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Jimin

Greg Braxton é um monstro. Estou falando de um metro e noventa e cinco de altura e cem quilos de pura força, e do tipo de velocidade e precisão que um dia vai lhe render um belo contrato com um time da Liga Nacional de Hóquei. Bom, isso se a liga estiver disposta a ignorar o tempo que passa no banco, por causa de uma falta. Estamos no segundo período do jogo, e Braxton já cometeu três pênaltis, um dos quais resultou num gol, cortesia de Hoseok, que passou deslizando diante do banco adversário com um sorriso presunçoso no rosto. Grande erro, porque agora Braxton voltou ao gelo e está determinado.

Ele  me  espreme  contra  o  vidro  de  proteção  do rinque  com  tanta  força  que  sacode  todos  os  meus ossos,  mas,  por  sorte,  consigo  dar  o  passe  e chacoalho  as  teias  de  aranha  do  meu cérebro desorientado  em  tempo  de  ver Yoon acertar  uma tacada de pulso e desviar do goleiro do St. Anthony.

O  placar  acende,  e  mesmo  as  vaias  da  torcida  não diminuem  a  sensação  de  vitória  em  minhas  veias.

Jogar fora de casa nunca é tão emocionante quanto jogar no próprio rinque, mas a energia da multidão me alimenta, mesmo quando é negativa.

Quando  o  relógio  apita,  vamos  para  o  vestiário com  uma  vantagem  de  dois  gols  no  St.  Anthony.

Está todo mundo nas nuvens porque não tomamos gol  por  dois  períodos,  mas  o  treinador  Jensen  não deixa  ninguém  comemorar.  Não  importa  que estejamos na  ente… ele nunca nos deixa esquecer o que estamos fazendo de errado.

“Seok!”,  grita  com  Jin.  “Você  tá deixando o número 34 fazer gato e sapato de você! E
você…”  Olha  para  um  dos  nossos  defensores  do segundo ano. “Deixou a defesa aberta para eles  duas vezes!  Seu  trabalho  é  ficar  em  cima  daqueles desgraçados. Viu o empurrão do Hoseok no início do período?  É  esse  tipo  de  jogo  físico  que  espero  de você,  Renaud.  Chega  dessa fresescura  de  ficar esbarrando de leve neles. Bate com vontade, rapaz.”

O  treinador  caminha  até  o  outro  canto  do vestiário  para  continuar  distribuindo  críticas,  e Hoseok e eu trocamos um sorriso.

Jensen é um cara durão, mas é muito bom no que faz. Elogia quando merecemos,  mas,  no  geral,  exige  muito  de  nós  e melhora o nosso jogo.

“Foi uma pancada feia.” Yoongi me lança um olhar de comiseração à medida que levanto a camisa para examinar  com  cuidado  o  lado  esquerdo  do  meu peito.

Braxton  me  deu  uma  surra,  e  já  posso  ver  uma coloração  azulada  surgindo  na  pele.  Vai  deixar  um hematoma gigante.

“Vou sobreviver”, respondo, dando de ombros.

O treinador bate palmas para sinalizar que é hora de  voltar  para  o  gelo;  tiramos  os  protetores  das lâminas dos patins e seguimos em fila pelo túnel até o rinque.

A caminho do banco, posso sentir seus olhos em mim. Não o procuro, mas sei que vou vê-lo se me virar.  Meu  pai,  encolhido  em  seu  lugar  de  sempre no  alto  das  arquibancadas,  um  boné  do  Rangers cobrindo  o  rosto,  os  lábios  comprimidos  numa linha fina.

O  campus  do  St.  Anthony  não  é  muito  longe  da Briar, o que significa que ele só teve de dirigir uma hora  de  Boston  para  chegar  aqui.  Mas,  mesmo  que estivéssemos  jogando  a  horas  de  distância  num torneio  de  fim  semana,  durante  a  tempestade  de neve  do  século,  ele  estaria  lá.  Meu  velho  nunca perde um jogo.

pra jisele lerOnde histórias criam vida. Descubra agora