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Peter andava apressado pelas ruas. Mesmo sem ter marcado um horário específico, ele sentia que estava atrasado, bem atrasado. Mas talvez fosse porque esperou tanto tempo por isso que nem podia acreditar que finalmente estava acontecendo. Não portava um relógio, por isso ficava olhando e esfregando constantemente o pulso direito, mesmo sabendo que seu celular estava no bolso, a poucos centímetros de suas mãos.

A noite estava fria, e ele se arrependia de não ter pego um casaco que o aconchegasse e esquentasse mais, mas na pressa que estava quando saiu de casa, se surpreendeu por ter lembrado de ter pego um. Seu coração acelerou e forçou seus pés a acelerarem quando fez a curva e, no final daquela rua, avistou a velha cafeteria da Cega Al, e seus pés quase correram naquela direção.

Assim que entrou no estabelecimento, seus olhos começaram a procurar Wade. Tinha poucas pessoas no estabelecimento, no máximo umas sete por aquela hora, sem contar com ele. Por mais que nunca tivesse o visto pessoalmente, sabia que o reconheceria assim que o visse.

E dito e feito. Reconheceu-o assim que bateu seus olhos nele, numa mesa afastada, usava uma blusa de frio azul escuro e um capuz na cabeça, e aparentava estar nervoso, mas Peter sabia que era ele.

Assim que Wade notou alguém o observando, levantou a cabeça com rapidez, fazendo seu capuz abaixar. Dois segundos depois, ficou de pé ao lado da mesa, esperando Peter se aproximar, por não saber o que fazer.

Foi nesse momento que Peter decidiu jogar tudo pra o alto, ele nunca tinha sido uma pessoa orgulhosa de qualquer maneira. Correu em direção a Wade e o abraçou, a sua cintura precisamente, pela diferença de altura.

A primeira coisa que constatou quando fez isso, é que Wade era cheiroso, bem cheiroso. Ele não tinha a mínima ideia que tipo de colônia era aquela, mas se tornou uma das suas preferidas desde a primeira vez que sentiu o perfume.

A segunda coisa foi que achou que Wade nunca o abraçaria de volta, pela demora em fazê-lo, provavelmente pelo choque. Foi quando ele o abraçou de volta, meio desajeitado, mas ainda assim um abraço, e um abraço forte. E aquele com certeza iria virar um dos momentos preferidos dele.

A terceira coisa que notou, foi que seu coração estava muito acelerado, e não era pela corrida para estar naquele abraço. E foi quando notou a quarta coisa, já que estava com o ouvido colado no peito do Wade, ele conseguiu saber que não era o único nervoso.

Depois de algum tempo, Peter ficou envergonhado pela situação que se encontrava e largou o homem a sua frente. Notou que em algum momento que ele não havia notado, Wade havia levantado o capuz de novo. O mais velho não sabia o que fazer, então apenas apontou pra o banco em sua frente, sinalizando que o mais novo deveria sentar-se ali.

— Ahn, oi.

—Oi, Petey. –Wade finalmente me lançou um sorriso desde que chegara ali, mesmo que fosse um zombeteiro.

Peter sorriu balançando a cabeça, antes de fitar o chão.

— Pelos Deuses... — Quando Peter se virou para Wade, este estava cruzando as pernas e balançando a cabeça de um lado pra o outro.

— O que foi?

— Você não deveria ser tão fofo assim, me complica muito as coisas.

Wade colocou sua mão sobre a de Peter, que estava em cima da mesa, e fez o menino aranha constatar que o mais velho estava tão nervoso quanto ele, pela frieza em sua mão. Quando Peter se preparava para retrucar, ouviu um barulhão de coisas sendo arrastadas, como se alguém estivesse esbarrado em algo.

— Eu ouvi a voz do demôniozinho? — A voz de uma senhora chamou a atenção de todos no local.

— Althea, eu já te disse que é péssimo ficar circulando por aqui, principalmente de noite. —Wade soava bravo.

— Até parece que eu ia deixar o pirralho mandar em mim. — Ela caminhava em direção à mesa de Wade — E pelo que vejo, está acompanhado, diga-me, você é um dos amigos estranhos do Wade?

— Quão estranho? —Peter indagou

— Que voz graciosa, definitivamente um não estranho. Me pergunto se é o rapaz que anda tirando, ou dando, sanidade a Wade. Seria você cego? — Peter travou enquanto Al ria, sendo seguida por Wade.

Peter olhou assustado pra o mais velho, que sorriu o acalmando.

—Está tudo bem, Peter. É uma brincadeira, é porque da última vez que estive aqui, ela me disse que o amor é cego.

— E ele me disse que eu é que era cega. — A senhora cortou.

— Vocês são estranhos... — Peter comentou, rindo envergonhado.

— Um pouco. – Responderam em uníssono.

— Agora se não se importam, eu vou continuar a trabalhar, porque se depender de um certo fujão na hora de pagar a conta, eu não teria nem água encanada.

O mais novo encarou Wade o repreendendo, que gritou o nome da senhora, que apenas soltou um "O que? Eu estou apenas dizendo a verdade e salvando esse menino", enquanto saia. Wade riu outra vez e apertou levemente a mão de Peter, foi quando eles notaram que ainda estavam de mãos dadas, e Peter poderia jurar que viu vergonha passando levemente nos olhos de Wade.

Depois de algum tempo calados e trocando olhares, Peter quebrou o silêncio.

— Wade?

— Sim, Petey?

— Poderia ... Poderia abaixar o capuz? — Peter pediu com um certo receio.

Sentiu o corpo de Wade endurecer e ele puxar a mão sobre a sua, inconscientemente. Peter quase se martirizou pelo pedido feito, mas ele estava curioso e Wade precisava confiar nele, afinal, ele havia aceitado andar pela cidade de noite, apenas para encontrá-lo.

Foi quando Wade puxou o capuz para baixo e começou a encarar a mesa, com medo do julgamento nos olhos do garoto a sua frente.

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E por hoje foi isso, obrigada por lerem até aqui, e até quinta.

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