora