O Viajante livro 1: Folhas e névoa

Capitulo 0002: O maior dos idiotas

E assim o mundo ao redor deles foi se esmaecendo, tudo começou a tomar um ar estéril e subitamente estavam em outro lugar, quase que de maneira instantânea. A rápida mudança de pressão deixou todos momentaneamente desnorteados, em seguida veio uma sensação temporária de mal estar.

O lugar onde estavam era arborizado, árvores antigas e altas com grandes raízes que se estendiam pelo chão o bagunçando, chão que em boa parte era feito de pedra com áreas salpicadas de uma terra cinzenta, ao redor deles haviam algumas estátuas, três lanternas de pedra e duas tendas improvisadas, mais a frente um pequeno lago nutrido por uma minúscula "cachoeira" que caia do paredão de pedra que rodeava o local como James costumava a chamar, como um todo era como uma clareira envolta por uma grande muralha rochosa, apesar de tudo o lugar tinha uma quantia relativamente boa de espaço inclusive uma "casinha" de madeira e um tipo de buraco perto das bordas, cercado por arbustos também conhecido como latrina.

Alguns papeis estavam no chão juntamente com suprimentos enlatados de tamanho desproporcional e diversas panelas, tudo disposto e alinhado cuidadosamente.

– Yori, da próxima vez que você fizer algo assim, eu mesmo te mato! – Disse James com uma expressão aborrecida enquanto sentia os efeitos colaterais da transição entre mundos, tudo ao redor parecia estar lentamente ficando maior.

– Como se eu tivesse controle sobre o que vai acontecer. – Retrucou Yori assoviando enquanto andava ziguezagueando despreocupadamente em direção ao pequeno lago. – Ainda temos gás, comida e a bobina de energia não quebrou – disse enquanto tirava alguns alimentos não perecíveis que trouxe consigo.

____James____

– Então é assim que acha que tudo funciona? Ao menos tome seu chá para não acordarmos no meio de um deserto ou algo parecido! – Disse enquanto oferecia um copo de cerâmica.

O chá é feito de algumas folhas das árvores do local em teoria impede que caiamos em situações complicadas durante a noite, segundo o Vigia um possível efeito colateral tardio da transição seria Yori se conectar a algo no local que estava antes da passagem. Embora seja improvável não é impossível de acontecer, apenas questão de sorte ou azar.

– Uma vez por semana e ainda assim não me acostumei com o gosto – disse Yori enquanto pegava o chá – conseguiu pegar mais alguma coisa útil? – perguntou enquanto tomava o líquido.

– Talvez, mas irei contar apenas quando souber. – Eu disse enquanto subia em uma árvore.

– Se estiver escondendo alguma comida outra vez vai se arrepender – Yori já estava no lago, afundado em água ate o pescoço e ainda com as roupas.

Eu havia deitado em cima de uma árvore, sobre um galho que se estendia para o lago e as barracas, a cabaça balançava pendurada, minha visão captava silhuetas de folhas derivadas da fraca iluminação que se encontrava a baixo, galhos e o céu sem nuvens com poucas estrelas para contrastar com o sol de tom laranja fosco que mudava de intensidade e cor mas reinava durante o dia.

Em seguida fizemos uma fogueira e dormimos.

____ James ____

Boom... Boooom, crack, pensei ter ouvido enquanto dormia, Boooom mais perto desta vez, então abri os olhos.

Eu e Yori estávamos deitados em nossos sacos de dormir dentro de uma sala, ao redor as paredes eram de alvenaria, uma porta e o chão que eram de madeira polida bem encaixada se destacavam, havia uma janela simples com um uma junção em formato de + em madeira para segurar os vidros, uma cadeira, cômoda e um colchão simples com uma coberta no chão. Tinha apenas um único detalhe que se sobressaia, tudo era imenso!