Em busca do novo

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Maylla POV

— Não acredito nisso! — deitada na cama, Maylla caprichou no olhar sarcástico.

O motivo? Não podia ser verdade que Aryelle conseguiu pegar o telefone do Gabriel, quer dizer, ele é o menino mais gato da escola. E agora, isso estava sendo assunto principal da conversa no quarto. 

— Peguei, e peguei com muito gosto. — Aryelle sorriu com ar de conquista.

No entanto, Colinne não pensou que era uma conquista digna de ser aplaudida, pelo contrário, Aryelle tendia ser extremamente grudenta e ir atrás de garotos como se fossem objetos, expostos em sua estante, mas longe de seu coração. Por isso, Colinne julgava a situação da forma mais racional possível. Deitada na cama com os pés na parede e de cabeça para baixo, comentou:

— Você já parou para pensar que isso pode ser obsessão?

— Concordo com você. — Maylla assentiu. Afinal, era um total absurdo!

— Gente! Dá para vocês pararem? — as mãos de Aryelle foram à cintura em defesa - Eu vou ligar para ele. É a chance que eu tenho de sair com o cara mais GATO de toda a faculdade. O Gabriel é... — fez uma cara de pensativa.

— Mulherengo. — o corte de Maylla foi certeiro — Eu acho o Gabriel bonito também, não posso negar que gosto dos olhos azuis dele, do corpinho definido, da boca sedutora, mas é só isso.

         Aryelle ficou boquiaberta, se sentiu ultrajada com tanta infâmia. Ela vinha investindo no Gabriel há muito tempo, o suficiente para encher o saco todas as vezes que ia falar com suas amigas. Era Gabriel na escola, Gabriel nas saídas, Gabriel nos cinemas. Era pedir muito para que a apoiassem nesse momento? Os olhos de Maylla e Colinne se reviraram por não aguentarem mais ouvir falar de vocês sabem quem. Mas cada vez que evitavam esse assunto, mais a Aryelle insistia.

O fogo que ardia no interior de Elle não era de uma vela, estava mais para fogueira de São João. Não podia ver uma barriga de tanquinho, queria logo ir lavando roupa. Ela pôs a mão no peito com um ar indignado.

— Ah, para. — estalou a língua — Agora que estou conseguindo o que queria vocês têm que abrir a boca? — e franziu o cenho

— Olha, não vou te impedir, mas acho que há homens melhores. — Maylla se sentou na cama — Ele já é mulherengo e você ainda pede o telefone dele?! Deu o seu pelo menos?

— Dei, é claro. Ele falou que ia me ligar, mas não vou aguentar de ansiedade. — foi manhosa a ponto de surgir um biquinho em seus lábios.

— Pelo menos isso. Só não vou dizer para esperar porque me parece inútil. — Colinne concluiu cruzando os braços.

Maylla saiu da cama em silêncio e se jogou no sofá, bufando insatisfeita. Era uma vida chata, cheia de “vocês sabem quem” e nada de novo. O silêncio pairou no quarto e até Aryelle deixou o corpo cair no puff atrás dela. As três, em uníssono, suspiraram o tédio. Colinne, em um lampejo, se sentou coçando a cabeça com força.

— Não aguento mais! — agarrou as bordas do colchão — Precisamos fazer alguma loucura, sei lá, algo diferente, que irá marcar nossas vidas. Chega de ficar falando do “vocês sabem quem”, de ficar observando a equipe de natação dos garotos gostosos. — ela levantou as mãos aos céus com exagero — Chega!

          Parecia cena de novela, e deixaram Maylla e Aryelle com olhares espantosos. O que foi isso? Se alguma vez eu disse que Colinne era a mais racional de nós três, me desculpem, ela é racional somente às vezes. Sempre que começa com suas ideias malucas, - e acreditem, eram realmente malucas - é de se esperar que algo saísse errado. Maylla até poderia aguentar a vida tediosa, o que não dava para aguentar era as ideias de Colinne.

Traição tem perdão?Onde histórias criam vida. Descubra agora