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(Respirem que essa atualização é grandinha e vai sair aos poucos, mas quando acabar, eu aviso)


Poderia ... Poderia abaixar o capuz? — Peter pediu com um certo receio.

Foi quando Wade puxou o capuz para baixo e começou a encarar a mesa, com medo do julgamento nos olhos do garoto a sua frente.

Peter lançava o olhar para todo o rosto do Wade. Ele não entendia porque Wade tinha tanta repulsa por si mesmo. Ele apenas parecia um homem que passou por coisas difíceis. Ele ainda não entendeu o que tinha acontecido com a pele de Wade. Ela parecia queimada, como se ele tivesse sofrido com um grande incêndio, mas ao mesmo tempo, não. Era diferente de qualquer pele queimada que ele tinha visto.

O mais novo se sentiu estranho consigo mesmo sabendo que não conseguiu ajudar Wade. Era péssimo que ele não poderia ter estado lá, mesmo nem não sabendo a data em que aconteceu. E- o pior de tudo era como marcas não visíveis, aquelas que foram feitas em seu psicológico. Wade era tão grande, mas parecia tão indefeso se expondo naquela hora, naquele café.

Foi quando os olhos de Peter cruzaram com os encantadores olhos castanhos de Wade.

— Minha nossa, desculpa Peter, eu sabia que você ia odiar, — O mais velho começou a puxar seu capuz pra cima enquanto tentava não encará-lo — claro que eu sabia, eu não devia ter vin- — Ei! — Peter o cortou, colocando a sua mão sobre a do Wade — Por favor, não se cobre de novo.

Peter teve um rápido vislumbre quando seus olhos se encontraram dos olhos marejados do mais velho, que logo fechou os olhos e deu uma respirada profunda, tentando acalmar a respiração e encontrar a calma dentro de si.

— Eu ... Eu só estava te admirando. — O jovem soltou, nervoso com o silêncio instalado.

— Me admirando? -O homem abriu um sorriso irônico, finalmente abrindo os olhos — Não seja bobo, Peter. Não é porque ficou sem jeito que precisa mentir. Ninguém seria capaz de admirar isso. — Gesticulou, apontando para o seu rosto.

— Nem todo mundo tem a mesma percepção do que é bonito. — Colocou sua mão sobre a do mais velho — Sabe, eu achava que já tinha visto alguns caras bonitos, mas, a verdadeira beleza é algo tão novo, tão particular, que eu acho que ainda não consigo reconhecer como beleza.

Wade piscou algumas vezes, atônito, antes de responder.

— Parafraseando Marcel Proust, hein? As escolas estão as melhores do que eu pensava.

Peter deu um sorriso sem graça.

— Nunca gostei tanto de filosofia como hoje, Proust previu esse momento.

Wade gargalhou e deu um pequeno aperto na mão de Peter, e foi naquele momento que Peter decidiu que faria tudo pra aquele sorriso permanecer naquele rosto.

— Daqui a pouco você vai citar Francis Bacon, com "Não há beleza perfeita que não contenha algo de estranho nas suas proporções.".

— E tá errado? Padrões são horríveis, nada surpreendentes. — Peter disse, revirando os olhos.

Wade uniu apropriadamente suas mãos e fez carinho com a mão livre.

— Você é um cara estranho, Peter Parker.

— Talvez um pouco, Wilson. — o garoto provocou.

Eles se encararam pelo que pareceram horas em seu mundinho, antes de Peter usar sua mão livre pra se aproximar do rosto de Wade. Esse que ficou um pouco assustado, mas não fugiu. Quando o mais velho sentiu o contato, não pôde evitar fechar os olhos. Depois de tanto tempo, tanto maldito tempo, era sentir estranho o contato de uma pele com a sua, principalmente um punho, que não estava ali pra socar seu rosto. Quando Peter acariciou seu rosto, ele quase enlouqueceu.

Talvez Peter realmente não o achasse tão feio assim. Tinha sido um inferno aquele tempo todo, com as vozes sussurrando em sua cabeça que ele não era, e nunca seria, suficiente para o garoto em sua frente, e Wade não poderia negar que elas tivessem razão. Bastava olhar pra Peter, ele era estonteante, lindo, e não apenas na aparência.

Mas quando Peter o tocou com ternura, foi como se as vozes entrassem em um consenso de deixá-lo aproveitando pelo menos aquele momento, em sua vida miserável, e, pelos deuses, elas mais do que ninguém sabiam o quanto ele necessária daquilo.

Alguns segundos depois, Wade sobre seu braço e desuniu seu rosto com a mão de Peter, apenas para entrelaçar seus dedos de maneira desordenada, e puxar a mão do mais novo até seus lábios, depositando beijos em seu dorso.

Aquilo pegou Peter de surpresa, mas ele definitivamente não iria reclamar. Era estranho como ele se sentia próximo daquele homem, de quem era a primeira vez que encontrava pessoalmente. Mas a vida de Peter sempre foi estranha, uma coisa a mais ou a menos não iria fazer diferença.

Depois de algum tempo, já estavam se encarando, enquanto esperavam seus pedidos. Peter havia pedido um morcha, enquanto Wade, um simples café preto. Eles não estavam falando absolutamente sobre nada, mas eles não podiam evitar soltar algumas risadinhas, e, a nova coisa preferida do Peter, o Wade ria até com os olhos, os cantos ficavam puxadinhos. Quando seus cafés chegaram, tiveram que separar as mãos.

— Você não deveria tomar café preto a essa hora, não vai dormir mais.

— E você acha que depois de hoje eu vou dormir? — Wade soltou e Peter não conseguiu não rir e revirar os olhos.

Quando o mais levantou prepara a cabeça, Wade o estava encarando com um sorriso divertido.

— Nada. — Ele já foi se defendendo

— O que foi, Wade?

— Ah, é só o seu ... — Wade apontou pra parte de cima dos lábios, onde Peter que tinha um bigode feito graças ao Morcha.

— Ah, pelos deuses! — Wade riu. — Minha nossa, como isso foi fofo.

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