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"- Winter? Estou realmente preocupado, fale comigo por favor"


HAVEN

Minha cabeça está pesada

O chão está em constante oscilação enquanto eu tento abrir os olhos, movo meus dedos encolhendo-os e logo em seguida abrindo-os. Abro lentamente os olhos piscando e sinto as pálpebras pesadas

- Haven? – um sussurro a minha frente e eu abro de vez sentindo a cabeça latejar com o esforço

- Liz? – pergunto rouca e uma luz jogada em meu rosto é a resposta, balanço a cabeça e dois minutos depois vejo Liz com as mãos amarradas enquanto Martin paira atrás dela

- Olá filha, descansou um pouco?

Minha boca está seca e sinto um latejar insistente em um lado do rosto me dizendo que ele me bateu. Algo quente desliza por minha bochecha e vejo os olhos arregalados de Liz enquanto engole em seco

- Não tem nada a dizer para mim depois desse tempo todo? – Martin pergunta e eu me silencio, como sempre fiz – Nada mesmo?

Meus olhos se movem de um lado a outro tentando encontrar algo, ele ri da minha tentativa e eu estremeço com o som

- Sabe, se você tivesse continuado onde estava eu teria esquecido da sua existência – ele comenta e vejo algo reluzir com o movimento da sua mão, prendo a respiração ao ver uma faca – Mas você tinha que se intrometer nos meus negócios

Mordo a língua para não responder

Martin se separa de Liz e eu exalo aliviada, ele paira na minha frente e se abaixa ficando na altura dos meus olhos

- Você não é a sua mãe Haven, nunca foi – sua cabeça se inclina e pela primeira vez eu me permito vê-lo. Seus cabelos pretos e colocados para trás com alguns fios grisalhos, como se ele tivesse pintado e mesmo assim tivesse escapado alguns

Sua boca retorcida sempre em um sorriso malicioso, seus olhos claros sempre deduzindo algo. Seus dedos tocam minha bochecha e eu me afasto enojada

Ele percebe minha expressão e volta sua mão para trás batendo no mesmo lugar que ele já tinha batido

- Com certeza não é a sua mãe – ele anuncia e seus olhos deslizam com nojo antes de sorrir – Acho que gostará de saber que sua outra amiga está sendo muito bem tratada por Antony

Cuspo em seu rosto e ele grunhe se voltando para trás limpando, sua mão se forma um punho e Liz grita quando ele acerta outro tapa enviando minha cabeça para trás

Segurando meu queixo ele inclina minha cabeça para trás e me mostra um pote grande com a cor amarelada

- Sabe o que tem aqui querida? – ele sabe que eu não irei responder então continua – Sua mão gostava de toma-los, a fazia se sentir melhor

Ele estende o copinho na minha direção e eu desvio os olhos me afastando o máximo que posso antes de se barrada pela parede atrás de mim, pegajosa assim como o chão onde eu estou sentada

Tempest

Talvez estivéssemos no Tempest

Mas seria provável demais

- Vamos lá Haven, abra a boca tenho certeza que você também gostará – Martin pega uma mecha do meu cabelo e sinto o puxão que ele dá para inclinar minha cabeça novamente – Tome os comprimidos ou vai se arrepender

Fecho ainda mais a boca

Ele sorri e se afasta dando pequenos passos de volta a Liz que pisca os olhos afastando as lágrimas. Martin gira ficando a minha frente e sua faca reluze enquanto ele encosta na bochecha de Liz

Um fio de sangue começa a aparecer e eu fico ofegante enquanto a vejo fechar os olhos com força

- Não vai mesmo tomar Haven? – ele cantarola

O infeliz

A faca continua encostada na pele dela e eu sufoco com o choro enquanto abro a boca, não é o bastante, mas ele entende porque sorri

Já imaginando que venceu

- Muito bem – ele diz e coloca quatro comprimidos em minha boca esperando, faço o movimento de glutição quase engasgando e abro a boca mostrando a língua. Martin sorri acenando e se afasta puxando seu celular do bolso

Olho para Liz e a vejo se arrastando em minha direção, sacudo a cabeça lentamente não ousando abrir a boca e ela para, fecho os olhos e puxo uma respiração mostrando a ela

Suas bochechas estão molhadas com as lágrimas que derramou, mas ela repete o que eu fiz. Ela sabe que a coisa mais importante nessa sala é proteger o seu filho que ainda nem nasceu

Ela sabe que eu farei qualquer coisa para que ela saia daqui

Por que ela vai sair

Assim que ele me der todos os comprimidos que eu sei que ele irá me dar ele vai libera-la, essa é a intenção dele, me ver morrer assim como a minha mãe. Liz funga e eu repito o processo

Fique bem

Fique bem

BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora