Sweet Lemon - Parte I

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Quando você é traído, você se machuca.

Quando você se machuca, tem ódio.

Quando você odeia, tenta esquecer.

Quando você tenta esquecer, você sente saudades.

E quando você sente saudades...

Você se apega rapidamente ao bote salva-vidas que lhe é apontado.

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- Ah! Que silêncio magnífico! – Exclamou o mordomo da família Phantomhive, andando pelos corredores da imensa mansão. Um sorriso de deleite estava presente em sua bela face.

 Sentia-se num excelente humor, já que logo no início da manhã os três empregados barulhentos da mansão foram mandados à cidade para cuidarem de comprar itens em falta na mansão. Estava um belíssimo dia, e esperava que retornassem apenas ao entardecer. Proporcionando assim um longo dia em tranquilidade e silêncio.

"Se bem que...". Pensou Sebastian, "Adoraria poder "brincar" um pouco com meu Bocchan hoje". Um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.

 Mas sabia que não deveria. Seu Bocchan mostrou-se terrivelmente aborrecido com o acontecido. Sebastian sabia que quando Ciel gritara com ele há dois dias, um dia após tê-lo tomado pela segunda vez, não estava realmente com raiva, e sim confuso... E imensamente nervoso.

 Sabia que seu Bocchan era completamente inexperiente e inocente (se bem que o próprio mordomo retirou um pouco desta inocência há três dias), por isto tinha de ser deveras paciente, e o estava sendo.

 Porém gostaria de dizer a seu Bocchan que tão pouco ele nunca se encontrara em uma situação como aquela! Afinal, nunca antes havia feito um contrato com um humano e o serviu como está fazendo com Ciel. Nunca antes a alma de alguém o interessou tanto, quanto mais o interior de algum humano, parte que Sebastian nunca se importou de dar atenção.

 Mas não Ciel. Seu jovem mestre é diferente. Completamente diferente de qualquer humano que já havia encontrado em toda a sua existência. Quando fez o contrato, ele próprio não entendeu o porquê de se interessar tanto por uma alma humana. Aquela arrogância, prepotência, angustia, ódio... Tudo isso atraiu o demônio. Ah! E como atraiu. Porém no final, o que mais chamou a atenção do então mordomo, foi toda a tristeza carregada por aquela criança... Todo aquele rancor e principalmente a carência de amor, apesar de o jovem conde dizer que não necessita de um sentimento tão irracional e desprezível, Sebastian sabe o que sua alma realmente diz.

 Realmente... Tinha se metido numa enorme encrenca.

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 Ciel encontrava-se na sala de visitas, apreciando um jogo de xadrez. Porém sua mente não estava ali. Lembrava-se perfeitamente da vergonha que sentiu ao acordar no dia seguinte a noite em que Sebastian o tomou em seu quarto, e de imediatamente gritar para que sebastian fosse embora. Ainda conseguia ver o olhar frio e neutro que recebeu em troca e da profunda reverência feita por Sebastian, antes de ele desaparecer do quarto.

 Não entendia o porquê de estar se sentindo culpado. Quem mandou aquele desgraçado o humilhar de tal forma! Não conseguia acreditar em como Sebastian teve coragem de fazer atos tão desrespeitosos e pervertidos com ele. Afinal, ele não é o mestre deste contrato?! Não conseguia entender o que estava acontecendo com seu mordomo. Todas as vezes que estavam juntos, Sebastian fazia questão de ficar o mais próximo possível de Ciel, o que deixava o jovem conde deveras nervoso.

"Maldito Sebastian! O que, pelos céus, ele está pensando?!" Pensou enquanto movia o cavalo num lance que retirou o bispo do inimigo do tabuleiro. "E porque eu tenho que pensar tanto nele? O contrato já está acabado! Eu não deveria ter mais vontade de viver... Mas então, porque não me sinto assim? Porque não quero que meus dias na mansão com meu mordomo terminem?"

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