O título morreu e eu sinto saudade dele

Eduardo e Mônica

Teu olhar me leva para a década de setenta, onde as cartas eram o principal meio de comunicação já que eu não teria dinheiro a ponto de ligar pra você sempre que sua pessoa me fizesse falta.

Tuas curvas me fazem lembrar das discotecas que nunca dancei, já que eu estava preparando as bebidas que você provou naquela cerimônia de casamento e acabou me contando que sempre gostou do romance em sua essência tradicional. Acabei atrasando alguns pedidos pois minha atenção estava apenas em você.

O brilho dos teus olhos parecem ao da lua daquele dia em que voltávamos bêbados daquele encontro, eu com o paletó no ombro e você com um vestido de estampa azul e branca. Você falava sobre os poemas de Clarisse Lispector e eu defendia o realismo do Bukowski, você lia Lucy Mountgomery e eu Chesterton. A teoria do atomismo que diz que os opostos se atraem surgiu porque algum cientista viu nosso amor antônimo e fortalecido pelo argumento.

Tua risada me fazia decorar as letras das músicas do cazuza, porque mesmo que seja daqui até a eternidade, acho que nossos destinos não foram traçados na maternidade. Teu calor e amor nos faziam ser Eduardo e Mônica, você de leão e eu com meus 16.

Tuas lágrimas me fazem voltar ao chão rochoso do lugar que não a levei, mas que sempre foi nosso. Fico vendo aquela estrela deitado em gramado, penso se daqui até lá em distância, eu consigo um amor rimado.

Teus lábios minha mente já decorou, em seu formato e momento, de uma vontade enorme que não estou isento, e cada dia vira tormento, ja que seu gosto se vai como cheiro ao vento.
E te peço que não deixes meu amor ao relento, mas tenha piedade, não quero favor ou piedade, só quero ser intensional em ser de verdade, aquilo que nós podemos ser daqui para mais tarde... Num cantinho eterno que me faz esperar pela idade.