Capítulo 5

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Eu costumava ouvir uma música simples

Isso foi até você chegar

Agora em seu lugar está algo novo

Eu ouço quando olho para você

𝓘 𝓗𝓮𝓪𝓻 𝓪 𝓢𝔂𝓶𝓹𝓱𝓸𝓷𝔂 - 𝓒𝓸𝓭𝔂 𝓕𝓻𝔂


Theodore é realmente um bom artista

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Theodore é realmente um bom artista. Ele desenha meu avô parado assistindo a projeção das estrelas.

A cada traço, cada detalhe, Theodore parece se expressar, mesmo que silenciosamente. A cada linha é um sentimento diferente.

- A quanto tempo desenha? - Pergunto me apoiando no braço da cadeira.

- Comecei em 2016. - Theodore fala sem tirar a atenção da folha.

- Como descobriu que gostava de desenhar?

- Foi por conta de um trabalho da escola. Minha professora falou que eu desenhava bem e me incentivou a continuar. - Theodore anota no canto da folha o nome de algumas cores.

- Seus pais devem achar seus desenhos muito bonitos.

Theodore parece dar de ombros quando menciono seus pais, mas o vejo pressionar o lápis na folha por alguns segundos.

- Fiquem aqui, vou buscar um café ali na máquina. - Meu avô diz, se retirando da sala.

- Você tem algum hobby? - Theodore pergunta ainda atento ao seu desenho.

- Fotografia. - Me lembro da câmera pendurada em meu pescoço.

- Por isso a câmera... Não vai usá-la? - Ele se vira para mim.

- Vou. - Tiro uma foto desprevenida de Theodore e começo a rir da cara engraçada que ele ficou.

Ele se vira novamente e volta a rabiscar em seu caderno.

Fotografia. Faz um tempo que não tiro fotos de nada.

Me levanto e começo a andar pelo planetário, lá tem muitas coisas interessantes que nunca tinha reparado antes.

Como a trilha de formigas indo em direção a uma bala abandonada na mesa.

Ou a folha dos horários que fica voando toda vez que o vento a acerta.

A impaciência do meu avô em esperar o café ficar pronto. As duas colheres de açúcar que ele sempre põe em sua xícara. 

De repente comecei a reparar nos pequenos detalhes. É impressionante o tanto de coisas que deixei de ver por não perceber as pequenas coisas.

A câmera faz um barulho que ecoa pelo ambiente. Me deixo levar pelas fotos e percebo Theodore me olhando pelo reflexo do vidro.

- Perdeu alguma coisa? - Me falo virando para ele.

- Que? - Theodore vira o rosto no mesmo segundo e se faz de desentendido. Essa foi boa.

- Nada. - Falo entre uma risada.

- Acho melhor voltarmos. Está ficando tarde. - Meu avô anda em direção ao tablet e procura o botão de desligar. Isso levou pelo menos dois minutos.

- Deveríamos vir aqui mais vezes. - Comento desligando a câmera.

- Claro, podemos vir aqui novamente.

- O senhor pode me deixar em casa no caminho? - Theodore se aproxima enquanto guarda seu caderninho dentro da bolsa.

- Nada disso, vamos ter um jantar lá em casa e você irá participar. - Acho que preciso lembrar ao vovô que ele não manda em Theodore.

- Não sei, acho que vou para casa. - Theodore lança um olhar diferente para o vovô. Quase assustado, como se fosse um aviso.

- Ah, tudo bem então. Podemos fazer o jantar amanhã, tudo bem? - O vovô tenta manter o humor no seu tom, mas não parece funcionar.

O que esses dois estão escondendo.

Assim que saímos do planetário, vovô muda o caminho de casa e vai até a de Theo. Ele não mora longe, mas deve ser uma caminhada de no mínimo quinze minutos.

A casa de Theo é bem simples, diferente da nossa.

- Até mais senhor. Te vejo amanhã. - Theo desce da caçamba da caminhonete e acena para o meu avô.

- Até mais menino! Se cuida.

- Até mais Stella. - Ele sorri gentilmente e espera que meu avô ligue o carro outra vez.

Theo se vira e é possível ver o grande suspiro que ele dá antes de entrar em casa. Sua postura descontraída muda para uma mais firme. 

Um homem muito semelhante a ele abre a porta, deve ser o pai de Theo. O homem grita algumas coisas, mesmo já estando longe, sinto que posso ouvir sua voz.

A última coisa que vejo, é Theodore sendo puxado pelo braço com agressividade.

Sempre repare nos pequenos detalhes.

Meu avô passa por algumas ruas e estamos em casa novamente.

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